A França já enviou cerca de uma centena de soldados da Legião Estrangeira para o campo de batalha na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, e tenciona reforçar este contingente num futuro próximo para cerca de 1.500 homens.
Um antigo secretário adjunto da Defesa dos EUA Stephen Bryen escreveu na sua plataforma do Substack:
“A França enviou oficialmente as suas primeiras tropas para a Ucrânia”.
Aparentemente, o anão do Eliseu, ensandeceu de vez.
Segundo Stephen Brye, que não tem a reputação de inventar factos, os militares franceses estão já muito próximos da frente de batalha: o contingente inicial, composto por especialistas em artilharia e reconhecimento do Terceiro Regimento de Infantaria da Legião Estrangeira, seria destacado “para apoiar a 54ª brigada mecanizada independente ucraniana na cidade de Slovyansk”, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia.
Em Slovyansk, as forças russas bombardearam uma central termoeléctrica durante o fim de semana. Segundo Bryen, os militares franceses
“foram enviados directamente para uma zona de combate quente, a fim de ajudar a Ucrânia a resistir ao avanço russo em Donbass”.
A presença de forças francesas no leste da Ucrânia pode representar a passagem definitiva da linha vermelha de Moscovo relativamente ao envolvimento directo da NATO no conflito, alertou o antigo subsecretário.
A decisão da França – disse Bryen – “tem dois significados, para além do óbvio, ou seja, o potencial desencadeamento de uma guerra pan-europeia”. O primeiro é que Emmanuel Macron conseguiu enviar soldados para a Ucrânia “sem entrar em conflito com a verdadeira oposição interna”, aproveitando também o facto de, à excepção dos oficiais, a Legião Estrangeira ser constituída quase exclusivamente por cidadãos não franceses.
Além disso, segundo Bryen, a decisão de Macron de enviar soldados para a Ucrânia seria uma espécie de retaliação pela “humilhação sofrida pelo Eliseu” após a expulsão progressiva de Paris da África subsaariana, “e a sua substituição pela Rússia” nessa região. Para a França, sublinha o antigo secretário de Estado norte-americano, o pior golpe é a perda de influência sobre o Níger, um fornecedor muito importante de urânio para o país europeu, que produz 70% da sua electricidade através de centrais nucleares.
Esta notícia surge num momento em que a linha vermelha de um confronto directo entre a Rússia e o bloco ocidental parece estar a milímetros e as tensões diplomáticas nunca estiveram assim tão altas, desde que a Rússia iniciou a operação militar na Ucrânia.
Como o Contracultura noticiou ontem, o embaixador Pierre Levy foi convocado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, juntamente com o enviado britânico Nigel Casey, no contexto de animosidades crescentes sobre o conflito na Ucrânia.
De acordo com o comunicado russo sobre a reunião com Levy, a abordagem “destrutiva e provocadora” da França foi severamente criticada, já que a “retórica beligerante” da liderança francesa e as declarações provocatórias em torno do conflito na Ucrânia estão a levar a uma nova intensificação das tensões.
O embaixador Nigel Casey foi chamado ao ministério na sequência das declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, à Reuters, segundo as quais a Ucrânia tem o direito de utilizar mísseis de longo alcance enviados pelo Reino Unido para atacar o interior da Rússia.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo emitiu um comunicado após a reunião, em que podemos ler:
“Casey foi avisado de que a resposta aos ataques ucranianos que utilizem armas britânicas em território russo poderá ser qualquer instalação e equipamento militar britânico no território da Ucrânia e não só”.
No caso de ser comprovado que as forças francesas estão a combater directamente as forças russas, o pior dos cenários estará em cima da mesa.
Os dois alexandres do The Durant, que são a fonte de informação sobre o conflito ucraniano mais fidedigna da actualidade, comentam a explosiva situação em que nos encontramos, todos, agora.
Relacionados
18 Set 24
9 mortos e 2800 feridos: Mossad faz explodir pagers no Líbano.
Numa operação de grande eficácia psicológica e operacional, mas eticamente problemática, as forças israelitas fizeram detonar milhares de pagers que alegadamente pertenciam a membros do Hezbollah. O ataque irá intensificar ainda mais, se possível, as tensões no Médio Oriente.
13 Set 24
Hora zero do apocalipse: Biden levanta restrições sobre o uso de mísseis balísticos ocidentais contra território russo.
A decisão de autorizar os ucranianos a utilizarem armas ocidentais para atingir com profundidade o território da federação russa pode muito bem ficar para a história como o momento em que a Terceira Guerra Mundial se tornou inevitável.
2 Set 24
Sergei Lavrov alerta os EUA para a possibilidade da Terceira Guerra Mundial.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia lançou um aviso aos EUA, afirmando que o Ocidente estava a “pedir sarilhos” ao considerar os pedidos ucranianos de utilização de armas fornecidas pelo Ocidente para realizar ataques em solo russo.
22 Ago 24
O princípio do fim? Alemanha vai acabar com a ajuda militar à Ucrânia.
No rescaldo de uma reportagem do Wall Street Journal, que responsabiliza os ucranianos pela destruição do Gasoduto Nordstream, o governo alemão decidiu cortar qualquer financiamento futuro à Ucrânia. A reportagem é risível, mas a decisão é significativa.
20 Ago 24
Mudança de tom: Imprensa estatal russa afirma agora que “a Ucrânia simplesmente não deveria existir”.
Os meios de comunicação social estatais russos estão a rever o tom do seu discurso na sequência da invasão ucraniana da região de Kursk e um artigo de uma propagandista do Kremlin propõe muito claramente a extinção da Ucrânia.
19 Ago 24
Talibãs organizam grandioso desfile militar com o equipamento que o regime Biden deixou no Afeganistão.
Os extremistas talibãs exibiram uma enorme quantidade de equipamento militar americano, numa extensa e aparatosa parada, lembrando ao mundo o fracasso catastrófico que foi a retirada, levada a cabo pelo regime Biden, do Afeganistão, em 2021.