“Não precisamos de mudar um país por causa de um torneio de futebol.”
Mohammed bin Abdulrahman Al Thani
Se é possível considerar, no desesperado panorama moral e mediático contemporâneo, a hipótese de um herói, esse herói, bem entendido, terá que ser Tucker Carlson.
O homem está a travar uma batalha espiritual. É um operário da verdade e da paz e da dissidência e uma prova provada disso é esta conversa de longa duração e comprimido vermelho com o primeiro-ministro do Catar, cuja afirmação, sardónica mas altamente assertiva, que é citada em cima resulta do campeonato do mundo de futebol ter ocorrido num país que recusou render-se aos primados neo-liberais do leninismo-globalismo triunfante no Ocidente.
Abdulrahman Al Thani faz aquilo que todo o líder político de uma nação com um mínimo de respeito por si própria deve fazer: defender os seus valores, as suas tradições, a sua religião, a sua cultura, que é o mesmo que dizer – os interesses dos seus cidadãos. E é uma espécie de príncipe perfeito no processo, se o quisermos ouvir e contextualizar.
Durante décadas fomos condicionados a ter o islão como o inimigo. Mas considerando os verdadeiros demónios do nosso mundo, o Islão é uma ameaça de telejornal apenas. Há terroristas islâmicos, como há terroristas sionistas, como há terroristas em Langley. Há terroristas de todas as cores mas uns são mais magenta do que outros. E o islão que aqui vemos representado pelo estadista de um pequeno mas próspero e influente estado do Médio Oriente é mais civilizado, é mais ponderado, é mais responsável que o niilismo de todos os macrons da esfera ocidental.
Às páginas tantas, e para nossa incomensurável vergonha, o primeiro-ministro revela que, para cair nas boas graças da Europa e dos Estados Unidos, o Catar teve que construir lares para a terceira idade. Acontece que os lares não têm utilidade no país, porque não passa pela cabeça dos seus cidadãos atirar com os seus pais e avós para o esquecimento destes perímetros de desumanidade. As famílias tomam conta dos seus membros mais velhos, por dever filial que consideram inalienável.
Ao longo de mais de uma hora de conversa, Abdulrahman Al Thani coloca, com razão e classe, uma tonelada de bom senso por cada oração do seu discurso. Chega a ser impressionante.
Chega a ser impressionante, por exemplo, que um oligarca muçulmano da península arábica esteja genuinamente pasmado por não ter a companhia de cristãos quando combate sob as mesmas premissas civilizacionais, as mesmas ideias fundamentais sobre o bem e o mal, as mesmas verdades transcendentais, até porque somos todos filhos de Abraão e, assim sendo, nascemos moralmente aptos.
Definição de podcast.
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