Três desastres de Boeing em dois dias: No Senegal, passageiros aterrorizados escaparam de um 737-300 em chamas; na Turquia, um pneu explodiu durante a aterragem de um 737-800; e, 24 horas depois, o trem de aterragem de um 767 cedeu, fazendo com que a aeronave embatesse na pista, quando aterrava em Istambul.

Um total de 190 pessoas foram evacuadas do avião depois do Boeing 737-800, pertencente à companhia aérea turca Corendon Airlines, ter parado na pista após a aterragem no aeroporto de Gazipasa, perto da cidade costeira mediterrânica de Alanya.

Imagens do local mostram o avião parado na pista, ladeado por veículos de emergência, com as rodas dianteiras e o trem de aterragem danificados por baixo. A Corendon Airlines negou as informações turcas de que o avião tinha aterrado de nariz.

 

 

Embora nenhum dos 184 passageiros e dos seis membros da tripulação do voo originário de Colónia, na Alemanha, tenha ficado ferido, a aterragem dramática foi apenas a última de uma série de incidentes de arrepiar os cabelos envolvendo aviões Boeing nos últimos dois dias.

Na quarta-feira, um avião de carga Boeing 767 operado pela FedEx fez uma aterragem de emergência no aeroporto de Istambul depois de o trem de aterragem dianteiro ter falhado. Um vídeo dramático mostrou o nariz do avião a derrapar na pista enquanto se imobilizava.

 

 

Ontem de manhã, surgiram imagens chocantes que mostram o momento em que passageiros aterrorizados fugiram de um Boeing 737-300 em chamas que transportava 78 passageiros e que derrapou na pista e se incendiou durante a descolagem, no Senegal.

 

 

Não há ainda dados concretos de que a Boeing seja culpada pelos acidentes, apesar da falha do trem de aterragem em Istambul estar já a alimentar especulações sobre a qualidade de construção das aeronaves americanas.

Mas os incidentes só vêm agravar os problemas da empresa, que já está a enfrentar um intenso escrutínio no meio de uma série de problemas e controvérsias sobre questões de segurança – bem como a morte de dois informadores com apenas dois meses de intervalo.

Como o ContraCultura tem vindo a documentar, A auditoria da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) à produção do Boeing 737 Max produziu resultados assustadores: em certos casos, mais de metade dos protocolos de qualidade industrial foram desrespeitados, e operários foram vistos a testar vedante de portas com cartões de quartos de hotel.

O informador que revelou graves problemas de qualidade de construção na companhia americana apareceu morto em Março deste ano. As autoridades classificaram o óbito como suicídio, mas John Barnett tinha dito a uma amiga, poucos dias antes da sua morte: “Se me acontecer alguma coisa, não é suicídio”.

Entretanto, um segundo denunciante da Boeing morreu inesperadamente. Joshua Dean, um inspector de qualidade do fornecedor da Boeing Spirit AeroSystems, morreu na semana passada, depois de uma infeção o ter deixado subitamente em estado crítico, segundo a sua família.

A FAA está também a examinar as alegações de um terceiro denunciante de que a Boeing não teve em conta problemas de segurança e qualidade no fabrico dos seus jactos 787 e 777. O informador é o engenheiro Sam Salehpour, que alegou ter sofrido retaliações – sob a forma de ameaças e exclusão de reuniões – por ter detectado problemas de engenharia que afectavam a integridade estrutural dos jactos.

Aquela que outrora foi essencialmente uma companhia liderada por engenheiros conhecidos pela inovação e pela perícia, funciona agora segundo os interesses de Wall Street. O resultado tem sido catastrófico.