À esquerda, Rachel McKinnon, um homem que gosta de subir para cima de uma bicicleta para humilhar mulheres e ganhar títulos mundiais que nunca lhe seriam acessíveis se corresse contra atletas do mesmo sexo.

 

Já não era sem tempo: a entidade que rege o ciclismo decidiu que atletas do sexo masculino não podem competir contra mulheres.

A União Ciclista Internacional (UCI) proibiu os atletas transgénero de competirem como mulheres, alegando a vantagem injusta conferida pelos seus elevados níveis de testosterona. A proibição segue-se a medidas semelhantes no atletismo, na natação e no râguebi. Sim, porque entretanto já aconteceu que homens competissem contra mulheres em jogos de râguebi, por inacreditável que possa parecer.

A proibição foi decidida pela UCI no início deste mês e anunciada na sexta-feira passada. Com efeito imediato, os homens que passaram pela puberdade antes da transição para o sexo feminino serão proibidos de competir em provas femininas do calendário internacional da UCI.

Em vez disso, esses atletas competirão com outros homens na recém-renomeada classe “Men/Open”. O Contra não tem nada contra esta solução.

A decisão segue-se a uma polémica decisão de 2022 da UCI, que declarou que as homens biológicos transgénero podiam participar nas competições femininas, desde que tivessem sido submetidas a terapia hormonal durante dois anos e pudessem provar uma concentração de testosterona no plasma inferior a 2,5 nanomoles por litro. Nos homens adultos, é considerada normal uma concentração de 10 a 35 nmol/L e, nas mulheres adultas, de 0,5 a 2,4 nmol/L.

No entanto, a UCI afirmou que o actual “estado do conhecimento científico” não confirma que dois anos de terapia hormonal e um nível de testosterona de 2,5 nmol/L sejam suficientes para “eliminar completamente os benefícios da testosterona durante a puberdade nos homens”.

Além disso, a organização afirmou que os homens biológicos transgénero podem usufruir de “vantagens biomecânicas” devido à sua estrutura óssea. Ainda assim, foram precisos muitos anos de desvergonha para que as luminárias da União Ciclista chegassem a esta conclusão óbvia.

Em 2018 e 2019, Rachel McKinnon, um homem biológico que se identifica como mulher, foi campeão do mundo de pista, na competição feminina. Reparem bem no tamanho do animal, em comparação com as suas infelizes adversárias (que parecem todas contentes por serem humilhadas por um homem):

 

 

A UCI é uma das várias organizações desportivas internacionais que, nos últimos anos, proibiu os concorrentes transgénero de competirem com mulheres. A World Athletics, o organismo que rege o atletismo e outras competições de corrida, emitiu uma decisão semelhante no ano passado, excluindo as mulheres transexuais que passaram pela puberdade masculina, tal como fez a FINA, o organismo que rege a natação. O World Rugby, por sua vez, mantém uma proibição geral de mulheres transgénero nas competições de râguebi feminino.

O Comité Olímpico Internacional permite que cada organismo desportivo estabeleça as suas próprias regras para os atletas transexuais.