A actualidade política dos tempos que correm, corre a trezentos à hora. A 14 de Julho, poucos apostariam contra a candidatura de Donald Trump. Biden estava eleitoralmente condenado desde o debate de Junho e o magnata de Queens tinha sido baleado perante as câmaras de televisão, reagindo com coragem e determinação inequívocas e oferecendo aos republicanos uma imagem icónica e um novo momento de energia eleitoral, que parecia irreversível.

Acontece que o aparelho democrata reagiu em tempo real, forçando o senil residente da Casa Branca a arrumar as botas no armário de onde nunca deviam ter saído e agora os republicanos precisam de levar Kamala Harris a sério.

As ambições presidenciais de Harris são fáceis de ridicularizar, tendo em conta o seu desempenho astronomicamente fraco nas primárias de 2020, mas ela continua a representar um desafio complicado para Donald Trump.

Os democratas estão entusiasmados com a sua candidatura, por incrível que possa parecer, dado o perfil intelectual completamente destituído de Kamala. Uma sondagem recente publicada pela Associated Press mostra que cerca de 8 em cada 10 eleitores democratas estão satisfeitos com a sua nova candidata presidencial, e, enquanto os comissários de Silicon Valley trabalham afincadamente para apagar qualquer anomalia no seu passado, a imprensa corporativa vai mover montanhas, no seu habitual jogo sujo de mentiras e omissões, para a enfiar na Sala Oval.

Se a senhora tivesse de fazer campanha durante um ano inteiro, as coisas seriam diferentes. Harris é conhecida por soar a falso, ser ignorante de tudo, proferir dez gaffes por palestra, ter um especial condão para contrariar as expectativas do eleitorado e não conseguir relacionar-se com as pessoas sem parecer que está a estender-se ao comprido num workshop para actores amadores, para além de ter tido directas responsabilidades nas desastrosas políticas internas do regime Biden, com especial destaque para o seu papel de ‘czarina da fronteira’ com o México, que se resumiu a não querer saber e a não querer fazer.

 

 

O seu historial fala por si. Enquanto foi Procuradora-Geral da Califórnia, Kamala supervisionou um aumento drástico de 10% nos crimes violentos. As violações, as agressões agravadas, os roubos e os homicídios aumentaram durante o período em que foi a principal responsável pela aplicação da lei na Califórnia, e têm vindo a aumentar desde então.

Kamala não tem muitos argumentos a seu favor, para além de ter nascido mulher e mestiça, mas só tem de fazer campanha durante 96 dias. Evitará, sem dúvida, aparições públicas de alto risco e quem sabe se aceitará debater com Trump.

Durante toda a sua carreira, pouco mais fez do que falhar. Foi uma desastrosa procuradora, que se tornou numa desastrosa senadora, antes de chegar a vice-presidente, cargo que desempenhou desastrosamente. Os seus muitos fracassos foram recompensados a cada passo do caminho, porque os EUA são hoje uma federação ao contrário, e essa tendência pode muito bem continuar, a menos que o Partido Republicano comece a jogar duro. E não tome esta eleição como garantida.

Mas conhecendo o Partido Republicano, que está infestado, nas cúpulas, por gente que prefere de longe ter na Casa Branca uma servente do establishment do que um magnata renegado, não podemos expectar que dessa área institucional provenham grandes e radicais esforços de combate eleitoral.

As coisas na verdade estão a começar a ficar feias para a campanha de Trump. O Contra sempre afirmou que as probabilidade de reeleição do ex-presidente eram baixas, dada a feroz oposição dos poderes instituídos. O que surpreende é que o trunfo final dos democratas seja tão fraquinho, e que possa, ainda assim, garantir a vitória.

Até porque basta a Kamala Harris ficar nas sondagens a dois ou três pontos de Trump, que o aparelho democrata fará depois o resto, na longa noite de apuramento dos resultados eleitorais.

 

 

Seja como for, Donald Trump arrisca-se a perder duas eleições presidenciais para os dois piores candidatos da história do Partido Democrata. E se isto não é dizer pouco, imaginem o que acontecerá ao Partido Republicano daqui a quatro ou oito anos, quando e se os democratas encontrarem finalmente um candidato forte.