Imagem da destruição em Kiev, que está a circular nas redes sociais.

 

Uma série de grandes explosões abalou Kiev e vários locais em toda a Ucrânia na segunda-feira, na sequência do Presidente russo Vladimir Putin ter responsabilizado os serviços especiais ucranianos pela explosão “terrorista” que desactivou parcialmente a ponte da Crimeia, que liga a Rússia à península.

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky confirmou os ataques com mísseis, numa declaração publicada no Telegram:

“A intenção do Kremlin é limpar-nos da face da Terra. Infelizmente, há mortos e feridos.”

Foram realizados pelo menos 100 ataques, com muitos mísseis de cruzeiro lançados de navios de guerra russos no Mar Negro. Putin, num anúncio televisivo, disse que ordenou ataques a alvos militares, industriais e de comunicações, especificamente em resposta ao ataque à ponte da Crimeia.

“Se as tentativas de perpetrar ataques terroristas continuarem, a resposta da Rússia será severa e ao nível das ameaças que se lhe deparam. Ninguém deve ter quaisquer dúvidas.”

O Ministério da Defesa da Rússia também afirmou que atingiu “todos os alvos atribuídos” – que em alguns casos parecem ter sido infra-estruturas civis na capital ucraniana. Fontes regionais listam que mais de 15 cidades importantes foram atingidas e sofreram danos graves, incluindo Kiev, Rovno, Lvov, Ternopol, Ivano-Frankovsk, Khmelnitsky, Zhitomir, Kremenchug, Kropivnitsky, Krivoy-Rog, Odessa, Zaporozhie, Dnieper, Poltava, Kharkov. Outras cidades e vilas mais pequenas foram também atingidas.

 

 

Kyrylo Tymoshenko, chefe adjunto do gabinete da presidência ucraniana, disse que “muitas cidades” foram alvo de ataque russo.

“A Ucrânia está a ser atacada por mísseis. Há informações sobre ataques em muitas cidades do nosso país. A população deve procurar abrigos”.

 

 

O presidente da câmara de Kiev, Vitali Klitschko, disse ao descrever os ataques ao centro da cidade:

“A capital está sob ataque de terroristas russos! Se não houver necessidade urgente, é melhor não ir hoje à cidade.”

É importante notar que há notícias de que o edifício que alberga o consulado alemão na capital ucraniana foi atingido por um míssil, segundo o jornal BILD. Estes são os primeiros ataques à capital ucraniana desde Junho.

As pessoas abrigaram-se em estações de metro subterrâneo, no meio de sirenes de ataque aéreo em curso.

Numa resposta inicial, o chefe da política externa da UE, Joseph Borrell, declarou:

“Estou profundamente chocado com os ataques da Rússia a civis em Kiev e noutras cidades da Ucrânia. Tais actos não têm lugar no século XXI. Condeno-os nos termos mais fortes possíveis”.

Contudo, o vice-presidente do Conselho de Segurança russo Dmitry Medvedev publicou uma mensagem no Telegram que este é apenas o início da resposta, dizendo, de acordo com uma tradução dos meios de comunicação estatais:

“O primeiro episódio terminou. Haverá outros… Vou expressar a minha posição pessoal. O Estado ucraniano na sua configuração actual, sob um regime político nazi, representará uma ameaça constante, directa e clara à Rússia. Portanto, para além de proteger o nosso povo e proteger as fronteiras do país, o objectivo das nossas acções futuras deverá ser o desmantelamento completo do regime político da Ucrânia.”

 

 

 

Muitos analistas têm salientado que a Rússia tem estado a conter-se até este momento. Com a guerra a decorrer já há mais de sete meses, não tem havido o tipo de ataques de “choque e pavor” contra os grandes centros ucranianos, como alguns previam inicialmente.

O analista geopolítico independente Tom Fowdy descreveu a situação:

“Sinceramente, não sei o que a Ucrânia, os seus líderes e os seus apoiantes esperavam quando decidiram atacar uma ponte desta importância estratégica e simbólica para os russos. Eles estão a forçar a mão de Putin, mesmo quando ele tem sido bastante letárgico a jogá-la”.

 

 

Os relatos prováveis de números de baixas continuarão a aumentar ao longo do dia, à medida que os danos forem sendo avaliados. O The Hill relata, com base em fontes locais:

“Foram registas pelo menos cinco mortes de civis e 12 pessoas foram feridas em Kiev na segunda-feira, uma vez que pelo menos 83 mísseis foram disparados sobre o país.”

As forças armadas da Ucrânia afirmaram que as defesas aéreas conseguiram abater 43 mísseis.