Os festivais públicos e as tradições culturais da Alemanha estão a enfrentar dificuldades críticas, à medida que as crescentes ameaças terroristas e correspondentes medidas de segurança mais rigorosas levam a cancelamentos generalizados.
Os organizadores dos eventos dizem que não podem suportar ou gerir os protocolos de segurança cada vez mais complexos impostos pelas autoridades na sequência de recentes ataques, incluindo o do mercado de Natal em Magdeburgo.
Por todo o país, os eventos populares estão a ser cancelados devido a preocupações com a segurança e a custos cada vez mais elevados. Na cidade de Lage, a feira anual da Primavera foi cancelada esta semana porque os organizadores precisariam de 30 camiões para cumprir as normas de segurança. A festa das cerejeiras em flor de Marburgo, em Abril, também foi cancelada devido a uma “ameaça terrorista” abstracta. Em Berlim, a popular Bölschefest de Maio foi cancelada por motivos securitários.
“Não facilitámos as coisas para nós”, disse o organizador Hans-Dieter Laubinger. “Lutámos com a decisão durante muito tempo. Estamos a cancelar o festival”.
A crise provocou o receio de que a Alemanha possa perder uma parte vital do seu património cultural. Klaus-Ludwig Fess, director dos carnavais alemães, avisou que os costumes tradicionais estão em risco, enquanto Frank Hakelberg, director executivo da Associação Alemã de Expositores e Comerciantes, sublinhou que garantir a segurança deve ser da responsabilidade do Estado e não dos organizadores de eventos individuais.
“Temos cerca de 9.700 festivais folclóricos. Cada um deles é importante e único para a sua cidade, aldeia ou região. É inaceitável que sejam os próprios organizadores a tratar da segurança”, afirmou Hakelberg.
“Os festivais folclóricos são a base da vida dos artistas. Cada cancelamento é amargo. Cada vez mais cancelamentos representam uma ameaça existencial”, acrescentou.
Berlim vai tornar-se o primeiro estado federal a introduzir uma lei de segurança específica para grandes eventos, incluindo concertos, marchas e maratonas. A legislação, que deverá ser aprovada antes do final da legislatura, irá impor requisitos de segurança obrigatórios aos organizadores, o que poderá ter um efeito adverso na viabilidade da realização de tais eventos.
Não será essa precisamente a intenção?
Entretanto, os cancelamentos continuam. As tradicionais feiras da ladra e os festivais folclóricos foram cancelados em cidades como Rheinfeld, em Baden, e Schongau, na Baviera.
Várias cidades também cancelaram as celebrações da Noite de Walpurgis, uma tradição antiga ligada à queima de bruxas.
Apesar das preocupações, os constrangimentos financeiros não devem ser um obstáculo, segundo o jornal alemão Bild, que salienta que a Alemanha contraiu recentemente uma dívida de biliões de euros para reforçar a defesa. Há quem defenda que uma parte desses fundos deveria ser afectada à segurança dos eventos culturais, garantindo que estes podem continuar sem pôr em causa a segurança pública.
Nos últimos anos, os carnavais e outras manifestações públicas têm-se tornado alvos preferenciais de ataques terroristas.
Em Agosto do ano passado, durante um festival da diversidade em Solingen, um islamista sírio de 26 anos, Issa al Hassan, esfaqueou três pessoas até à morte, duas das quais estavam envolvidas em actividades pró-refugiados. Outras oito pessoas ficaram feridas. O ataque foi posteriormente celebrado pela Voz de Khorasan, uma revista extremista afiliada à Província de Khorasan do Estado Islâmico (ISPK), um ramo do EI que opera no Afeganistão e no Paquistão.
Mais recentemente, em Dezembro de 2024, um cidadão saudita lançou o seu veículo contra uma multidão no mercado de Natal de Magdeburgo, matando seis pessoas e ferindo pelo menos 299 outras. Apenas duas semanas antes, um iraquiano foi detido por alegadamente planear um ataque a um mercado de Natal em Augsburgo, na Baviera.
A diversidade é, de facto, uma força. De destruição.
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