Um ministro israelita afirmou na semana passada que a utilização de uma arma nuclear contra Gaza é “uma opção” na guerra que Telavive está a travar contra o sitiado enclave palestiniano.
Amichai Eliyahu, do partido ultra sionista Otzma Yehudit (Poder Judaico), liderado pelo ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, é ministro do Património do governo israelita desde 2022.
Numa altura em que o número de mortos devido aos bombardeamentos israelitas em Gaza se aproxima dos 12.000, incluindo 3.900 crianças, Eliyahu disse à Rádio Kol Berama:
“Não há não-combatentes em Gaza”.
Questionado sobre a possibilidade de lançar um ataque nuclear contra o território palestiniano, o ministro respondeu:
“É uma opção”.
Eliyahu também comparou os palestinianos aos nazis e apoiou abertamente um castigo colectivo, dizendo à estação de rádio que
“Não teríamos fornecido ajuda humanitária aos nazis… Não existem pessoas inocentes em Gaza”.
O político afirmou ainda que Gaza não tem o direito de existir e que qualquer pessoa que empunhe uma bandeira palestiniana ou do Hamas
“não deveria continuar a viver à face da terra”.
No que pareceu ser um remoque satírico aos países das ilhas britânicas que se têm disponibilizado para recolher refugiados palestinianos, Amichai Eliyahu afirmou também que a população de Gaza sobrevivente ao actual conflito
“pode ir para a Irlanda ou para os desertos”.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que rejeitou os apelos para que Israel deixasse de bombardear Gaza, considerou os comentários do seu ministro sobre o ataque nuclear como “divorciados da realidade” e suspendeu-o das reuniões do gabinete. Mas o próprio primeiro-ministro, num discurso às Nações unidas em Setembro, ameaçou o Irão com retaliação nuclear.
Israel lançou milhares de bombas sobre a Faixa de Gaza, matando 11.000 pessoas em menos de um mês e arrasando grande parte do enclave, onde vivem mais de dois milhões de pessoas.
Até o aliado inabalável de Israel, os EUA, tem alegadamente pressionado Telavive a utilizar bombas menos poderosas para diminuir o número de mortes de civis em Gaza.
Embora seja extremamente improvável que Israel utilize armas nucleares em Gaza, dada a proximidade entre os dois territórios, um alto funcionário dos EUA disse ao The New York Times que, desde o início dos bombardeamentos, a 7 de Outubro, quase 90% das bombas israelitas lançadas sobre o enclave foram guiadas por satélite, com um peso entre 1.000 e 2.000 libras, que os EUA afirmam não serem adequadas para ataques em áreas urbanas densamente povoadas como Gaza.
Isto explica a terrível escala dos ataques de Israel e o número sem precedentes de mortes de civis palestinianos.
Como contra já noticiou, o regime Biden está dividido sobre o conflito em Gaza e 100 funcionários do governo federal assinaram um documento que não mede críticas à dualidade de critérios com que a Casa Branca está a avaliar os crimes de guerra cometidos pelas partes beligerantes.
Na semana passada, o ex-lider da Mossad e o ex-embaixador de Israel nas Nações Unidas declararam abertamente, num artigo publicado no Wall Street Journal, que a solução final para o problema da Faixa de Gaza é deportar todos os palestinianos sobreviventes para o Ocidente.
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