Se o leitor tinha uma carteira de investimentos em bitcoin, é capaz de ter perdido dinheiro nos últimos dias. Por uma razão muito simples: uma parte substancial dos capitais existentes nesta divisa desapareceram completamente. Puf.

Mas o que aconteceu realmente com o mercado das criptomoedas?

No centro do furacão está um dos primeiros financiadores do Partido Democrata americano, Sam Bankman-Fried, o CEO da FTX e responsável por um esquema fraudulento de divisas e transacções criptográficas.

A 8 de Novembro, Bankman-Fried anunciou no Twitter que a FTX tinha ficado sem dinheiro para processar o aumento de levantamentos dos seus clientes. A FTX congelou imediatamente os levantamentos e o resultado foi um buraco de 10 a 50 mil milhões de dólares, uma vez que milhões de investidores em divisas cripto ficaram com as suas contas congeladas e pouca ou nenhuma esperança de recuperar os seus fundos. Poucas horas após o congelamento dos activos dos clientes FTX, o património líquido de Bankman-Fried e da corretora que dirigia evaporou-se, na maior perda de património líquido num único dia da história dos mercados financeiros: mais de 15 mil milhões de dólares traduziram-se em nada, zero, pó de coisa nenhuma.

E como é que isto foi possível?

A 6 de Novembro, tornou-se do conhecimento público que a FTX tinha várias e significativas posições financeiras que estavam em perigo de desabar completamente. Esta notícia criou um aumento nos levantamentos dos capitais investidos na bolsa FTX, uma vez que alguns clientes ficaram preocupados que a empresa pudesse ficar sem fundos se as suas posições precárias ruíssem.

A FTX também tinha a sua própria moeda cripto (a FTT) que tinha uma valorização de vários milhares de milhões de dólares e era utilizada principalmente como forma de investir na bolsa da empresa, com benefícios como taxas mais baixas na plataforma de negociação. Na sequência da notícia de que as posições FTX estavam em perigo, o preço do FTT começou a descer à medida que os investidores despejavam os seus investimentos nos mercados.

Um dos maiores detentores de FTT foi outra grande bolsa de divisas criptográficas chamada Binance. A Binance começou a vender as suas grandes posições de FTT no mercado aberto até que toda a deprimente realidade foi desvendada. Incapaz de suportar a pressão, a FTX  foi à falência enquanto o diabo esfregava o seu olho cego.

Nos dias que se seguiram ao colapso do FTX, surgiram mais pormenores sobre como Bankman-Fried defraudou os investidores. Os clientes que depositaram fundos para negociar na bolsa FTX foram muito simplesmente roubados pelo CEO da corretora, que entretanto desperdiçou esses capitais em investimentos arriscados e/ou insanos, doações políticas e um estilo de vida extravagante. Considerado pelo establishment e pela imprensa mainstream como “o Michael Jordan da cripto moeda”, o rapaz não passava de um trapaceiro. Mas como participava forte e feio no sistema montado pelo aparelho democrata, que historicamente sempre se envolveu com o pior que Wallstreet tem para oferecer ao mundo, foi glorificado como um semi-deus da alta finança cibernética.

 

 

De facto, o agora caído em desgraça CEO da FTX foi extremamente activo no financiamento do Partido Democrata, comparticipando muitas das suas campanhas mais importantes, incluindo, claro, a de Joe Biden em 2020. Bankman-Fried reuniu-se com os principais democratas e reguladores em várias ocasiões, numa tentativa de influenciar a regulação do mercado de cripto-moedas. Tanto Bankman-Fried como o seu pai são próximos de proeminentes figuras do aparelho democrata como Bill Clinton e Elizabeth Warren.

Bankman-Fried foi o segundo maior contribuinte individual dos Democratas nas eleições intercalares de 2022, tendo doado mais de 36 milhões de dólares aos candidatos do partido, e apenas 235.200 dólares aos republicanos. Doou a um punhado de candidatos do Partido Democrático através de um fundo de financiamento de candidaturas para cargos públicos (PAC) chamado “Protect Our Future”. A missão declarada deste PAC era o de apoiar os candidatos que seriam “campeões da prevenção de pandemias”, contribuindo com somas significativas de dinheiro aos candidatos democratas Lucy McBath e Carrick Flynn, e vários outros.

Outras doações notáveis da Bankman-Fried incluem centenas de milhares de dólares para o Comité Nacional Democrático, bem como um par de contribuições individuais para os Republicanos John Boozman (R-Ark.) e John Hoeven (R-N.D.), ambos considerados RINO (Republicans In Name Only). A sua maior contribuição, totalizando mais de 10 milhões de dólares e feita através do PAC “Protect Our Future”, foi atribuída ao candidato democrata ao Congresso Carrick Flynn, que perdeu a sua candidatura nas eleições primárias por margens significativas.

 

 

Estas exorbitantes doações aos Democratas só podem ter sido feitas à custa dos investidores. Detalhes revelados sobre o funcionamento interno da FTX indicam que  Bankman-Fried usou e abusou dos capitais dos seus clientes, utilizando esses capitais como colateral de créditos bancários monumentais, alavanca para negociatas sem nexo e motor de toda uma filosofia de más prácticas comerciais e crimes financeiros.

Bankman-Fried não tinha aparentemente qualquer intenção de parar ou reduzir a intensidade das fraudes que a FTX cometia com alarvidade surreal. Num recente podcast, declarou que iria atirar à rua mil milhões de dólares de dólares em financiamentos da corrida presidencial de 2024. Se a FTX não tivesse caído estrondosamente entretanto, o Partido Democrata americano teria certamente encontrado neste agente tresloucado uma bela máquina de debitar dólares.

Mas como Deus sofre de insónia, são agora os democratas, que tinham estreitos laços financeiros com a FTX, e constituíam na verdade uma boa fatia do seu grupo de investidores, que ficaram a arder com muitos milhões. What goes around, comes around.

O problema porém é que os pequenos e médios investidores em bitcoin de todo o mundo vão também pagar o preço da insanidade FTX. E nem sequer está fora da equação que entretanto a desgraça da divisa cibernética caia endémica sobre os mercados monetários e financeiros convencionais.

E dado o panorama económico global, era mesmo só isto que faltava.