Nos EUA, os democratas estão a roer-se de remorsos.

Depois de a sua estratégia manhosa e muito pouco democrática de empurrar Kamala Harris para o topo da sua lista de candidatos sem o consentimento dos seus eleitores ter saído pela culatra, grande parte da liderança do partido está a desejar que outra pessoa, que não a vice-presidente, tivesse concorrido contra Donald Trump.

Durante uma entrevista recente, a inenarrável Nancy Pelosi, que foi uma das principais preponentes do golpe intestino que colocou Kamala na direcção do desastre, disse isto:

“Se o presidente tivesse desistido mais cedo, poderia haver outros candidatos na corrida.”

Insinuando que uma dessas alternativas hipotéticas poderia ter conquistado mais apoio do que Harris e garantido o acesso à Casa Branca na semana passada, a ex-speacker da Câmara dos Representantes procura em Biden o bode de expiação que os democratas desesperam por encontrar.

Acontece que Pelosi está errada. Os eleitores americanos deram a Trump a maior vitória eleitoral republicana desde 1988, mais para rejeitar o Partido Democrata e a agenda do establishment de Washington do que por repúdio específico de Harris ou Biden, mesmo que estes dois desastres com pernas tudo fizessem para favorecer essa rejeição.

Se Harris não tivesse sido a candidata, quem quer que a tivesse substituído teria defendido as iniciativas abomináveis e as políticas destrutivas e esquizofrénicas que o eleitorado rejeitou a 5 de Novembro, entre as quais:

Fronteiras abertas;

Guerras sem fim;

Economia globalista;

Despesismo inflaccionário.

Sim, Harris era a candidata dessas ideias todas. Mas qualquer democrata o teria feito. Ao contrário da agenda de Donald Trump, que é propriedade exclusiva dele, este programa não pertence a nenhuma figura em particular, mas ao sistema. É por isso que todas as administrações do século XXI promoveram os quatro ideários enumerados, com excepção de Trump, que no primeiro mandato se limitou a um deles: gastar dinheiro e imprimir moeda como se não houvesse amanhã. Seja como for, se o 47º presidente fosse um democrata, e fosse ele quem fosse, o programa seria o mesmo e seria integralmente cumprido.

Há boas razões, analisando os detalhes demográficos das eleições, para crer que os eleitores americanos não teriam deixado que isso acontecesse, independentemente do candidato democrata ser Kamala Harris ou uma outra qualquer ave rara saída da cartola liberal-leninista norte-americana. Há boas razões para crer que a maioria iria sempre optar por Trump, pela simples razão do homem não ser refém dos poderes instituídos em Washington e da sua agenda de cinzas.

É até capaz de ser por isso que é venerado, para espanto de tanta gente, por dezenas de milhões de americanos.

 

Paulo Hasse Paixão
Publisher . ContraCultura