Apesar das fanfarronices do anão Napoleão, um recente estudo analítico mostra que a Força Aérea Francesa tem uma reserva tão pequena de mísseis e outras munições que duraria apenas três dias de combate intenso em condições de guerra moderna. No que diz respeito aos mísseis do tipo Meteor, o stock disponível mal daria para um dia de combate.

Além disso, a esquadra da Força Aérea Francesa consiste apenas em aviões de quarta geração. Mesmo o melhor avião de combate francês, o Rafale, tem mostrado sérias dificuldades durante os exercícios de treino contra os caças de quinta geração de hipotéticos adversários.

Mais especificamente, o instituto analítico francês Institut Français des Relations Internationales (IFRI) publicou um extenso relatório sobre o estado actual da aviação de combate francesa. O texto completo está disponível aqui.

No que diz respeito às reservas francesas de munições aéreas, os especialistas sublinham que esta questão já se tornou um problema crónico. Mesmo a campanha aérea contra o regime de Muammar Kadhafi na Líbia, em 2011, demonstrou a necessidade de maiores reservas de bombas guiadas, mísseis ar-ar e mísseis de cruzeiro.

Esta não é apenas uma preocupação abstracta, afectando directamente a capacidade da Força Aérea Francesa de penetrar em zonas bem defendidas em potenciais conflitos contra a Rússia ou a China, mantendo simultaneamente as capacidades de defesa aérea.

Os analistas do IRFI salientam ainda que a França nem sequer reabasteceu os seus stocks de mísseis de cruzeiro SCALP-EG e de mísseis terra-ar Aster 30, que foram fornecidos à Ucrânia como parte da ajuda militar. Esta questão põe ainda mais em evidência a capacidade limitada das forças armadas francesas para conduzir uma guerra aérea moderna.

Os peritos salientam outro ponto crítico: a França desperdiçou a sua oportunidade histórica quando, em vez de desenvolver um caça de quinta geração no início da década de 1990, optou por se concentrar no Rafale como uma aeronave de quarta geração. Como resultado, a Força Aérea Francesa recebeu um avião de combate de alto desempenho que, no entanto, não responde totalmente aos desafios da guerra moderna – especialmente em termos de capacidades furtivas.

Além disso, a electrónica de bordo do Rafale necessita de actualizações constantes, sobretudo tendo em conta os resultados de vários exercícios de treino que envolvem batalhas aéreas simuladas em diferentes cenários.

De acordo com o manual do The Military Balance, no início do ano passado, a França tinha cerca de 90 aviões Mirage 2000 de várias modificações, 95 aviões Rafale de diferentes versões na sua Força Aérea, 20 aviões Rafale B designados como portadores de armas nucleares e outros 20 aviões Rafale no ramo de aviação da Marinha Francesa. 245 aviões de combate. Estima-se que a Rússia dispões de cerca de 1.500.

Como sublinham os analistas do IRFI, a França não desenvolveu sistematicamente as capacidades da sua aviação de combate porque confiou demasiado no seu arsenal de dissuasão nuclear, que pode ser difícil de utilizar na prática.

As conclusões e recomendações do relatório são as seguintes:

– Modernizar a frota de aeronaves existente, centrando-se nas perspectivas a médio prazo.
– Alterar a abordagem de armazenamento de munições aéreas, dando prioridade à intensidade das potenciais operações de combate e não apenas ao número de aeronaves disponíveis.
– Tirar a aviação de combate da espiral de custos ditada pela Lei de Augustine e adoptar uma abordagem mais equilibrada de “custo-eficácia” na aquisição de novas plataformas aéreas.

 

Forças armadas francesas com munições para “umas poucas semanas” apenas.

O jornal Le monde já em 2023 tinha alertado para um relatório de 17 de Fevereiro desse ano, emitido pela Comissão da Defesa Nacional e das Forças Armadas da Assembleia Nacional, que revelava que as forças armadas francesas não dispõem de munições suficientes (cartuchos, mísseis, torpedos, etc.) para sustentar uma guerra de alta intensidade.

Nessa altura, a informação já nem era nova, mas a guerra na Ucrânia tornou-a mais urgente. Os deputados Vincent Bru (MoDem) e Julien Rancoule (RN) escreveram no seu relatório:

“O fornecimento de munições do exército francês tem vindo a diminuir desde o fim da Guerra Fria e parece ter-se tornado insustentável, tanto em termos da estratégia actual como das ambições militares da França.”

Com o fim da Guerra Fria, os arsenaisfranceses foram modificados para cumprir os compromissos expedicionários e as munições tornaram-se “uma variável de ajustamento orçamental”, segundo referem os deputados. Desde 2011, 6 dos 20 depósitos de munições em França foram encerrados. Embora o nível exacto do abastecimento seja confidencial, está no seu nível mais baixo e não duraria mais do que algumas semanas em caso de conflito.

A Direcção de Informações Militares, num outro relatório parlamentar publicado em 2022, comentou nestes termos a prontidão do exército francês:

“Há razões para recear que alguns dos nossos inimigos possam ser capazes de nos derrotar.”

É com esta magnitude militar que Macron quer comandar a Europa na sua cruzada para “enfraquecer” a Rússia.

Boa sorte e que Deus nos proteja.