A expressão “uma imagem vale mais do que mil palavras” é rigorosamente falsa. Ainda assim, o léxico escasseia quando olhamos para esta fotografia:
O Porsche 911 de 1963 é um objecto de culto. As suas linhas não são propriamente harmoniosas e as proporções também não estão de acordo com nenhuma regra de ouro que se conheça. Mas o resultado é genial e é intemporal e leva-nos sempre a um momento mágico de contemplação do que é absolutamente belo na indústria humana. Ferdinand Alexander Porsche tem aqui o seu apogeu operacional, como designer, principalmente, e como engenheiro, talvez.
O mesmo chassis foi usado até 1989, o que diz muito sobre a genialidade do desenho. Foi inicialmente designado como o “Porsche 901”, o seu número de projecto. No entanto, a Peugeot protestou com o argumento de que em França tinha direitos exclusivos sobre nomes de automóveis formados por três números com um zero no meio. Assim, em vez de vender o novo modelo com outro nome em França, a Porsche alterou o nome para 911. Foi posto à venda em 1964.
Apesar da frente enorme, que na verdade não serve para nada (o porta-bagagens é ridículo e a metade dianteira do 911 parece destinar-se apenas à colocação das ópticas), trata-se de uma viatura de motor posterior e tracção traseira.
As primeiras edições do 911 tinham um motor “boxer” flat-6 de 2,0 L (1.991 cc), refrigerado a ar, que debitava 130 cv. Foi acoplado a uma transmissão manual de cinco velocidades. O carro tinha 2+2 lugares sentados, embora a área interior traseira fosse muito pequena.
Desde o seu primeiro momento que o 911 foi modificado tanto por equipas privadas como pela própria fábrica para corridas e ralis. A série 911 original é frequentemente citada como o carro de competição de maior sucesso de sempre, especialmente quando consideramos o poderoso 935 derivado do 911 que ganhou as 24 Horas de Le Mans e muitas outras provas importantes, mesmo quando competia contra protótipos.
O 911 é uma animal que não quer ser domesticado nem prático nem conveniente nem amigável. O realismo, o pragmatismo ou o utilitarismo são valores que não têm nada a ver com esta diabólica máquina. Ainda por cima, é o automóvel do Ric Hochet (a versão de 72), o herói-detective da banda desenhada do paleolítico superior.
Só o amor estético e dinâmico pelos automóveis, a paixão da velocidade e a glória da combustão interna é que valem como argumentos para esta conversa. Só a posteridade é que pode validar, como valida ainda hoje, esta obra prima do engenho humano.
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