Disse-lhe, então, Pilatos: Não me respondes? não sabes que tenho autoridade para te soltar, e autoridade para te crucificar?
Jesus respondeu: Não terias nenhuma autoridade sobre mim se esta não te fosse dada de cima. Por isso, aquele que me entregou a ti é culpado de um pecado maior.
João 19:10-11

 

A Câmara dos Representantes, liderada pelo Partido Republicano e pelo seu insuportável speaker Mike Johson, aprovou uma lei de ‘discurso de ódio’ que pode ilegalizar certos versículos do Novo Testamento e entra em clara ruptura não só com os fundamentos cristãos da federação americana como com a sua Constituição, já que a Primeira Emenda diz, textualmente, isto:

O Congresso não fará nenhuma lei respeitando um estabelecimento de religião, ou proibindo o seu livre exercício; ou restringindo a liberdade de expressão ou de imprensa; ou o direito do povo de se reunir pacificamente e de apresentar petições ao Governo para a reparação de queixas.

No contexto dos protestos em mais de 40 faculdades dos EUA, exigindo o fim da violência em Gaza e do apoio de Washington a Israel, que levaram à eclosão de confrontos violentos e à prisão de centenas de pessoas, quando a polícia avançou para dispersar as concentrações, o Congresso decidiu aprovar legislação sobre ‘discurso de ódio’ que define o antissemitismo em termos incrivelmente amplos e usa essa definição ampla “para a aplicação de leis federais anti-discriminação relativas a programas ou actividades de educação e para outros fins”.

O Antisemitism Awareness Act (H.R. 6090), usa a definição de antissemitismo adoptada pela International Holocaust Remembrance Alliance (IHRA) em 2016. Esta definição é extremamente abrangente e inclui “negar ao povo judeu o seu direito à autodeterminação”, por exemplo, “aplicar dois pesos e duas medidas” a Israel e “acusar os cidadãos judeus de serem mais leais a Israel, ou às alegadas prioridades dos judeus em todo o mundo, do que aos interesses das suas próprias nações”.

Outras acções anti-semitas mencionadas no projecto-lei incluem fazer alegações “sobre uma conspiração judaica mundial e ou de judeus que controlam os meios de comunicação social, a economia e o governo”, bem como “fazer comparações da política israelita contemporânea com a dos nazis”.

A lei também define como antissemita a “utilização de símbolos e imagens associados ao antissemitismo clássico (por exemplo, alegações de que os judeus mataram Jesus ou difamação de sangue) para caracterizar Israel ou os israelitas”.

Acontece que, ao abrigo desta última determinação, alguns versículos no Novo Testamento, nomeadamente nos Evangelhos e nos Actos dos Apóstolos, e na verdade toda a história que leva à Paixão de Cristo, são ilegalizados pelo unipartido de Washington e o correspondente grupo de interesse sionista. Será preciso lembrar que Pôncio Pilatos, o governador romano, tentou repetidamente libertar Jesus, tendo sido forçado à sua condenação pelos sacerdotes, sob o argumento que pela lei judaica ele deveria morrer? Por seu lado, Jesus disse claramente ao governador romano que aqueles que o entregaram tinham cometido um pecado maior do que aquele cometido por Pilatos.

Aliás, se o antissemitismo for canonizado nos termos desta lei, o ContraCultura, que é apenas anti-sionista, passa a ser uma publicação antissemita, já que:

– Considera factual que a comunidade judaica americana tem uma influência desproporcional na política, na cultura e na economia dos Estados Unidos em particular e do Ocidente em geral;

– Considera que os grupos de interesse judaicos são de facto mais leais ao estado de Israel do que aos países onde estabeleceram as suas comunidades;

– Considera que a agenda do regime Netanyhau objectiva o extermínio de faixas significativas da população palestiniana ou o seu êxodo para a Europa (circunstâncias assumidas até pelos responsáveis do governo sionista); e assim sendo, as comparações com outros regimes que alimentaram projectos de genocídio étnico não é despiciente;

– Responsabiliza sem reticências os fariseus pela processo que levou à tortura e crucificação de Cristo.

O projecto-lei, que foi aprovado por 320 votos contra 91, com 70 democratas e 21 republicanos a votarem contra, suscitou preocupações entre os conservadores do movimento America First, que observaram que a lei viola a Primeira Emenda, criminaliza a fé cristã e faz um favor enorme (mais um) a Joe Biden que até agora tinha suportado o peso da ira dos manifestantes pró-palestinianos, prejudicando a sua posição entre os eleitores muçulmanos e os mais jovens, fundamentais para as suas perspectivas eleitorais em estados decisivos como o Michigan.

O fundador do Turning Point USA, Charlie Kirk, comentou a este propósito:

“É claramente insano que os republicanos da Câmara dos Representantes se insiram no caos que envolve os campus universitários. Não interrompam os vossos inimigos quando eles estão a cometer um erro! Em vez de aprovarem leis contra a liberdade de expressão que espezinham a Primeira Emenda ou de se colocarem atrás de um pódio em Columbia, deixem que a esquerda continue a envergonhar-se a si própria”

Até Matt Walsh, que tem como patrão o sionista Ben Shapiro, já que trabalha para a plataforma Daily Wire, manifestou o seu repúdio por esta iniciativa legislativa:

“A grande maioria dos republicanos acaba de votar a favor de um projecto-lei que visa criminalizar as críticas ao governo israelita. Se o projecto-lei for aprovado, será considerado culpado de discurso de ódio quem ‘aplicar dois pesos e duas medidas’ ao governo de Israel ou o acusar de genocídio. Esta é, honestamente, uma das peças legislativas mais insanas que já vi.”

 

 

Marjorie Taylor Green, a representante populista que é geralmente uma voz dissidente na bancada republicana, afirmou:

“O antissemitismo é errado, mas não vou votar hoje a favor da Lei de Sensibilização para o Antissemitismo, que poderia condenar os cristãos por antissemitismo por acreditarem no Evangelho que diz que Jesus foi entregue a Herodes para ser crucificado pelos judeus.”

 

 

Do lado de cá do Atlântico, Paul Joseph Watson foi apanhado de queixo caído perante estas tristes e inacreditáveis notícias. Mas convenhamos, o caso não é para menos.

 

 

Como o ContraCultura não se cansa de advertir, o Capitólio é hoje, sem qualquer vestígio de dúvidas, uma instituição inimiga da civilização, da paz, da decência, da liberdade… E da fé cristã.