A Rússia apelou aos diplomatas liberais americanos para chorarem mais pela morte de pessoas na Ucrânia e em Gaza, e menos pela vitória eleitoral de Donald Trump.
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, exortou os Estados Unidos a redireccionarem a sua atenção para os conflitos em curso no Médio Oriente e na Europa, em vez de passarem o tempo em “histeria”, na sequência de relatos na imprensa de que o pessoal do Departamento de Estado dos EUA procurou aconselhamento psicológico após a vitória eleitoral de Donald Trump.
“Como se não houvessem razões para histeria antes da eleição de Trump… Montanhas de cadáveres na Ucrânia, na Faixa de Gaza – isso não é uma razão?”
De facto, o Departamento de Estado organizou sessões de terapia para funcionários que estavam alegadamente a sofrer psicologicamente com a eleição de Trump. Os funcionários do Departamento de Estado foram convidados na sexta-feira após a eleição para uma sessão de terapia interna, caso se sentissem incapazes de lidar com a mudança do ambiente político e o retorno de Trump à Casa Branca
Entretanto, o deputado californiano Darrell Issa manifestou a sua preocupação com esta iniciativa numa carta formal dirigida ao Secretário de Estado Antony Blinken. Issa descreveu a ideia de fornecer aconselhamento como alarmante, argumentando que se destinava a funcionários que estavam perturbados pelo processo democrático.
As declarações de Zakharova incluíram comentários incisivos sobre os diplomatas americanos que lamentam a vitória de Trump.
“O facto de os diplomatas americanos estarem a chorar amargamente durante o horário de trabalho, em vez de cumprirem os seus deveres, causou confusão não só entre o público, mas também na Câmara dos Representantes dos EUA”.
O Presidente Eleito prometeu acabar com o actual conflito entre a Ucrânia e a Rússia, tendo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky admitido que a eleição de Trump irá apressar o fim da guerra. No entanto, nos últimos dias, o conflito parece estar a agravar-se, depois de o Presidente Joe Biden e o Primeiro-Ministro Keir Starmer terem dado luz verde à Ucrânia para disparar mísseis de longo alcance fornecidos pelo Ocidente na direcção do território russo.
E as nomeações de Trump para a Secretaria de Estado, a Segurança Interna e o Contra-Terrorismo também não vão ajudar nada à paz. Marco Rubio é um falcão com um ódio de estimação a Vladimir Putin, que está sempre com o dedo no gatilho em relação à Rússia; Mike Waltz é outro senhor da guerra do establishment de Washington, que já disse que está alinhado com a política actual da Casa Branca em relação à Ucrânia (!) e que defende abertamente a continuação de apoio militar a Zelensky; e Sebastian Gorka trata o presidente russo com tal desprezo e vulgaridade de linguagem que até faz aflição. Convém ouvir estas declarações do retardado que Trump escolheu para um alto cargo da sua administração:
The Man’s Arrogance Knows NO Bounds
Trump’s newly appointed counterterrorism adviser Sebastian Gorka calls Putin a “thug” pic.twitter.com/0Sw5mTxwJL
— Ignorance, the root and stem of all evil (@ivan_8848) November 26, 2024
Independentemente de Joe Biden, dos chefes da NATO e da maioria dos líderes europeus estarem a fazer tudo o que lhes é possível para impossibilitar a paz na Ucrânia, é assim muito duvidoso que a futura administração americana consiga qualquer cessar das hostilidades. Pelo contrário: a ideia de “paz pela força” que Trump defende não vai funcionar de todo com o Kremlin e pode até levar a uma intensificação da beligerãncia, se tal for possível, dado o ponto máximo a que se esticou a corda da guerra nas últimas semanas.
Pode acontecer até que Donald Trump herde, a 20 de Janeiro de 2025, um mundo já devastado por um conflito termo-nuclear. Se sobreviver ao apocalipse.
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