Dezenas de milhar de agricultores alemães estão em protesto contra as novas e controversas políticas verdes do regime Scholz, que vão aumentar a carga fiscal e reduzir os subsídios atribuídos ao gasóleo.

Os manifestantes afirmam – com toda a razão – que a agricultura alemã e europeia está a ser subordinada a uma agenda ambientalista por uma elite política alienada dos interesses das populações em geral e das comunidades rurais em particular. Os agricultores chegaram à famosa Porta de Brandenburgo, em Berlim, no domingo à noite, para dar início ao que será uma semana de protestos massivos.

 


Em todo o país, os agricultores colocaram estrategicamente tractores nas auto-estradas e no centro das cidades para protestar contra os planos da coligação no poder e a redução de vários subsídios essenciais ao gasóleo e ao equipamento agrícola. A agitação começou a fazer-se sentir pouco antes do Natal. Os agricultores tencionam intensificar os bloqueios a partir de 15 de Janeiro, caso o Governo não satisfaça as suas exigências. Isto embora, neste momento, a dimensão do movimento e a sua presença nas ruas das cidades e em alguns dos eixos rodoviários mais importantes da Alemanha já seja impressionante.

Segundo os agricultores, este poderá ser o maior acto de desobediência civil na história do país, desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

 

 

O presidente da Associação dos Agricultores Alemães, Joachim Rukwied, afirmou:

“A política agrícola está a ser feita a partir de uma bolha urbana alienada e contra as famílias de agricultores e as zonas rurais”.

Rukwied apelou ao Governo para que abandone todos os planos de supressão dos subsídios, afirmando que, caso contrário,

“o fornecimento de géneros alimentícios de alta qualidade fica comprometido”.

Na semana passada, o governo de coligação social-democrata de Berlim atenuou algumas das medidas controversas que levaram os agricultores a entrar em acção. A medida foi tomada numa altura em que as autoridades se esforçavam por preencher um buraco fiscal de 60 mil milhões de euros deixado por uma decisão judicial que declarou constitucionalmente inválidos os planos anteriores para converter as despesas com a COVID em fundos de transição ecológica.

 

 

As autoridades alemãs podiam simplesmente deixar de gastar inumeráveis quantidades de dinheiro a apoiar o regime Zelensky numa guerra que a Ucrânia não tem qualquer hipótese de ganhar, mas isso escapa à agenda WEF do governo globalista alemão.

Um dos principais alvos da fúria dos agricultores é o ministro dos Verdes, Robert Habeck, que na semana passada foi encurralado publicamente pelos agricultores quando tentava sair de um ferry no porto de Schlüttsiel, no norte do país.

 

 

Os protestos atraíram a solidariedade de agricultores dos Países Baixos e da Polónia, enquanto o magnata da tecnologia Elon Musk tweetou o seu apoio às manifestações alemãs no X. Há também a possibilidade de greves por parte dos trabalhadores dos transportes alemães, que têm levantado a hipótese de paralisações solidárias, na medida em que o país se debate com uma série de crises económicas e sociais, que transcendem o âmbito agrícola.

O movimento está a atrair o apoio e uma forte presença no terreno do partido populista AfD, pelo que os agricultores foram imediatamente acusados de serem de “extrema-direita” pela imprensa corporativa e pelos poderes instituídos, porque, como sabemos, toda a deriva à narrativa oligárquica é hoje de extrema-direita. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chegou mesmo a insinuar que as manifestações eram uma ameaça à democracia, em comentários feitos num retiro da CSU na Baviera.

As manifestações alemãs são apenas o mais recente ponto de inflamação numa longa batalha entre os decisores políticos verdes e os produtores de alimentos. A maioria dos especialistas espera que o descontentamento agrícola seja um dos principais temas das eleições europeias do próximo ano. Há que recordar que um movimento semelhante nos Países Baixos culminou com a vitória do populista Geert Wilders nas eleições de Novembro último.

 

 

Richard Schenk, investigador do MCC Bruxelas, alertou, num relatório recente, para o facto de o fardo imposto pela UE aos agricultores europeus se estar a tornar “insuportável”, uma vez que legislação como a recentemente aprovada Lei da Restauração da Natureza dá prioridade ao histerismo climático em detrimento da produção alimentar, numa altura em que os preços dos produtos alimentares já estão bastante inflaccionados.

Neste contexto, os agricultores alemães perderam a paciência. Que, de qualquer forma e considerando o que tem acontecido no país nos últimos 20 anos, será lendária.

Mesmo assim, são capazes de ter acordado tarde demais.