Depois de especular que a queda de Bashar Al-Assad traria a “jihad moderada” à síria, a BBC destacou a forma como milhares de sírios compareceram deveras “entusiasmados” às execuções sumárias e públicas de cidadãos ligados ao regime deposto.

Desde que o líder rebelde sírio Abu Mohammed al-Jolani levou os seus militantes a derrubar o governo de Assad, a imprensa corporativa tem estado ocupada a apresentar al-Jolani e os seus camaradas como indivíduos ocidentalizados e tolerantes, em vez de terroristas e facínoras, que é o que eles são, tendo al-Jolani adoptado até a retórica dos departamentos de Recursos Humanos das corporações ocidentais ao declarar, risivelmente:

“A diversidade é uma força”.

No início desta semana, a BBC afirmou que al-Jolani e os seus combatentes do HTS iriam dar início a uma forma de “jihad moderada”, apesar de o líder rebelde ter estado ligado ao ISIS e à Al-Qaeda, e ter colocado anteriormente explosivos à beira da estrada destinados a rebentar com as tropas americanas no Iraque.

Aparentemente, uma das manifestações desta “jihad moderada” são as execuções públicas extrajudiciais.

Jeremy Bowen, da mesma BBC, relatou como um enorme grupo de sírios se reuniu para ver um dos agentes dos serviços secretos militares de Assad ser enforcado publicamente.

Milhares de sírios, incluído crianças, reuniram-se no local em histeria colectiva na expectativa de verem o indivíduo ser executado.

A BBC noticiou que a multidão “lutava pela melhor posição, sem querer perder nada” e partilhava um “forte sentimento de excitação e expectativa” perante a perspectiva de assistir ao enforcamento.

“Não querem apenas que seja feita justiça, querem vê-la a ser feita”, disse Bowen, que parecia partilhar do entusiasmo da turba.

Outro exemplo de “jihad moderada” teve lugar quando o Hayat Tahrir al-Sham (HTS) destruiu o túmulo do falecido presidente Hafez al-Assad, que continha também os restos mortais da sua mulher e do seu filho mais velho, incendiando-o.

 

 

Entretanto, desde o derrube de Assad, têm surgido inúmeros vídeos horríveis de militantes rebeldes sírios a executarem a sangue frio alegados simpatizantes de Assad.

 

 

Se isto é a “jihad moderada”, o que será a jihad imoderada?

Como o Contra já noticiou, Abu Mohammad al-Julani, o líder de facto da Síria após a queda de Bashar al-Assad, declarou em 2018 que sua organização Hayʼat Tahrir al-Sham (HTS) – uma reformulação da al-Nusra, um braço da Al-Qaeda – pretendia tomar não apenas Damasco, mas também Jerusalém. Em 2017, o governo dos EUA ofereceu dez milhões de dólares pela captura do homem que agora considera um aliado.