A obesidade nas forças armadas norte-americanas é agora considerada uma crise de segurança nacional, de acordo com um novo relatório sobre a prontidão e o recrutamento de tropas.

Actualmente, 68% dos membros do serviço activo têm excesso de peso ou são obesos, segundo denuncia o American Security Project (ASP) no seu relatório de Outubro de 2023.

As taxas de obesidade do pessoal militar mais do que dobraram nos últimos 10 anos, de 10,4% em 2012 para 21,6% em 2022.

Courtney Manning, investigadora de segurança nacional da ASP, afirma no relatório:

“A obesidade é o principal desqualificador de candidatos militares e um dos principais contribuintes para lesões em serviço e dispensas médicas”.

O aumento da obesidade entre as forças armadas é paralelo ao aumento das taxas de obesidade entre a população geral dos EUA e acentuou-se durante a pandemia.

 

 

Quando a ASP conduziu o estudo pela última vez em 2018, 44% dos americanos com idades entre 18 e 25 anos estavam acima do peso para servir nas forças armadas. Hoje, como observa o relatório, 57% estão clinicamente acima do peso ou obesos, o que reduz o número de candidatos disponíveis para o serviço.

No relatório, Manning chama ao “aumento do número de candidatos que não cumprem os requisitos físicos para o alistamento [uma] crise de segurança nacional”, apelando ao Pentágono para que promova reformas.

O relatório não deixa no entanto de carregar na tecla politicamente correcta:

“A crescente prevalência da obesidade nos membros do serviço militar reduz a prontidão das forças armadas, mas não se trata de uma falha moral; é uma crise de saúde”.

Mas é muito discutível que uma força militar com um gordo em cada cinco soldados, seja resultado de uma nação moralmente saudável, por muito que a ASP queira colocar a questão em termos de saúde pública:

“A conceção de uma estratégia eficaz para monitorizar e combater a obesidade nas forças armadas dos EUA começa por tratá-la como qualquer outra doença crónica: registar consistentemente dados precisos e tirar partido desses dados para conceber intervenções médicas eficazes”.

Christin Wormuth, Secretária do Exército, afirma que o grupo de jovens americanos elegíveis para o serviço militar diminuiu significativamente: apenas cerca de 23% das pessoas entre os 18 e os 24 anos cumprem as normas.

Não é portanto por acaso que no ano passado, o Exército falhou o seu objectivo de recrutamento em 15.000 soldados, embora existiam outros (deprimentes) motivos.

A ASP propôs uma série de soluções para resolver a crise da obesidade nas forças armadas, afirmando que

“identificar, diagnosticar e tratar a obesidade entre os soldados na linha da frente da nossa defesa nacional pode, em última análise, determinar a sobrevivência da força militar a longo prazo”.

Sim, porque se o trend continuar, em dez anos metade dos efectivos do Pentágono será obesos. Mas não há problema porque, segundo Joe Biden, “os Estados Unidos da América são a nação-mais-poderosa-da história-do mundo-por-amor-de-deus.”

Vai tudo correr bem.