A Irlanda está a braços com uma crise migratória e a resposta do Governo é a deslocação de um número crescente de recém-chegados para pequenas comunidades rurais – quer os habitantes locais concordem ou não.
Numa estratégia que se verifica em muitos países ocidentais, o Governo irlandês está a tentar deslocar cada vez mais imigrantes para a província. Um dos mais recentes planos consiste em transferir 280 requerentes de asilo para Dundrum, uma aldeia no condado de Tipperary com uma população de apenas 165 habitantes.
A mudança provocou a indignação da comunidade local, que se envolveu na polémica sobre o novo centro de refugiados. Se todos os imigrantes forem colocados como planeado, a sua população será 70% superior à população local.
O governo planeia converter o hotel Dundrum House num complexo de alojamento que albergará 280 imigrantes. Planos semelhantes deram origem a protestos e motins generalizados no subúrbio de Coolock, em Dublin, tendo os habitantes locais incendiado equipamentos de construção e lutado com a polícia.
🇮🇪🚨 BREAKING:
Police pepper spray protesters and make arrests in Coolock, Ireland, after locals burned equipment being used to construct new migrant housing.
The Irish have taken arguably the most aggressive stance against migration in all of Europe. pic.twitter.com/jETAKUCaci
— Remix News & Views (@RMXnews) July 15, 2024
Os residentes manifestaram-se chocados com a dimensão da proposta e uma reunião pública para discutir as preocupações da comunidade contou com a presença de 300 pessoas de outras cidades do condado de Tipperary.
Esta controvérsia surge também depois de grandes distúrbios em cidades como Roscrea e Clonmel por causa de centros de refugiados de grande escala, que resultaram em incidentes que fizeram manchete, incluindo vários ataques incendiários no local de Clonmel.
Os residentes de Dundrum apelaram ao “bom senso” na determinação da escala dos planos de alojamento local. Os políticos locais também estão furiosos com a proposta, observando que a aldeia não tem recursos nem infra-estruturas para alojar tantos forasteiros, especialmente quando os serviços locais já estão no seu limite.
O conselheiro municipal independente Liam Browne disse estar “consternado” com a falta de comunicação com os residentes, enquanto o conselheiro municipal do Fine Gael, Declan Burgess, descreveu como “profundamente preocupante” o facto da comunidade não ter sido informada sobre decisões que a afectam directamente.
No entanto, o Ministro da Integração pró-imigração e novo líder do Partido Verde, Roderic O’Gorman, não deu sinais de recuar. O ministro afirmou que o Departamento de Integração planeia avançar com o alojamento no hotel Dundrum House, apesar dos protestos locais.
Alguns observadores e políticos têm notado que, à medida que aumenta a pressão em Dublin para alojar os imigrantes, incluindo protestos em grande escala, o governo parece estar a empurrar os recém-chegados para o campo, onde as pequenas localidades não têm massa crítica para impactar mediática e politicamente as políticas do governo.
Criticando a ausência de uma avaliação das necessidades locais e de planos para os serviços essenciais, e questionando a forma como as famílias dos imigrantes se integrariam, especialmente no que diz respeito aos cuidados infantis e aos cuidados de saúde, Browne disse à imprensa:
“Temos vindo a dizer desde o início que são demasiadas pessoas para uma área demasiado pequena. O médico já disse que não vai aceitar novos pacientes, simplesmente não tem capacidade para o fazer. O governo parece pensar que temos de tirar estas pessoas de Dublin e colocá-las numa zona rural… Mas esta não é uma política eficaz de imigração ou de procura de asilo. A situação está a tornar-se numa verdadeira catástrofe”.
Planos semelhantes estão a ser lançados numa grande variedade de países, incluindo Espanha e França, onde os protestos locais se revelam por vezes eficazes contra os planos de recolocação de imigrantes. Em muitos casos, o Governo francês pretende transferir um grande número de imigrantes para cidades isoladas, com os habitantes locais a manifestarem preocupações quanto à integração e à sobrecarga dos serviços locais.
Estes esforços em grande escala para deslocar os migrantes para as zonas rurais têm sido frequentemente referidos para apoiar as afirmações, assertivas, de que a substituição demográfica está, de facto, a acontecer na Europa, o que pressupõe que as populações europeias nativas estão a diminuir, enquanto as populações estrangeiras oriundas do Médio Oriente, da Ásia e de África estão a substituir os europeus, tanto mais que as taxas de natalidade entre imigrantes e nativos têm um diferencial muito significativo, a favor das populações imigrantes.
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