O anfitrião da Fox News Tucker Carlson observou, num monólogo da semana passada, que em vez de fazer perguntas sobre a substância da informação contida nos documentos confidenciais do Pentágono recentemente tornados públicos, os meios de comunicação social corporativos manifestaram apenas a vontade de ajudar a encobrir a fuga de informação.

Os documentos, alegadamente divulgados por um efectivo da National Guard de 21 anos de idade, constituem evidência material de que os EUA estão profunda e directamente envolvidos na guerra entre a Ucrânia e a Rússia.

Carlson não foi comedido na sua reacção face à volição censória e cumplicidade obscena da imprensa corporativa.

“Se quer ficar realmente enjoado, procure uma transcrição do briefing do Pentágono de hoje, onde os jornalistas perguntaram aos secretários de imprensa do Pentágono o que fazer para manter informações como esta em segredo no futuro”.

Tucker acrescentou que a imprensa não fez “uma pergunta sobre a substância da informação”, acrescentando:

“Estamos a travar uma guerra directamente contra a Rússia, a sério? Não têm eles o maior arsenal do mundo? Nem uma pergunta. Em vez disso os repórteres só quiseram saber como podem ajudar a manter a informação em segredo. Não só os meios de comunicação social estão a encobrir a substância da história, que não é sobre quem a divulgou, mas sobre o que foi divulgado, como estão a encobrir os crimes cometidos para castigar quem fez chegar estas informações ao público.”

Focando o monólogo na perseguição ao responsável pela fuga de informação, que foi entretanto detido, fruto de um perverso esforço combinado entre as agências de segurança governamentais e a imprensa, o pundit da Fox News continuou contundentemente:

“A administração utilizou técnicas de vigilância ilegais para identificar este miúdo, aparentemente com a ajuda do The Washington Post e do The New York Times. Se é ilegal o acesso a estes documentos sem uma autorização de segurança, como é que o Washington Post está a fazer isto legalmente? Eles também não têm uma autorização de segurança. Bem, é óibvio que essa autorização foi-lhes atribuída pelas agências de Inteligência dos EUA com quem estão a trabalhar lado a lado”.

Carlson afirmou ainda que

“Esta é informação que é relevante para o público numa democracia. Não se pode mentir sobre coisas que põem em risco o nosso futuro colectivo e sair impune e certamente não se deve fazer isso com a ajuda dos meios de comunicação social. O trabalho dos meios noticiosos devia ser o de informar sobre o que o governo está a fazer, mas em vez disso estão a trabalhar activamente até altas horas da noite para mentir em nome dos seus mestres em Washington. A propósito, ainda na semana passada, o plano era mentir de uma forma ainda mais grotesca e culpar a Rússia por isso”.

Vale mesmo a pena ouvir o monólogo na íntegra:

 

 

O jornalista independente Glenn Greenwald, que foi o intermediário nas revelações de Edward Snowden há uma década atrás, e que Tucker entrevistou mais à frente no programa, também denunciou a imoral e repugnante posição da imprensa corporativa, que se assume como um braço armado dos poderes instituídos.

 

 

É o circo total, a degenerescência absoluta do jornalismo, ao vivo e em directo, para quem tiver estômago para assistir a este triste espectáculo de corrupção, clientelismo e degradação moral.