A sigla CPAC significa Conservative Political Action Conference (Conferência de Ação Política Conservadora, em português). É um dos eventos mais importantes do movimento conservador, criado nos Estados Unidos em 1974 pela American Conservative Union (ACU), uma organização política de direita.
Este evento atua também na Europa, buscando fortalecer o movimento conservador no continente. Esses encontros têm como objetivo reunir líderes políticos, intelectuais, ativistas e organizações conservadoras para debater políticas públicas, valores culturais e estratégias políticas alinhadas aos princípios do conservadorismo, valendo a pena citar as edições que ocorrem na Hungria e Reino Unido.
Ainda assim, e ressaltando o fato de ser o autor destas linhas um estrangeiro, o conservadorismo aparenta estar sobrevivendo na Europa mantido sob auxílio de aparelhos, moribundo que me parece – ao menos segundo as notícias que posso apurar.
Não cabe aqui entrar a fundo em questões ideológicas – até porque, a meu ver, conservadorismo não é ideologia – mas causa-me espanto perceber as repercussões que tais eventos tem provocado, principalmente na América do Sul que é, tradicionalmente, um antro de esquerdistas perdidos no tempo e no espaço, ainda a louvar Che Guevara e Fidel Castro.
Se, em paragens tão pobres de ideias e iniciativas, o despertar conservador tem merecido até mesmo a proibição de ser citado nos veículos da grande mídia pelo burburinho que provoca, confesso minha incapacidade de entender as razões pelas quais na Europa – berço de nossa civilização – o mesmo evento, ainda que na Hungria ou Reino Unido, é tão pouco citado.
Olhando à distância e sabendo-me um ignorante do cotidiano europeu, parece-me que tal povo ainda insiste em viver aferrado aos dogmas iluministas e cientificismo os mais vazios, desconsiderando por completo as verdades filosóficas de um Santo Tomás de Aquino ou a cruenta realidade que o esquerdismo nada mais busca além da imposição de ditaduras e a criação de nova casta de nobres, os “apparatchik” de alto e médio escalão.
Nesta vã ilusão creem no Estado provedor e pai, pouco se importando em deixar metade de seus salários nas mãos do estamento burocrático, para que o mesmo resolva seus problemas pessoais. Do mesmo modo, enxergam a religião católica como um símbolo de trevas, obscurantismo e ignorância apenas pelo fato de jamais aceitarem abrir mão de seus pecados mais ocultos em favor da salvação de suas próprias almas – por quê fazer isso, se não cremos?
Mas, sejamos justos: tudo aquilo hoje enxergado como “progresso” veio pelas mãos de meia dúzia de filósofos, literatos e, por que não dizer, da grande mídia e cultura de massa – eterna propagadora do sexo livre e dissolução como sinônimos de cultura e elevação intelectual. O povo, até o advento da internet sem outras fontes de informação, tomou como verdade tais barbaridades e hoje talvez seja tarde demais para reverter a situação, sem que se caia sob a alcunha de “regressista” ou “mensageiro das trevas”.
Posso estar redondamente enganado ao cometer o quase desatino de tecer considerações sobre terras e gentes que jamais vi, perpetrando uma gafe clamorosa e despertando apenas o mais justificado desprezo contra minha pessoa, mas apenas digo aquilo que a distância me permite enxergar – e que me perdoem se estiver em grave erro.
Apenas em um ponto, entretanto, sei que não estou errado: o CPAC serve como um fórum para unir líderes políticos, pensadores, ativistas e cidadãos interessados na promoção de ideias conservadoras e atualmente, com a derrocada – leia-se “exposição de seus reais propósitos” – da esquerda em quase todo o mundo, tal conferência reveste-se de extrema importância para relembrar que ainda existe uma saída para os tempos em que vivemos.
Que os cidadãos dos países europeus, de tão ilustre passado e verdadeiro berço de quem somos hoje, despertem contra o preconceito de condenar a forma de vida que criou nossa civilização. Que exorcizem de vez os fantasmas do esquerdismo e se unam em favor de muitos CPAC’s – Portugal, Espanha, Alemanha, Itália e quantos mais puderem – pois este, estou certo, é o caminho de nossa salvação como pessoas, famílias e cidadãos.
Manter o que sempre deu certo, melhorar o que precisa: isto é o conservadorismo.
Deus, pátria, família e liberdade.
WALTER BIANCARDINE
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Walter Biancardine foi aluno de Olavo de Carvalho, é analista político, jornalista (Diário Cabofriense, Rede Lagos TV, Rádio Ondas Fm) e blogger; foi funcionário da OEA – Organização dos Estados Americanos.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.
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