A Adidas organizou uma gala privada para a apresentação do novo equipamento da selecção nacional de futebol da Argélia na cidade portuária de Marselha, no sul de França, tendo o evento sido considerado um sucesso “em todos os sentidos”.

Dada a transformação demográfica a que a França foi submetida (o país tem a maior população muçulmana de toda a Europa), a Adidas considerou que este era o território apropriado para celebrar a revelação dos uniformes argelinos.

Em relação a Marselha, Valentin Schmitt, director territorial para França da Prod Diret Soccer, afirmou:

“Foi uma escolha óbvia, uma vez que é a cidade francesa com a maior comunidade argelina. Marselha é uma verdadeira cidade do futebol: O lançamento da nova camisola da Argélia fazia sentido”.

 

 

Como o Le Provence reportou:

“No sábado à noite, uma pequena parte do Cours Honoré d’Estienne d’Orves foi transformada num espaço oriental. Tendas, tapetes tradicionais, decorações, música, comida… A cultura argelina estava magnificamente representada”.

A cultura francesa, não. Mas estamos em Marselha, a cultura francesa não é para aqui chamada. Embora talvez fosse pertinente perguntar aos responsáveis da Adidas que motivos estão por trás da decisão de não apresentar o novo equipamento argelino… Na Argélia.

Um dos participantes do evento afirmou:

“Somos uma cidade desportiva que adora futebol e tem uma forte diáspora argelina. É uma atmosfera argelina com cuscuz”.

Gauthier Denglos, director comercial da Adidas, afirmou a propósito:

“Quisemos trabalhar localmente em todos os sentidos da palavra. Mesmo em termos de organização, uma vez que foi uma agência de Marselha, a KoolGang, que supervisionou o evento. Isto foi feito da mesma forma que preparámos a campanha, entre a Argélia e Marselha. Tínhamos este desejo comum de destacar este país, fazendo a ligação entre a cultura e o desporto. Tudo isto em estreita colaboração com a Federação Argelina”.

A Adidas contratou rappers como Algérino e o YouTuber Mohamed Henni para participarem no evento.

No entanto, o multiculturalismo em Marselha não se resume a cuscuz e a festas com camisolas de futebol. É também uma das cidades mais pobres de França, que se tornou o centro de uma sangrenta guerra entre gangues traficantes de droga. Ainda na semana passada, um jovem de 15 anos foi esfaqueado 50 vezes e queimado vivo depois de ter sido contratado pela máfia argelina DZ para atacar um rival. Poucos dias depois, num ataque de retaliação, um jovem de 14 anos matou um estafeta inocente, depois de este se ter recusado a levá-lo a assassinar um membro do “clã dos negros”.

No entanto, empresas como a Adidas passam por cima da violência por razões óbvias. A empresa, que no que se refere à religião woke e ao dogma da diversidade é mais papista que o papa, recorreu ao X para publicitar a sua camisola em francês.

“Esta camisola. Somos nós. És tu”, escreveu a Adidas France.

 

 

Os emigrantes argelinos em França torcem pela equipa de futebol do seu país natal em detrimento do país que os recebeu, claro. De facto, quer a equipa argelina ganhe ou perca, há sempre motins massivos em França envolvendo imigrantes argelinos.

Escusado será dizer que o maior número de argelinos do mundo vive actualmente na Argélia (por enquanto), onde também e naturalmente se encontra a sede a sua equipa nacional de futebol (até ver).

Mas nada disto é de espantar, se considerarmos que a selecção de futebol francesa apresentou no Euro deste ano uma linha inicial com apenas três franceses nativos.

Substituição demográfica e cultural, à vista de quem tiver olhos para ver.