Vladimir Putin deve ter tomado uma droga qualquer receitada por uma clínica de Davos e, de um momento para o outro, parece que aprendeu a falar a língua invertida dos globalistas.

Numa cimeira da Organização de Cooperação de Xangai, no Cazaquistão, O líder russo disse desejar uma cooperação mais estreita com os talibãs, já que estes são “aliados na luta contra o terrorismo”, depois da desastrosa retirada do Regime Biden ter deixado o Afeganistão inteiramente entregue a esta selvática tribo.

Putin tentou que as suas palavras, ainda assim, fizessem um pouco de sentido, afirmando:

“Temos de assumir que os talibãs controlam o poder no país. E, nesse sentido, os talibãs são, naturalmente, nossos aliados na luta contra o terrorismo, porque qualquer autoridade está interessada na estabilidade do Estado que governa”.

Mas é claro que está equivocado – este tipo de seitas criminosas prosperam com o caos – e mesmo considerando a velha máxima “inimigos dos teus inimigos, teus amigos são”, a velha raposa do Kremlin teve aqui um dos momentos mais infelizes da sua retórica, que geralmente até é livre deste género orwelliano de afirmações abomináveis e, muito simplesmente, falaciosas.

Os Taliban são até uma organização proscrita na Rússia, e Moscovo não a reconhece oficialmente como constituinte do governo do Afegão, embora os ensandecidos islamistas controlem actualmente a maior parte do país. Os sovietes, convém lembrar, soçobraram perante a guerrilha tribal afegã, assistida pelos EUA, nos anos 80 do século passado.

A Rússia foi alvo de diversos ataques terroristas perpetrados por diferentes facções do fanatismo islâmico: Tchetchenos, tajiques e levantinos mataram centenas, se não milhares, de civis, em território russo, nos últimos 30 anos. Em Março deste ano, os russos descobriram da pior maneira possível que também existe um califado ucraniano, quando 4 terroristas mataram 137 pessoas e feriram 182 em Krasnogorsk, nos arredores de Moscovo.

Por isso mesmo, Putin devia ter um bocadinho mais de pudor, quando, mesmo que por razões de geo-política, equaciona proferir este género de barbaridades.

Nem que seja para que o seu discurso fique longe da retórica de personagens sinistras como Trudeau, Biden, Macron e von der Leyen, capazes de inverter a semântica de qualquer vocábulo enquanto defendem a tirania em nome da democracia, a guerra em nome da paz, a miséria em nome da prosperidade, a distopia em nome da utopia e assim sucessivamente até à falência da linguagem.

E da civilização.