De cada vez que Donald Trump anuncia uma nomeação para o seu executivo, a probabilidade inclina-se para que se confirme mais um monumental erro de casting (se é que de erros se tratam). E a última escolha é de tal forma abstrusa que deixa em relação ao futuro muito poucas dúvidas: a partir de 25 de Janeiro, os eleitores de Trump vão ter a desilusão das suas vidas.
Jared Isaacman, o nomeado para a direcção executiva da Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (NASA), tem uma historial preocupante: Foi um doador significativo para candidatos do Partido Democrata, bem como para SuperPACs e comités de campanha alinhados com os Democratas. Além disso, duas empresas fundadas por Isaacman promovem fortemente iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) e programas ambientais, sociais e de governação (ESG) explicitamente liberais, cumprindo uma agenda progressista radical.
O bilionário da tecnologia e da exploração espacial Elon Musk está provavelmente por trás da nomeação de Isaacman, já que este serviu como comandante da missão de voo espacial privado Inspiration4 da SpaceX, bem como de sua missão Polaris Dawn lançada em 2024. Ele foi o primeiro cidadão privado a realizar um passeio espacial EVA (fora do veículo em órbita da Terra).
E se, para Musk, a nomeação faz todo o sentido – fica com um amiguinho na direcção executiva da agência que é o seu principal cliente – esta nomeação não faz sentido nenhum para o cidadão comum que atribuiu a Donald Trump um mandato populista.
Generoso patrono dos democratas.
Desde 2010, Isaacman doou cerca de 300 mil dólares a candidatos e comités políticos – sendo que quase todo o dinheiro foi para entidades e legisladores do Partido Democrata. De acordo com dados da Comissão Eleitoral Federal (FEC), Isaacman – durante o ciclo eleitoral de 2024 – deu 3.300 dólares para a candidatura fracassada do Senado Jon Tester (D-MT). Contribuiu também com 6.600 dólares para a campanha da representante Elissa Slotkin (D-MI), que derrotou por pouco o ex-congressista Mike Rogers (R-MI) para a vaga aberta no Senado de Michigan.
Além disso, o empresário tecnológico investiu fortemente nos esforços do Partido Democrata na Pensilvânia – doando 10.000 dólares ao partido em Julho deste ano, contribuindo com 3.3000 dólares directamente para o Senador Bob Casey Jr. (D-PA) e entregando mais 15.400 dólares ao comité conjunto de angariação de fundos de Casey, que viria a perder a reeleição para o seu adversário republicano, Dave McCormick.
O nomeado para administrador da NASA também foi activo em nome dos democratas durante o ciclo eleitoral intercalar de 2022. Isaacman contribuiu com quase 60.000 dólares para o Comité de Campanha do Congresso Democrático (DCCC). Além disso, deu 100.000 dólares ao Senate Majority PAC controlado pelo senador Chuck Schumer (D-NY). O próprio Schumer também recebeu 5.800 dólares de Isaacman.
Outros Democratas que receberam contribuições incluem o Senador Mark Kelly (D-AZ), a Representante Susan Wild (D-PA), o Senador Mark Warner (D-VA), e a Senadora Jeanne Shaheen (D-NH).
Por outro lado, Entre 2010 e 2016, Isaacman gastou menos de 10.000 dólares em campanhas de candidatos republicanos.
Um campeão DEI.
Para além do seu apoio significativo a políticos democratas, Isaacman fundou as empresas Shift4 Payments (uma empresa de processamento de pagamentos) e Draken International (uma empresa aeroespacial e de defesa), que são grandes promotoras de iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) e de programas ambientais, sociais e de governação (ESG). A Shift4 Payments fornece aos investidores uma ficha informativa ESG que destaca a utilização netzero de água, as emissões líquidas zero de carbono e a utilização de energias renováveis.
