No momento em que estas linhas são escritas, os resultados das intercalares nos EUA ainda estão em aberto e os republicanos ainda podem conquistar a maioria no Senado, sendo que na Casa dos Representantes, a sua vitória foi clara, interrompendo um longo domínio dos democratas.
Apesar disso, e contra as expectativas tanto das sondagens como até do aparelho democrático, não houve qualquer “onda vermelha”. E na circunstância de os democratas arranjarem maneira de manter a curta maioria no Senado, os resultados são deveras preocupantes para a direita americana.
Se os republicanos não conseguem, em pleno reinado da mais desastrosa administração da história do país, a do Regime democrata-autocrata-apocalíptico de Joe Biden, obter uma vitória clara em eleições intercalares que, historicamente, beneficiam o partido que não exerce mandato na Casa Branca, será muito difícil voltarem a fazê-lo num futuro próximo.
Tanto mais que os resultados das eleições para o governo dos estados também não difere muito deste panorama de empate técnico. A federação manifesta nas urnas o mesmo dilema que se plasma na sua sociedade: uma divisão cultural e ideológica profunda e equitativa. Metade dos americanos não tem nada a ver com a outra metade. Nem quer. E esta divergência, nas urnas e na sociedade, dura já há décadas.
A derrota de Kari Lake (R) na corrida para o governo do Arizona, uma rapariga de perfil populista que transitou dos mainstream media para o palco político e que prometia imenso, e a conquista de um lugar no Senado pela Pensilvânia de John Fetterman (D), um débil mental que nem sequer consegue falar em público sem a assistência de um sistema de inteligência artificial (facto), são resultados bem característicos destas eleições. E Trump, que tinha endossado Kari Lake e o candidato derrotado por Fetterman (o Dr. Oz, que foi uma escolha desastrosa e típica da cabecinha tonta do ex-presidente), soma duas derrotas pesadas.
O eleitorado democrata dos grandes centros urbanos não vai ceder um milímetro, mesmo que tenha que votar em números de circo. Mesmo que tenha que validar a destruição da economia e da sociedade e da federação pelos apparatchiks mais radicais que se possa imaginar. Mesmo que tenha que ser arruinada pela inflacção, pelos custos energéticos e pelas rendas do imobiliário. Mesmo que tenha que viver ou trabalhar em infectas cidades-pardieiro, onde impera o crime, o caos e o aberrante e terceiro-mundista convívio entre os muito ricos e os sem abrigo.
O eleitorado republicano também dá pena. Impotente perante a ruína daquela que já foi a primeira potência mundial de espírito libertário e que se está a transformar num regime totalitário a passos largos, continua a sonhar com o regresso de Trump, como se Trump fosse um personagem sebastiânico capaz de unir estes desunidos estados. É claro que não é. É claro que, neste momento, Ron DeSantis, o Governador da Florida que conseguiu uma das vitórias mais expressivas deste acto eleitoral, seria, se a condição psicossocial da direita americana fosse minimamente saudável, o candidato natural para as presidenciais de 2024.
Mas as coisas são como são e esta é uma federação em estado comático, dividida e entrincheirada, niilista e alucinada, à beira da guerra civil, no sentido literal da palavra. Porque no sentido lato, o conflito já grassa há uns anos. Só não vê quem não quer ver.
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