Uma pilha de metal torcido e outros tipos de lixo foi galardoada com um dos mais famosos (ou infames) prémios de arte do mundo. O facto do “artista” ser transexual não teve, de certeza, nada a ver com a decisão, porque a qualidade do trabalho é por si só eloquente.
O The Telegraph reporta:
“O Prémio Turner nomeou o seu primeiro vencedor transgénero. Jesse Darling recebeu o prémio de 25.000 libras (30.000 euros) por um trabalho que incluía bocados de metal dobrados na forma de um mamute”.
Não sabemos ao certo onde é que o redactor do jornal britânico viu qualquer coisa minimamente parecida com um mamute, mas segundo os juízes do concurso, que não misturaram tabaco naquilo que estavam a fumar, o trabalho evoca
“a vulnerabilidade do corpo humano e a precariedade das estruturas de poder”.
O trabalho aparentemente “questiona as narrativas dominantes sobre o mundo” e representa “uma violência indescritível na privatização de literalmente tudo no Reino Unido”, de acordo com o seu genial criador.
Sobre aquilo que na óptica do Contra não passa de um monte de sucata, a gentil leitora, o estimado leitor, farão o favor de estabelecer a vossa própria opinião:
And the winner of #TurnerPrize2023 is… ✨JESSE DARLING!✨https://t.co/VGbK26VD1w
See all the nominees’ work on display @TownerGallery until April 2024. pic.twitter.com/ntJNfw8G73
— Tate (@Tate) December 5, 2023
As secções da obra incluem “tijolos dispostos no chão, posicionados ao lado de martelos, câmaras CCTV, coletes à prova de bala da polícia e arame farpado”.
Ou seja e outra vez e desculpem a redundância: trata-se literalmente de um monte de sucata.
Mas como o autor é transgénero, esta observação é homofóbica, de certeza.
É verdade que, ao contrário do que o seu nome indica (William Turner foi um pintor romântico inglês de monumental talento, que deixou à posteridade inúmeras obras primas), o Turner Prize, atribuído desde 1984 sob a égide da Tate Britain (ex-Tate Gallery), premeia quase exclusivamente subprodutos da chamada “arte conceptual”, geralmente vazios de valor artístico e substância estética, e é conhecido por isso mesmo. Mas este ano, os juízes exageraram e as reacções alérgicas surgiram como cogumelos, nas redes sociais.
This has won the Turner Prize.
Looks like a playground in East London tbf 🤔 🤷♀️😂😂 pic.twitter.com/eDCSrysEZt— Cheeseontoast 🧀🍞©️ (@Cheeseo76847269) December 5, 2023
As ever, it’s just pathetic goading/status signalling. #turnerprize pic.twitter.com/P1WsKrj5H4
— Gareth Roberts (@OldRoberts953) December 5, 2023
The Turner Prize winner….
The ‘Artist’ won £25k for this pile o shite.Artist…..you have got to be kidding me.
Someone is taking the piss pic.twitter.com/21qg0KwgwQ
— Perry (@Perry4649479921) December 5, 2023
At least now that a woman pretending to be a man has won the Turner Prize for a load of random stuff talentlessly scattered about a ‘space’, modern artists will no longer be seen as pretentious, out-of-touch morons with tiresomely predictable political opinions.
— Napoleon (@moanaparte) December 5, 2023
Este é o estado da arte contemporânea. Gatafunhos que valem milhões de dólares, propaganda racista que passa por pintura, instalações que o pessoal da limpeza das galerias confunde com lixo, tinta preta espalhada com o rabo numa tela em branco e montes de sucata distribuídos aleatoriamente por uma sala.
Admirável mundo novo.
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