O chanceler alemão Olaf Scholz perdeu um voto de confiança no parlamento do país, o Bundestag, abrindo caminho para a realização de eleições antecipadas em Fevereiro.

Na votação de segunda-feira, 16 de Dezembro, 394 deputados declararam não ter confiança no governo, enquanto 207 legisladores votaram a favor da permanência do gabinete no poder. 116 deputados abstiveram-se.

 

 

A votação foi uma formalidade, uma vez que se esperava que Scholz perdesse, já que o seu governo – constituído pelos sociais-democratas (SPD) e pelos Verdes e já sem o apoio dos liberais – não tem maioria no Parlamento.

A coligação governamental caiu em Novembro, depois do parceiro mais pequeno, o FDP liberal, se ter retirado do governo, e Scholz não teve outra alternativa senão pedir um voto de confiança.

No seu discurso antes da votação, Olaf Scholz aproveitou a oportunidade para se elogiar a si próprio e começar a fazer campanha em nome do SPD. Afirmou que a manutenção de um governo tripartido exigia força e determinação. Acusou também o FDP de não ter maturidade suficiente para se manter no governo e provocar a antecipação das eleições que estavam inicialmente previstas para Setembro próximo.

No entanto, os alemães parecem de uma maneira geral frustrados com o Governo que tiveram nos últimos três anos, que foi responsável pelo afluxo de centenas de milhares de imigrantes e pela estagnação económica, associada ao aumento dos impostos e dos preços da energia.

No entanto, o chanceler vangloriou-se de uma alegada redução da imigração ilegal e salientou que a economia alemã não pode ter sucesso sem mais trabalhadores estrangeiros. Se for reeleito, o chanceler afirmou que irá introduzir incentivos fiscais para as empresas, para que a Alemanha possa competir a nível mundial com os Estados Unidos e a China, defendendo também a “modernização” do travão da dívida, que limita o défice público a 0,35% do PIB e proíbe os dezasseis Estados alemães de registarem défices.

Scholz também insistiu no seu apoio à Ucrânia, afirmando, sem qualquer evidência, que a Alemanha estaria em perigo se a Rússia ganhasse a guerra. No entanto, prometeu que nunca serão enviados soldados alemães ou mísseis Taurus de fabrico alemão para a Ucrânia enquanto ocupar o cargo de chanceler.

O líder da oposição, Friedrich Merz da CDU (centro-direita globalista), classificou a sessão de segunda-feira como um dia de alívio para o país e disse que Olaf Scholz não foi, de facto, capaz de liderar a coligação com sucesso, como tinha afirmado. Merz atacou o governo cessante por ter seguido uma política económica prejudicial que fez subir os preços da energia. Merz também prometeu reduções de impostos no caso de o seu partido formar o próximo governo.

A co-líder e candidata a chanceler do partido de oposição populista AfD, Alice Weidel, também criticou duramente a política económica e de imigração do governo e apelou ao regresso dos refugiados sírios à sua pátria, após a queda do regime de Assad. Acusou ainda os principais partidos de fazerem da Alemanha um alvo potencial para um ataque nuclear da Rússia, por terem apoiado financeira e militarmente a Ucrânia.

Após a dissolução do parlamento, realizar-se-ão eleições antecipadas a 23 de Fevereiro – uma data que os partidos do governo e a aliança de centro-direita CDU/CSU já tinham acordado anteriormente.

De acordo com as últimas sondagens, a CDU/CSU está em condições de vencer as eleições, uma vez que conta com o apoio de 31% do eleitorado. O partido de direita AfD tem 20% das intenções de voto, os sociais-democratas 17%, os Verdes 11%, o nacionalista de esquerda Bündnis Sahra Wagenknecht 8% e o liberal FDP 5%.

 

 

O cenário mais provável após as eleições é que a CDU, o partido centro-direita, se esforce por formar uma coligação com os sociais-democratas – revivendo a chamada ‘grande coligação’ – e talvez com um terceiro partido mais pequeno. A CDU preferiria o FDP se este conseguisse ultrapassar o limiar dos 5%.

Ou seja: nas questões fundamentais que atormentam a Alemanha contemporânea, e por simpatia toda a Europa, nada vai mudar nos próximos anos.