A organização dos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, propôs ao Comité Olímpico a adição de uma modalidade que há muito as massas exigiam que fizesse parte do evento: o Breakdance.

Sim, sim, não é peta: Breakdance.

Sabendo da tendência do Comité Olímpico para a mais profunda imbecilidade, não é de admirar que a proposta dos franceses tenha sido aceite. Porque se há coisa que não tem limites, essa coisa é a estupidez humana.

Tanto mais que os senhores que decidem o fogo que queima na chama milenar, convencidos da sua inteligência de hipópotamos endinheirados, acham que actividades alienígenas como a Natação Sincronizada, o Softball (que é uma espécie de baseball só para raparigas), o Flag football (que deve ser praticado por 300 malucos em todo o planeta), ou o Sushu são dignas do torneio, cumprindo com a mais venerável das tradições helénicas.

Mas então, que diabo, porque raio de critério abstruso não estão presentes desportos adorados por milhões como o Rugby (de 15, porque – vá-se lá saber porquê – o rugby de 7 é modalidade olímpica), o Hóquei em Patins, o Futebol Americano, o Baseball (de 9, porque o de 5, que ninguém joga, também entra), o Cricket, o Squash, o Futsal, o Snooker ou o Kickboxing?

E, por lógica inversa, porquê manter afastadas da distinta competição modalidades tão universais como o Jogo do Berlinde, o Jogo da Glória, o Jogo do Galo, a Cabra-cega, o Master Mind, a Batalha Naval, o Toca e Foge, o Quarto Escuro, a Verdade e Consequência, o Bate o Pé, os Quatro em Linha, a Luta de Bar, o Step e as Corridas de Carrinho de Esferas?

E se o Breakdance tem direito à glória olímpica, porque é que a Valsa fica de fora? E o Twist? E o Tango? E o Tcha Tcha Tcha?

De quatro em quatro anos, estes sábios da razão desconcertante acrescentam mais um disparate à já longa e inóqua lista de modalidades olímpicas, misturando amadores com profissionais, o vale tudo da alta competição com o cavalheirismo de sobrecasaca, valores clássicos com ambições modernas, corrupção com puritanismo e universalismo com idiotia; até que, naturalmente, os jogos acabem por perder todo o seu significado.

Deve ser esse, aliás, o objectivo.