Há quem diga, Enzo Ferrari incluído, que este é o mais belo carro já construído. E é difícil contradizer a afirmação porque o Jaguar E-Type é, factualmente, uma obra prima. Espécie de monumento sobre rodas, foi lançado em 1961 e fabricado até 1974 pela há muito extinta Jaguar Cars Ltd. O E-type encerrava no seu voluptuoso chassis monocoque o melhor que a indústria britânica tinha para oferecer ao mundo, incluindo um inovador sistema de suspensão independente e um motor de 4 litros tecnologicamente evoluído que debitava 265 cavalos. Para a altura, isto era um super carro. 60 anos depois, ainda é.

As formas arredondadas não traem a musculada masculinidade. A classe não contradiz o arrojo. O luxo não esconde a raça. Se apenas um automóvel tivesse sido construído na história universal, podia muito bem ser este.

 

 

Desenhado por Malcolm Sayer, não por acaso um engenheiro aeronáutico, o modelo combina exuberância estética com alto desempenho. O E-Type reivindicava 241 km/h de velocidade máxima, aceleração 0 a 100 km/h em 7 segundos, construção unitária, travões de disco, direcção de cremalheira e pinhão e suspensão dianteira e traseira independente distinguiram o carro e estimularam avanços tecnológicos em toda a indústria automóvel.

O E-Type foi baseado no Type D, um lendário carro de corrida da Jaguar que tinha ganho as 24 Horas de Le Mans durante três anos consecutivos, entre 1955 e 57 e empregava o que era, para o início dos anos 60, um novo princípio de design, com uma subestrutura frontal com o motor, suspensão dianteira e carroçaria dianteira acoplada directamente ao eixo central. Não era necessário qualquer quadro, como era comum na altura, e por isso o modelo pesavam apenas 1315 kg. O magnífico descapotável ainda era mais levezinho.

 

 

O E-Type foi introduzido como um grand tourer de tracção traseira em forma de coupé de dois lugares e como um “roadster” descapotável de dois lugares. Uma versão “2+2” de quatro lugares, com uma distância entre eixos alongada, foi lançada em 1966.

Actualizações posteriores do modelo E-Type foram oficialmente designadas “Série 2” e “Série 3”, e com o tempo os primeiros carros passaram a ser referidos como “Série 1”. Tal como acontecia com outros carros da época, fabricados com uma significativa componente manual, as alterações foram incrementais e contínuas, o que levou a alguma confusão sobre o que é exactamente um carro da Série 1. Isto tem mais interesse do que o meramente académico, uma vez que os carros da primeira série têm frequentemente valores superiores aos modelos das séries posteriores.

 

 

Os carros da Série 1 enquadram-se essencialmente em duas categorias: Os fabricados entre 1961 e 1964, que tinham motores de 3,8 litros e (em todos os carros excepto nos últimos) transmissões de sincronização parcial; e os fabricados entre 1965 e 1967, que aumentaram o tamanho do motor e o binário em cerca de 10% para 4,2 litros, e também forneceram novos bancos reclináveis, um alternador no lugar do dínamo, um servo-freio mais fiável e outras comodidades modernas. O design não sofreu alterações. Como resultado, o tipo 1 de 4,2 litros tornou-se geralmente a forma mais valiosa do carro.

Em 2004, a revista Sports Car International colocou o E-Type em número um na sua lista de carros desportivos de topo dos anos 60. Em Março de 2008, o Jaguar E-Type ficou em primeiro lugar na lista online do The Daily Telegraph dos “100 carros mais bonitos de todos os tempos”. Fora do contexto automóvel, o E-type brilhou na série de banda desenhada Diabolik, nos filmes de Austin Powers, em “Kingsman: The Golden Circle” e na série de televisão “Mad Men”.

 

 

Jaguar E-Type de 1961. Um triunfo da engenharia, um apogeu do design, um imperecível objecto de culto, oriundo de uma era em que os automóveis eram construídos para serem conduzidos pelo prazer da condução, pela glória da estrada e pela vertigem da velocidade.

Ámen.