O governo grego advertiu que o actual conflito entre Israel e o Hamas só irá acelerar o ritmo da migração ilegal para a Europa, uma tendência que já é liderada pelos palestinianos.

O ministro grego das Migrações, Dimitris Keridis, queixou-se a uma emissora nacional de que a guerra em curso vai aumentar a pressão sobre todo o continente europeu e só será exacerbada se a situação interna em países como o Líbano, o Egipto e a Líbia se deteriorar ainda mais.

Antes de acrescentar que a migração ilegal não cessará, mesmo que Israel consiga anular o Hamas e os líderes da organização terrorista, devido à instabilidade da região, Keridis desabafou:

“Como se a multiplicidade de focos de tensão no Norte de África e na Síria já não estivesse a empurrar milhares de migrantes e refugiados para a Europa, agora isto”.

As autoridades gregas registaram uma duplicação da migração ilegal em 2023, em comparação com o número de 18.780 no ano passado. Os palestinianos são responsáveis por cerca de 22% das entradas ilegais no país, seguidos dos afegãos, somalis e sírios.

O ministro não tem dúvidas sobre a legitimidade de Israel para desancadear acções militares que contrariem o Hamas e capturem os responsáveis pelos recentes ataques. Mas também está certo de que tal iniciativa não aliviará a migração ilegal. O ministro afirmou que a opção militar deve ser associada a um acordo para resolver a crise palestiniana, porque na ausência de um quadro de resolução, as crises deste tipo continuarão a eclodir e a outrossim a migração em massa.

Esta semana, a Grécia juntou-se ao Chipre, a Itália, a Malta e a Espanha para exigir mais fundos à União Europeia, que façam face ao aumento da imigração ilegal. Os cinco países apelaram também a Bruxelas para que adopte sanções contra os Estados que não acolham os imigrantes ilegais.

Os líderes da UE, reunidos em Granada, Espanha, a 6 de outubro, dividiram-se ferozmente nos seus esforços para atingir uma posição comum.

Milhares de migrantes perdem a vida todos os anos na travessia mediterrânica. Em Julho, uma embarcação com 500 tripulantes naufragou a sudoeste da costa grega. Cerca de 400 morreram.