Este artigo da BBC, que só podia ser produto da BBC, é por demais estapafúrdio:

 

 

A epidemia da “Morte Negra” a que se refere o artigo ocorreu entre 1348-50, pelo que a cidade de Londres devia ter mulheres negras residentes num número imenso, que se estende entre o zero e a improbabilidade de meia dúzia. A população total da cidade, durante todo o século XIV, nunca excedeu as 80.000 almas e a nação não era de todo a potência marítima que foi depois, pelo que a sua demografia era essencialmente constituída por indígenas e uns quantos diplomatas e comerciantes do continente europeu.

E mesmo que essa improvável meia dúzia estivesse lá a sofrer os horrores da peste não há maneira de sabermos se morreram ou se sobreviveram, ou se morreram ou sobreviveram numa maior ou menor percentagem do que o resto da população, ao contrário do que afirma o artigo (a validade dos métodos de pesquisa anunciados no texto já foi comprovadamente desqualificada).

Se calhar seria mais propedêutico – e decente, já agora – que os arrivistas da BBC, uma estação de propaganda anti-britânica que os contribuintes britânicos são obrigados a sustentar, dedicassem a sua comiseração a toda a gente que morreu por causa da praga bubónica londrina e não apenas às imaginárias, ou proporcionalmente irrelevantes, mulheres negras, que serão mais desgraçadas que quaisquer outras espécies de seres humanos pelo simples facto de serem negras, o que é de um racismo recordista.

Neste contexto, nós portugueses temos que nos preparar para que, mais cedo do que tarde, a RTP produza uma reportagem sobre os paquistaneses que morreram em Lisboa, no terramoto de 1755, vítimas de xenofobia sísmica e do racismo dos alfacinhas oitocentistas.

Tudo isto é de tal forma idiota que às vezes até convém equacionar se vale a pena escrever sobre a idiotia. Mas como até a sempre lúcida equipa do Lotus Eaters acha que sim, que vale a pena dar na cabeça dos “jornalistas” da BBC, a propósito deste magnífico exemplo de estupidez humana, o Contra terá que fazer parte do coro de apupos.

 

 

E de facto: os “jornalistas” que temos hoje no Ocidente, por muito que sejam odiados, não são odiados tanto quanto merecem.