O New York Times está a confirmar a tese de que o Partido Democrata e os seus aliados nos media corporativos adoptaram uma política de tolerância e cumplicidade para com os cartéis de droga mexicanos – organizações criminosas violentas que controlam grandes áreas das instituições privadas e públicas do território do México. De acordo com o jornal onde a verdade é todos os dias submetida às piores torturas, a recente ordem executiva do Presidente Donald J. Trump que designa os cartéis como Organizações Terroristas Estrangeiras (FTOs) – o que os sujeita a potencial acção militar dos EUA e a severas sanções económicas – é uma ameaça mais significativa para a economia americana do que para os grupos criminosos que operam no México e nos EUA.

O NYT defende assim o seu esquizofrénico ponto de vista:

“A ordem executiva do presidente Trump que designa os cartéis mexicanos e outras organizações criminosas como terroristas estrangeiros pode forçar algumas empresas americanas a deixar de fazer negócios no México em vez de arriscarem sanções americanas, de acordo com antigos funcionários do governo e analistas – um resultado que pode ter um efeito importante em ambos os países, dada a sua profunda interdependência económica. Ainda mais complicado é o facto de estas redes criminosas terem alargado as suas operações muito para além do tráfico de droga e do contrabando de seres humanos. Estão agora inseridas numa vasta faixa da economia legal, desde o cultivo de abacate até à indústria turística de mil milhões de dólares do país, o que torna difícil ter a certeza absoluta de que as empresas americanas estão isoladas das actividades dos cartéis.”

A história é uma admissão clara, se bem que inadvertida, de que as elites políticas e económicas dos EUA se tornaram parceiros de negócio das criminosas organizações de tráfico de droga do México. Para Wall Street e Washington, D.C., o potencial de pequenas perturbações no comércio externo e na economia dos EUA supera de longe as vidas que se perdem pelo consumo de estupefacientes e em consequência da violência selvática dos cartéis. E a confissão de que as empresas americanas mantêm relações comerciais com empresas mexicanas que lavam o dinheiro da droga não deixa de ser surpreendente, principalmente como argumento contra o combate a estes grupos de crime organizado.

Embora seja verdade que os cartéis mexicanos têm laços extensos com indústrias-chave no México, parte da justificação para a decisão de os classificar como organizações terroristas é que esse estatuto abre um vasto leque de opções económicas e militares para desmantelar as organizações criminosas. Além disso, a cessação das relações comerciais entre as empresas americanas e as lavandarias dos cartéis no México é fundamental para acabar com o acesso dos bandos criminosos violentos a financiamento e recursos.

Os cartéis dependem fortemente de seus parceiros comerciais americanos para lavar os seus ganhos ilícitos e multiplicar suas receitas nos mercados dos EUA. As estimativas das receitas totais dos cartéis variam entre os 19 e os 500 biliões de dólares por ano, o que representa pouco menos de dois por cento do PIB anual total dos EUA, embora, considerando a natureza do dinheiro, não deixe de ser um número abominável.

Aparentemente, Trump pretende começar a aplicar tarifas de 25% sobre os produtos mexicanos e canadianos já em Fevereiro. A medida visa forçar os países vizinhos da federação a negociar os desequilíbrios comerciais e pressionar ambos os países a reprimir o movimento de imigrantes ilegais e drogas ilícitas para os EUA.

E aqui entre nós: que espécie de ser humano é capaz de redigir uma manchete destas?