Tucker Carlson lançou o primeiro episódio do seu novo projecto no Twitter, o “Tucker On Twitter”, criticando os meios de comunicação ocidentais por papaguearem, como servos de Zelensky, a narrativa ucraniana, por mais surrealista que seja; por se recusarem a reportar os mais acutilantes assuntos da actualidade e pela hostilidade aberta que manifestam em relação a qualquer pessoa que expresse opiniões divergentes.

O primeiro segmento de 10 minutos do programa foi partilhado na plataforma de redes sociais na terça-feira à noite. O monólogo começou com uma crítica acesa sobre a forma como o ataque ucraniano a uma grande barragem na região russa de Kherson, esta semana, que Carlson apelidou de “acto de terrorismo”, foi transformado pela imprensa corporativa numa malfeitoria de Putin contra a Rússia e os russos por razões que escapam à lógica e ao bom senso. Que vantagem teria Putin em rebentar com uma barragem no seu próprio país, e em tempos de guerra, ainda por cima?

Mas para as agências noticiosas mainstream, tudo é possível, até porque Putin é um verdadeiro Hitler, um verdadeiro Estaline, anti-cristo sobre todos os demónios, Satanás de todas as desgraças.

“Explodir a barragem pode ser mau para a Ucrânia, mas prejudica mais a Rússia e, precisamente por essa razão, o governo ucraniano considerou a possibilidade de a destruir”

Carlson observou ainda que um general ucraniano admitiu ter planeado ataques às instalações da barragem de Kakhovka em comentários ao Washington Post feitos em Dezembro passado.

Carlson disse ter poucas dúvidas de que Kiev estivesse por trás do incidente, mas observou que vários meios de comunicação americanos estavam a sugerir que Moscovo poderia ter organizado o ataque, afirmando que consideram o presidente ucraniano Vladimir Zelensky simplesmente “demasiado decente para o terrorismo”. Numa tirada satírica que lhe é característica, o ex-anfitrião do programa noticioso mais visto de sempre na história da televisão por cabo afirmou:

“O nosso amigo ucraniano de fato de treino e olhos esbugalhados é incapaz de fazer explodir uma barragem. É literalmente um santo vivo, um homem em quem não há pecado”.

O analista fez as naturais comparações com o ataque do ano passado aos gasodutos Nord Stream, construídos para transportar gás natural da Rússia para a Alemanha. Embora Carlson tenha argumentado que era “óbvio” que a Ucrânia tinha sido responsável pela sabotagem (sabemos hoje que com o apoio operacional dos EUA), os meios de comunicação social no Ocidente adulteraram a realidade dos factos e qualquer vestígio de análise racional, sugerindo contra todas as evidências que o Kremlin estava por trás do acto e contribuindo activamente para fazer dos americanos”as pessoas menos informadas do mundo”.

“Os meios de comunicação social não só não estão interessados na verdade dos factos, como são activamente hostis a qualquer pessoa que esteja. No jornalismo, a curiosidade é o crime mais grave. E apesar de mentirem muito, na maior parte das vezes limitam-se a ignorar as histórias que realmente interessam”.

Carlson refere vários assuntos que o “jornalismo” americano tem ignorado e que seriam, se existisse algo parecido com uma imprensa livre e inquisitiva, prioritários: o que aconteceu aos milhares de milhões de dólares enviados para a Ucrânia? Quem organizou os motins do Black Lives Matter que incendiaram a destruíram boa parte do tecido urbano da América no Verão de 2020? O que é que aconteceu exactamente a 11 de setembro de 2011? Como é que Jefrey Epstein fez a sua fortuna e construiu a sua imensa influência? Como é que ele morreu? E quem é que afinal é responsável pelo assassinato de John Fitzgerald Kennedy? Ninguém na imprensa mainstream está interessado em saber. Pelo contrário, as redacções tentam por todos os meios ao seu alcance dificultar o trabalho de quem quer saber a verdade sobre as grandes questões que assolam a América.

Abordando a notícia já documentada pelo Contra, de que um informador ligado aos serviços de inteligência declarou que o governo americano está em posse de naves intactas e parcialmente intactas de origem não humana, e que o Pentágono passou décadas a estudar estes artefactos extraterrestres de forma a construir sistemas de armamento mais avançados, Carlson interroga-se como é que este assunto não é, na imprensa americana, tratado com o relevo que merece. Afinal, parece mesmo que não estamos sozinhos no universo. Que somos visitados por seres inteligentes e analisados por civilizações avançadas. Que o governo e as forças armadas têm escondido estes factos do público. Não deveria ser esta a notícia do momento? A notícia do século? A história foi publicada num website que a maior parte dos americanos nem conhece: o Debrief. O New York Times tinha acesso à história mas decidiu ignorá-la.

Tucker argumenta em conclusão que um dos factores determinantes para a federação disfuncional e desvairada e dividida em que se transformou o seu país é precisamente o do deficit informacional em que está mergulhada a sua população, comparando a desinformação em que vivem actualmente os americanos àquela que era característica dos russos sob o regime soviético. O secretismo, a censura, o transformismo da realidade está acabar com a democracia na América.

Nem mais.

 

 

 

Carlson saiu da Fox News em Abril, facto que se traduziu numa enorme quebra de audiências para a estação dos Murdock, dada a importância do seu programa de horário nobre, “Tucker Carlson Tonight”. Mais tarde, anunciou que iria transferir para o Twitter segmentos autónomos semelhantes ao seu antigo programa. No seu monólogo do episódio de terça-feira, o apresentador manifestou a esperança de que o Twitter seja um espaço livre de censura, mas prometeu abandonar a plataforma se isso vier a acontecer.

Eis um regresso que deve ser saudado com efusão. A voz de Tucker faz falta ao debate público. E de que maneira.