O Partido Popular Suíço (SVP) venceu as eleições federais da Suíça, com um desempenho ainda melhor do que o previsto pelas sondagens e quase igualando o seu melhor resultado eleitoral de sempre.

Aumentando a sua quota de votos de 25,6% para 28,6% – perto dos 29,4% que obteve em 2015 – o SVP concorreu com uma forte plataforma anti-migração, apostando numa campanha com o slogan “Novo normal?”, destacando os esfaqueamentos mortais e outros crimes cometidos por migrantes nos últimos anos.

O SVP também sublinhou a importância da neutralidade histórica da Suíça, sugerindo que esta foi prejudicada pelo facto de o país ter cedido à pressão para participar nas sanções contra a Rússia liderada pelo regime Biden e pela União Europeia (A Suíça não é membro da UE nem da NATO e o SVP opõe-se firmemente à adesão a estas duas entidades).

 

 

Como o ContraCultura já observou, a Suíça tem mantido uma política de neutralidade desde 1815 e não apoiou nenhum dos lados em nenhuma das duas guerras mundiais. Hitler, Mussolini, Estaline, Ceausesco, Jaruzelski, Metaxás ou qualquer outro ditador europeu nunca foi capaz de incomodar a sensibilidade filosófica, humanística, política ou geo-estratégica dos suíços, que se mantiveram orgulhosamente neutros desde a queda de Napoleão.

Mas logo após o início do conflito na Ucrânia, a Suíça impôs sanções à Rússia e enviou ajuda económica a Kiev, porque, aparentemente, o Kremlin de Putin é uma ameaça maior para os banqueiros e os relojoeiros e os chocolateiros da federação acantonada nos Alpes do que alguns dos maiores genocidas na história da humanidade.

Num último apelo ao voto, o partido populista suíço declarou:

“As drag queens, os antifas e os activistas do clima vão todos votar! Nas urnas, eles podem arruinar a Suíça e a nossa sociedade. Não os deixaremos!”

Como em muitos países europeus, no entanto, ficar em primeiro lugar numa eleição não garante a um partido a chefia do governo. Embora o SVP tenha manifestado a sua esperança de que será possível trabalhar com os outros partidos de tendência conservadora do país para responder à “preocupação dos eleitores com a explosão da população imigrante”, é muito provável que o chamado “centro-direita” se coordene com os sociais-democratas, que ficaram em segundo lugar, para garantir que um governo de coligação não execute uma agenda verdadeiramente populista.

E assim sendo, nada vai mudar significativamente no país dos relógios de cuco.