Os Democratas estão na fase inicial de uma guerra civil por causa da derrota esmagadora a que a Vice-presidente Kamala Harris foi submetida pelo Presidente eleito Donald J. Trump. Um alto funcionário da campanha Harris-Walz atirou o ónus do desastre ao Presidente Joe Biden, dizendo que ele “terá muita da culpa” pela derrota e que deve ser por isso responsabilizado.
Biden foi largamente marginalizado pela campanha de Harris-Walz depois de ter sido forçado a sair da corrida pelas elites do DNC, com Nancy Pelosi e Barak Obama à cabeça do processo. No entanto, uma intervenção tardia de Biden que rotulou as dezenas de milhões de eleitores de Trump como “lixo” – exacerbada por uma tentativa fracassada da sua equipa em adulterar a transcrição oficial que registava a difamação – tornou-se viral nos últimos dias da campanha. A campanha de Trump capitalizou rapidamente o facto, organizando um evento de campanha em que Trump apareceu no habitáculo de um caminhão de lixo e participou num comício vestido como um funcionário de recolha de resíduos urbanos.
Alguns membros do Partido Democrata queixam-se de que Biden, de 81 anos, ficou demasiado tempo na corrida presidencial e escondeu do partido o seu diminuído estado cognitivo. Um doador democrata questionou esse comportamento nestes termos:
“Porque é que Joe Biden se aguentou tanto tempo? Ele não devia ter escondido os seus problemasde saúde e devia ter desistido muito mais cedo”.
Nas últimas horas, grupos de debate na CNN e na MSNBC têm sido palco para discussões sobre a responsabilidade dos miseráveis resultados eleitorais de Kamala, que não conseguiu obter números superiores aos que Biden obteve em 2020 em nenhum estado da federação. A procura por um bode expiatório é agora uma obsessão do Partido Democrata. E enquanto alguns dos comissários liberais-leninistas tentam encontrá-lo nos seio do seu partido, outros atribuem a razão da redonda vitória de Trump ao ‘racismo sistémico’ e à misoginia dos conservadores, embora uma análise demográfica à vitória republicana demonstre que mais mulheres e mais eleitores não brancos votaram Trump em 2024 do que em 2016 e 2020.
‘Jornalistas’ e ‘peritos’: entre equívocos e ressentimentos.
A imprensa corporativa, nos Estados Unidos tanto como na Europa, está também com visíveis dificuldades em aceitar e racionalizar a vitória republicana. O exemplo máximo dessa indigestão será talvez esta manchete do britânico The Guardian:
É como tantas vezes afirmamos aqui no Contra: é difícil desprezar os ‘jornalistas’ corporativos tanto como eles merecem.
Entretanto, os peritos das sondagens, que estavam errados em 2016, equivocados em 2020 e enganados de novo em 2024, desapareceram da paisagem mediática. Considerando que Trump ganhou o voto popular por cinco milhões de votos e venceu em todos os estados-chave, e que estes embusteiros prometiam uma eleição super renhida, que só se decidiria dias depois do acto eleitoral, será que ainda alguém vai acreditar neles no próximo ciclo eleitoral dos Estados Unidos?
Megyn Kelly e os seus convidados do podcast Fifth Column comentam a falência de’ jornalistas’ e ‘peritos’, num segmento imensamente divertido, principalmente nos seus primeiros minutos.
Kamala Harris concede a eleição presidencial.
Entretanto, a vice-presidente Kamala Harris concedeu a eleição presidencial de 2024 ao presidente eleito Donald J. Trump. De acordo com um assessor democrata sénior, Harris telefonou a Trump e felicitou-o pela sua vitória histórica. A vice-presidente terá discutido com o presidente eleito a importância da transferência pacífica do poder, o que poderá indicar que os democratas do Congresso estão a recuar nas ameaças de não certificar os resultados das eleições.
Apesar dos resultados da noite eleitoral sugerirem que a vitória de Trump era praticamente inevitável, Harris não falou aos seus apoiantes em tempo real, guardado as declarações e a aceitação da derrota para ontem à tarde.
Trump obteve uma vitória esmagadora nas eleições de 5 de Novembro, vencendo em todos os principais estados-chave, enquanto o Partido republicano terá conseguido atingir maiorias nas duas câmaras do Capitólio. Tendo servido como presidente de 2017 a 2021, a vitória de Trump fará dele apenas o segundo americano a servir dois mandatos não consecutivos na Casa Branca.
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