Os jornalistas corporativos dos Estados Unidos passaram a última década a desinformar o público sobre o historial e a retórica de Donald Trump, e as suas mentiras ostensivas atingiram um novo patamar na sexta-feira, após a participação do ex-presidente no Tucker Carlson Live.
O momento mais publicitado do evento ocorreu durante a longa sessão de perguntas e respostas de Trump, durante a qual ele argumentou que neo-conservadores ensandecidos como Liz Cheney deviam experimentar a vida na linha da frente para “ver como se sentem” antes de defenderem que milhares de americanos sejam enviados para morrer em conflitos estrangeiros intermináveis. A certa altura, Trump afirmou:
“Ela é um falcão de guerra radical. Vamos pô-la com uma espingarda perante nove fuzis a disparar contra ela, ok? Vamos ver como se sente, sabes, quando as armas estão apontadas para a sua cara”.
Muitos dos comentários anteriores de Trump são dignos de escrutínio, mas este não é um deles. É talvez o seu argumento anti-guerra mais razoável e convincente até à data. Qualquer político pode encher o peito e tocar os tambores de guerra a partir do seu confortável gabinete em Washington, mas é impossível defender de forma credível o envio de soldados para arriscarem as suas vidas em defesa da uma agenda política que não tem nada a ver com os interesses dos Estados Unidos, a menos que os proponentes da chamada às armas tenham provado estar dispostos a fazer o mesmo sacrifício. Cheney não o fez, e é inteiramente razoável dizer que deveria fazê-lo antes de continuar a empurrar os EUA para mais guerras intermináveis.
O que não tem sido razoável, no entanto, é a cobertura da imprensa aos comentários de Trump. As citações acima não ameaçam a segurança de Cheney, nem apelam à violência contra ela. Mas os títulos recentes dos media, a propósito dos comentários do candidato republicano procuram distorcer ao máximo o significado das suas palavras:
“Trump abraça a retórica violenta e sugere que Liz Cheney deveria ter armas ‘apontadas à cara‘.”
The Washington Post“Trump sugere que Liz Cheney devia enfrentar um pelotão de fuzilamento pela sua posição em matéria de política externa ”
Reuters“Trump diz que Liz Cheney, ‘falcão de guerra’, devia ser fuzilada, numa escalada de retórica violenta contra os seus opositores ”
CNN
E estes exemplos são apenas a ponta do icebergue difamatório que se seguiu às declarações de Trump. Seja como for, não deixa de ser aviltante acusar Trump de ‘retórica violenta’, quando a campanha democrática passou as últimas semanas a chamar nazi ao candidato republicano, e quando Biden ainda ontem deu seguimento ao comentário em que qualificava os apoiantes de Trump como ‘lixo’, exprimindo o desejo de “bater” nos republicanos do sexo masculino.
Na vida e na política, a única razão para mentir sem hesitação é quando se sabe que se está errado quanto à substância. Caso contrário, a mentira não tem razão de ser. A imprensa corporativa sabe que as ideias de Trump sobre política externa, economia e imigração, algumas das questões que mais importam aos eleitores, estão muito mais alinhadas com as necessidades do povo americano do que os pontos de discussão do Partido Democrata que eles obedientemente lêem nos seus telepontos. É por isso que usam as suas plataformas para espalhar falsidades absurdas sobre ele. O homem é uma ameaça ao seu controlo do poder.
Na próxima madrugada, descobriremos se a estratégia da aldrabice funcionou.
Paulo Hasse Paixão
Publisher . Contra Cultura
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