Qualquer pessoa que não careça de tratamento psiquiátrico já tinha percebido que a actual vice-presidente dos EUA é destituída de qualidades, mas são agora os próprios membros do seu staff que desaconselham a sua promoção ao mais alto cargo da federação.

Um antigo quadro da equipa da campanha de Kamala Harris para 2020 tem palavras duras para a perspetiva de uma presidência de Harris:

“Esta mulher não deveria ser presidente dos Estados Unidos”.

A avaliação contundente é relatada no livro “The Truce: Progressives, Centrists and the Future of the Democratic Party”, de Hunter Walker e Luppe B Luppen.

Esta não é a primeira vez que Harris, que tem sido atormentada por acusações de mesquinhez tóxica, fragilidade intelectual e inaptidão para o cargo, é criticada por antigos colaboradores.

“Game of Thrones”, foram as três palavras utilizadas por outro funcionário do gabinete da vice-presidente para descrever o estilo de gestão de Kamala Harris, de acordo com o livro que acaba de ser publicado. O trabalho de Walker e Luppen detalha, em parte, as divisões internas criadas pelos adeptos mais leais de Harris e pelos seus detractores – incluindo a primeira-dama Jill Biden, que terá pressionado o marido a não escolher Harris como vice-presidente.

Antigos colaboradores de Kamala sublinharam a sua incapacidade para ir além da narrativa pessoal e discutir políticas em pormenor. A história de Harris, que cresceu como filha de imigrantes indianos e jamaicanos, é adequada ao eleitorado woke democrata, mas, como disse um dos seus colaboradores:

“É preciso apoiar a sua história com acções.”

A evidente falta de orientação e os seus discursos públicos desconexos ou redundantes fizeram de Harris uma figura de escárnio entre alguns democratas e muitos republicanos. No entanto, a vice-presidente forjou uma ténue aliança política com o secretário dos Transportes, Pete Buttigieg (outra nulidade do regime Biden, que ficou célebre por afirmar que as estradas são racistas), levando alguns a acreditar que estão a pensar numa candidatura Harris-Buttigieg para 2028. Boa demais para ser verdadeira.

Seja agora, em 2024 – caso Joe Biden, com 81 anos, seja forçado a desistir da campanha eleitoral devido ao seu estado mental e físico altamente debilitado – ou mais tarde, em 2028, Harris parece determinada a concorrer à presidência da federação mais disfuncional da história universal das grandes potências. E, apesar de ser profundamente impopular entre os eleitores, pode haver pouco que os democratas possam fazer para impedir a sua candidatura.

Afinal, se o Partido Democrata apostou tudo – e continua aparentemente a apostar tudo – num sinistro e demente Joe Biden, também pode acabar por encontrar em Kamala Harris uma espécie de messias ao contrário. Tudo é possível nos Estados Unidos de Alice.

A não ser, claro, que os Obama decidam dar corda às saudades que têm de viver na Casa Branca, já em 2024. E esse é que será o pior cenário de todos. Porque a deprimente verdade é que Michelle tem grandes probabilidades de ser bem sucedida. Mesmo a correr contra Trump. E nem que fosse contra Jesus Cristo.