Uma exposição que celebra a “diversidade” em Londres afirma, de forma risível, que os primeiros britânicos eram negros e que “a Grã-Bretanha foi negra durante 7.000 anos antes da chegada dos brancos”.

Sim, a sério.

A exposição “Brilliant Black British History”, realizada no Black Cultural Archives, em Brixton, no sul de Londres, recebeu financiamento dos contribuintes para poder proferir estes disparates manifestamente falsos.

O primeiro painel da exposição afirma:

“Ao testar o ADN, os cientistas fizeram uma descoberta espantosa – os primeiros imigrantes da Grã-Bretanha, há cerca de 12.000 anos, tinham pele negra. Sim, é isso mesmo, os primeiros britânicos eram negros!”

Verificação de factos: é mentira.

 

 

Tudo isto se baseia no infame embuste do ‘Homem de Cheddar’, quando os resultados de um estudo genético sobre o mais antigo conjunto de restos humanos encontrado na Grã-Bretanha foi manipulado por maus actores, que afirmaram inicialmente ser possível a pigmentação de pele “escura a negra” nestes registos fossilizados. Vários investigadores colocaram em causa essa especulação e um estudo separado de 2017, da geneticista Sarah Tishkoff, descobriu que prever a pigmentação provável com base em genes “de brinde” era um manobra de imprecisão pseudocientífica.

O ContraCultura já documentou outros episódios deste género, ocorridos no Reino Unido, que foram entretanto e rapidamente desmistificados, entre os quais uma outra famosa aldrabice que a exposição também apresenta como evidência da sua estrambólica versão da história das ilhas britânicas: que o imperador romano Septimius Severus era “um governante romano negro”. Embora tenha nascido na colónia romana de Leptis Magna, situada no Norte de África, a sua mãe era romana e o seu pai cartaginês. Os cartagineses eram colonos fenícios, uma região que corresponde aproximadamente ao actual Líbano, que na altura era completamente helenizada. Por conseguinte, não era certamente negro, e chamar-lhe “africano” já é um pouco exagerado. Como seria disparatado descrever J. R. R. Tolkien como um “escritor negro africano” porque nasceu na África do Sul. O simples facto de alguém ter nascido numa possessão colonial não lhe altera o tom da pele nem a cultura ou a língua em que foi educado.

A mostra afirma que 11% dos romanos de York eram “negros”, possivelmente com base num estudo de 2009, que sugeria que 11% de um conjunto de restos mortais humanos poderiam ter sido migrantes “principalmente originários do norte de África (Egipto moderno, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia)”. Este é um outro truque de prestidigitação histórica. Os mouros aurelianos não eram africanos negros, mas sim berberes da província romana da Mauretânia, no Norte de África. Esta província situava-se na região magrebina onde actualmente se localiza Marrocos e os berberes tinham mais ou menos a mesma tez que os romanos. No entanto, ao serem referidos como “africanos”, é possível dar a impressão de que os negros viviam perto da Muralha de Adriano há 2000 anos atrás.

A exposição foi criticada pelo professor David Abulafia, historiador de Cambridge.

“A presença de um número muito pequeno de africanos neste país, ao longo de dois milénios até ao século XIX, é exagerada e desproporcional. E a maior parte destes ‘africanos’ eram do norte do continente e brancos ou castanhos claros”.

O carácter delirante desta exposição dever-se-á talvez à insustentabilidade das suas bases científicas, já que se baseia no livro infantil da Bloomsbury Brilliant Black British History, de Atinuke, poeta e autor nascido na Nigéria. Como o Contra também já documentou, o livro afirma que os negros construíram Stonehenge, apesar de não existirem quaisquer provas que sustentem a afirmação surrealista.

 

 

Mas tudo isto nem é de estranhar, quando até a BBC  produz programas de televisão para crianças que defendem a inventiva ficção de que uma série de figuras históricas britânicas eram da África subsariana, enquanto choram pela morte de multidões de negros no terramoto de 1348-50, na Londres pré-isabelina. Acresce que as crianças das escolas do Reino Unido estão a ser ensinadas que Santo Adriano de Cantuária (637-710 d.C.), um abade que desempenhou um papel fundamental no início da história da Igreja inglesa, era negro pelo facto de ter nascido em África, apesar de não haver qualquer registo que apoie a teoria maluca.

Só para que se perceba a dimensão da dissonância cognitiva: Santo Agostinho (354-430) nasceu no actual território da Argélia. Mas não faltava mais nada que, por causa desse facto, lhe mudássemos o pantone. Todo o norte de África da antiguidade à baixa idade média, enquanto colonizado por gregos, fenícios, romanos e bizantinos, foi berço de influentes personagens históricas de pele clara. Aníbal, o célebre guerreiro cartaginês, que nasceu na actual Tunísia, é em todos os relatos retratado como de tez clara. Porque era fenício. Os fenícios são provenientes da Líbia. Alguém pode afirmar que Bashar al-Assad, o actual presidente da Líbia, é negro?

Noutro caso semelhante, a BBC teve de retirar uma placa que tinha instalado para celebrar o “primeiro britânico negro”, depois de provas científicas terem revelado que a pessoa não era africana, mas sim oriunda do Chipre. E, que se saiba, os cipriotas são brancos.

 

 

Mais uma vez, os activistas raciais aproveitam qualquer indício de que uma figura histórica não tinha pele branca como porcelana ou que nasceu no norte de África para fazer propaganda da diversidade e atacar a herança dos britânicos brancos nativos. Se calhar porque para baixo do Sahara não encontram assim ninguém que seja historicamente relevante, com excepção de Shaka Zulu e Nelson Mandela.