A congressista democrata Sheila Jackson Lee sugeriu na segunda-feira que Tucker Carlson poderia ser o primeiro a ser processado ao abrigo da legislação que introduziu e que pretende criminalizar qualquer pessoa branca que, por exemplo, fale na “teoria da substituição”.

Esta teoria, defendida por muitos conservadores nos Estados Unidos e não só, argumenta que o Partido Democrata vê com bons olhos os fluxos imigratórios, mesmo que ilegais, na medida em que estes movimentos demográficos alteram os equilíbrios eleitorais, em favor da esquerda, e empobrecem as classes médias nativas, em favor do capitalismo corporativo, que através deles faz descer os salários.

Mas o projecto lei, conhecido como The Leading Against White Supremacy Act of 2023, classificaria basicamente qualquer discurso de motivação racial como um “crime de ódio”.

A draconiana, totalitária e niilista proposta legislativa tornaria ainda e efectivamente um indivíduo responsável pelo crime de outra pessoa, se os procuradores pudessem argumentar com sucesso que a sua retórica política é um factor motivador desse acto criminoso.

O projecto de lei também visa discursos que

“Vilipendiam ou são de outra forma dirigidos contra qualquer pessoa ou grupo não branco nas fóruns públicos e na comunicação social.”

Se tal conteúdo for “lido, ouvido ou visto por uma pessoa envolvida no planeamento, desenvolvimento, preparação ou perpetração de um crime de ódio inspirado pela supremacia branca”, mesmo que mal interpretado, o criador de tal conteúdo é culpado de conspiração.

Sheila Jackson Lee foi ao talkshow de Joy Reid na MSNBC, que lhe perguntou:

“Será que este projecto de lei permite a acusação potencial de pessoas como Tucker Carlson? Porque ele é um dos que promove a ideologia da supremacia branca.”

Respondeu a congressista:

“O projecto de lei não tem nada a ver com discurso. Eu estava a pensar no juramento de fidelidade [à bandeira americana] de justiça e igualdade para todos e eu comprometo-me a defender que todos merecem justiça e igualdade. Parece que os extremistas de direita, os extremistas violentos, não querem que isso aconteça.”

E acrescentou:

“Isto não criminaliza o discurso. É um projecto de lei criminal, o que significa que a intenção de provocar alguém à violência teria que ser provada e ligada ao um acto violento que ocorreu. Se o Sr. Carlson ou qualquer outra pessoa escolher uma linguagem obscena, o seu discurso é protegido”.

Lee alegou também que, ao abrigo da legislação, os não brancos também poderiam ser processados se defendessem a “supremacia dos brancos”.

“Também não é uma garantia que a supremacia branca seja promovida apenas por pessoas que por acaso são caucasianas. É uma filosofia e um ponto de vista de que o director [do FBI] [Chris] Wray tem vindo a falar há quase três anos – que a supremacia branca é a maior ameaça de terrorismo doméstico e essa ameaça é maior do que a da Al-Qaeda, há anos atrás”.

 

 

Enquanto o projecto de lei enfrenta sérios obstáculos à sua aprovação e dificilmente seria ratificado pelo Supremo Tribunal, é evidente que a intenção da legislação é visar e silenciar pessoas como Tucker Carlson, que construiu uma audiência maciça com o intuito de realçar o quão loucas são as propostas democratas como esta.

Carlson criticou duramente esta iniciativa legislativa na semana passada, observando que

“Este único projecto de lei faria mais para criminalizar o discurso do que qualquer outra peça legislativa que tenha sido proposta em toda a história deste país”.

 

 

Este é apenas mais um exemplo dos constantes esforços que os democratas americanos estão a desenvolver para criminalizar o discurso e a dissidência. Mas a tendência transcende largamente o âmbito norte-americano. Como o Contra já noticiou, a actriz norueguesa Tonje Gjevjon enfrenta até 3 anos de prisão por afirmar em rede social que os homens não podem ser lésbicas. No Brasil, o juiz do Supremo Alexandre de Moraes está a criminalizar opiniões dissidentes nas redes sociais com uma intensidade que até preocupa o New York Times. No Canadá, Jordan Peterson pode perder a licença de psicólogo por ter criticado o governo de Trudeau. Em Inglaterra, o youtuber Darren Grimes disse numa entrevista à BBC que escravatura não é o mesmo que genocídio e a polícia abriu uma investigação sobre o rapaz, por alegada intenção de fomentar o ódio racial. Na Escócia, Humza Yousaf conseguiu fazer passar no parlamento uma incrível “Hate Crime Bill” que criminaliza a liberdade de expressão até ao ponto em que os escoceses têm que ter cuidado com o que dizem dentro das suas próprias casas. Os exemplos são aos milhares.