Eugène Delacroix . The Death of Sardanapalus . 1844

 

 

Muahmmad, o tira-cabeças, sua as estopinhas.
O sol inclina-se já sobre o horizonte calado do deserto
mas ainda há muito que fazer.

Muhammad, o tira-cabeças, prefere enterrar crianças vivas,
mas hoje o Califa – Alá o proteja – decidiu dar novo préstimo
às suas reconhecidas qualidades.

Este biscate é mais cansativo e desagradável
que os trabalhos do costume. Muhammad prefere, de longe,
degolar jornalistas ocidentais.

Muhammad, o tira-cabeças, prefere mil vezes arrumar curdos
na vala comum (até porque isso dá direito, geralmente, a uma voltinha daquelas
com uma infiel bem escolhida).

Abu Bakr, o impiedoso – Alá abençoe o Califa – deu-lhe a ordem
e a Muhammad só resta cumprir, mas ainda assim,
preferia torturar dez xiitas.

Daqui a nada cai a noite e depois vai ser complicado
acertar com os pregos.
Muhammad, o tira-cabeças, já tem as mãos feridas, pelo repetir do martelo.

Os jornalistas ocidentais borram-se todos na altura do fim,
e choram como as crianças na vala não choram,
mas o que Muhammad não daria agora por esse cheiro a medo.

Enquanto, a esforço, prega mais um porco herético à cruz,
Muhammad, o tira-cabeças, pergunta-se:
mas onde foi o califa – Alá o salve de todo o mal – desencantar a madeira necessária

para pendurar tanto cristão?

 

 

__________________
Crucificações no Estado Islâmico