Além disso, a ficha informativa do investidor da Shift4 Payments refere o compromisso da empresa com a DEI. Afirma que 35% da força de trabalho da empresa é composta por mulheres, enquanto 41% são negros, indígenas e pessoas de cor. A Shift4 Payments também mantém duas redes de força de trabalho DEI: ‘Women @ Shift4’ e ‘Pride @ Shift4’.
Entretanto, a Draken International promove de forma semelhante uma agenda DEI no local de trabalho. A empresa patrocinou o evento ‘Inclusão na Aviação’ de 2024, que teve lugar nas Casas do Parlamento no Reino Unido. A Draken anunciou o seu patrocínio numa publicação no LinkedIn:
“Ficámos entusiasmados por patrocinar este evento mais uma vez, após o evento inaugural ‘Mulheres na Aviação’ em 2022. Não o fizemos porque consideramos a Draken um modelo de virtude no que diz respeito à inclusão. Muito pelo contrário. Tal como os nossos colegas patrocinadores Lockheed Martin, estamos num caminho – e esse caminho verá empresas como a nossa alargarem o apelo de uma carreira na aviação a sectores da sociedade que, até à data, têm sido excluídos.”
Jared Isaacman acha que não é suficientemente woke e quer ser mais woke ainda. É espantoso como é que um homem com este perfil é nomeado para director da agência espacial americana por um político que foi eleito com um mandato populista.
A NASA vais ser ainda mais woke, também e se possível.
Talvez o aspecto mais preocupante do perfil de Isaacman sejam os seus comentários sobre a necessidade de maior diversidade na exploração espacial. Antes da missão Inspiration4 em 2021, Isaacman, falando com o anfitrião do podcast Unleash Your Greatness Within TJ Hoisington, lamentou que o turismo espacial seja dominado por “gajos brancos e ricos”. Exactamente como ele, portanto.
“Eu não queria ir para o espaço com 4 quatro gajos brancos e ricos”, disse Isaacman a Hoisington, enfatizando a importância de ter uma tripulação diversificada para o Inspiration4. O facto dele próprio ser branco e rico não o deve ter incomodado, mas os outros tripulantes deviam ser negros ou asiáticos ou esquimós e, sobretudo, pobres ou remediados, no máximo.
É preciso ter lata.
Isaacman repetiu uma frase semelhante durante uma entrevista de 2021 ao New York Times, afirmando que definiu deliberadamente a selecção dos passageiros da missão Inspiration4 para garantir a diversidade, afirmando
“A missão vai representar todas as pessoas da Terra e não apenas gajos brancos e ricos.”
A NASA, que já é tão woke como disfuncional, que já não contrata os melhores engenheiros e astronautas mas aqueles cuja pele é do tom politicamente mais conveniente, não precisava nada de ter um director com um perfil assim. Precisava exactamente de alguém com um perfil oposto, que contratasse com base no mérito e não na raça e no sexo.
Aparentemente, os americanos elegeram um liberal para Presidente.
A julgar pelas nomeações que o Presidente Eleito tem feito para o seu executivo, os americanos votaram maioritariamente num liberal para o cargo de chefe de estado. Até agora, Trump nomeou um globalista para o Tesouro, um activista LGBT para a DEA (polícia de costumes), que entretanto se escusou do cargo, um senhor da guerra para a diplomacia, um russofóbico e terrorista do vernáculo para o contraterrorismo, um bicho do pântano para a segurança interna, duas celebridades do mainstream televisivo para os serviços públicos de saúde, uma lobista de Washington para o Departamento de Justiça e um bilionário judeu de Nova Iorque para o Comércio.
Considerando que RFK Jr. é um liberal, que Musk será tudo menos um conservador e que Tulsi Gabbard, por muito que nos seja simpática, até há pouco mais de um ano era militante do Partido Democrata, ficamos com JD Vance e Kash Patel como únicas figuras que realmente têm perfil para cumprir o mandato eleitoral.
Convenhamos: é um elenco, no mínimo, suspeito.
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