Uma base militar de mísseis balísticos dos EUA na Polónia, que pode “levar a um aumento do nível geral de perigo nuclear”, está agora na lista de alvos da Rússia para possível destruição, segundo confirmou Moscovo.
A nova base na cidade de Redzikowo, perto do Mar Báltico, parte do escudo mais amplo da NATO contra a Rússia, foi inaugurada na semana passada.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, disse a este propósito:
“Este é mais um passo francamente provocador numa série de acções profundamente desestabilizadoras dos americanos e dos seus aliados na Aliança do Atlântico Norte na esfera estratégica. Isto leva a minar a estabilidade estratégica, a aumentar os riscos estratégicos e, como resultado, a um aumento do nível geral de perigo nuclear”.
💬 #Zakharova: The so-called US missile defence base (not really) in Poland has been put on the list of priority targets for potential elimination.
The nature and level of threats posed by these Western military facilities are well-known & taken into account. pic.twitter.com/qzDqvTKXox
— MFA Russia 🇷🇺 (@mfa_russia) November 21, 2024
A NATO assumiu o controlo do Sistema de Defesa contra Mísseis Aegis Ashore (AAMDS) no contexto do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que completou os primeiros 1.000 dias.
O presidente polaco, Andrzej Duda, afirmou na inauguração da base:
“Estou muito feliz por estarmos a abrir oficialmente esta base que, tal como os militares dos Estados Unidos, vai defender a liberdade e a segurança no mundo”.
A Polónia aderiu à aliança atlântica em 1999. A Suécia é o último participante na aliança e aderiu à NATO este ano. A Estónia, a Letónia e a Lituânia – os três Estados Bálticos – também fazem parte da NATO e partilham uma fronteira terrestre com a Rússia.
Na frente da Ucrânia, os EUA permitiram que Kiev utilizasse ATACMS de longo alcance para atacar profundamente a Rússia, uma restrição que foi anteriormente colocada pela Casa Branca para evitar qualquer escalada na guerra. Os mísseis de cruzeiro Storm Shadow fabricados no Reino Unido foram utilizados pela Ucrânia pela primeira vez contra a Rússia. Entretanto, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que Moscovo tem o direito de atacar alvos militares de países cujas armas são utilizadas pela Ucrânia para atingir o território russo. Um aviso velado a Londres e Washington.
A expansão da Nato como motor da guerra na Ucrânia.
A Rússia vê a expansão da NATO para leste como uma ameaça à sua segurança e uma violação da alegada promessa que os EUA fizeram à URSS de que a aliança militar não se deslocaria mais para leste após a queda do Muro de Berlim em 1989. O Presidente Mikhail Gorbachev concordou com a incorporação da Alemanha na NATO em 1990 e o então secretário de Estado norte-americano, James Baker, disse a Gorbachev que não iria além da fronteira alemã, mas nas décadas seguintes Washington recuou na sua posição.
O então ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Hans-Dietrich Genscher, disse em 1990:
“Não importa o que aconteça nos países do Pacto de Varsóvia, não haverá expansão do território da NATO para leste.”
A existência deste “acordo” informal tem sido activamente utilizada por Moscovo para justificar acções na Ucrânia, alegando que os EUA, contra o que prometeram, avançaram pela Europa de leste, ameaçando a segurança nacional russa.
Em 2018, o presidente francês Emmanuel Macron, no Fórum Económico Internacional de São Petersburgo de 2018, afirmou:
“Penso que o erro cometido nos últimos 20 anos foi que nós, na NATO, não cumprimos integralmente todas as obrigações que assumimos [perante a Rússia]. E isso causou certos receios, bastante razoáveis. Não fomos dignos da confiança que a Rússia legitimamente esperava.”
Não há hoje grande dúvidas que expansão da NATO foi um gatilho para a guerra.
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