A propósito do relatório bombástico divulgado na semana passada, em que os investigadores do Congresso descobriram que Anthony Fauci visitou a sede da CIA “sem registo de entrada”, para trabalhar secretamente com a agência e com o objectivo de influenciar a investigação sobre as origens da Covid-19, vale a pena revisitar as afirmações feitas pelo cientista que colaborou no passado com a EcoHealth Alliance, Andrew Huff, sobre as supostas conexões da CIA com esta organização mafiosa e a sua relação com a pandemia.

A EcoHealth fechou contratos lucrativos para realizar experiências com morcegos Covid em Wuhan, China, mesmo depois da administração Obama proibir estudos de ganho de função em 2014. Quatro meses antes da proibição, o National Institutes of Health (NIH) transferiu essa pesquisa para a EcoHealth, liderada por Peter Daszak . A pesquisa foi protegida da supervisão do governo pelo National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID), liderado por Fauci.

O virologista Jesse Bloom disse ao The Intercept:

“Como virologista, acho que a criação de quimeras de coronavírus de morcegos relacionados com a SARS, que se acredita representarem alto risco para os humanos, acarreta riscos inaceitáveis”.

Depois que o Sars-CoV-2 eclodiu na mesma cidade onde a Ecohealth estava a manipular coronavírus, o The Lancet publicou uma argumentação de Daszak (assinada por mais de duas dúzias de cientistas), que insistia que o vírus só poderia ter surgido de um evento natural de propagação, provavelmente proveniente de um mercado de frescos, e que os cientistas se deviam unir para

“condenar veementemente as teorias da conspiração que sugerem que a COVID-19 não tem uma origem natural”.

Lamentavelmente, o Lancet só mais tarde, tarde demais, notou os conflitos de interesse evidentes neste artigo.

Num post publicado em Janeiro de 2022 no Twitter (agora “X”), Huff, que trabalhou na EcoHealth de 2014 a 2016, afirmou:

“Eu sabia em Dezembro de 2019 que a COVID era provavelmente uma fuga de laboratório. Não só a EcoHealth Alliance é uma organização de fachada da CIA, como os Estados Unidos da América são os principais responsáveis pela COVID, não a China”.

 

 

Huff também disse à Fox Business nesse mês de Janeiro:

“Esta foi uma operação de inteligência fracassada. Na verdade, estávamos a negociar biotecnologia avançada com a China, para aceder e recolher informações sobre o seu laboratório de armas biológicas. Eu acredito nisto. Não posso provar, mas discuto uma série de indícios no livro, incluindo o facto do Dr. Peter Daszak me ter dito que trabalhou para a CIA.“

 

 

Do livro de Huff, “The Truth About Wuhan“:

“Essas discussões resultaram em publicações indicando que o Dr. Peter Daszak, presidente da EcoHealth Alliance, estava a trabalhar com a CIA, e que o agente biológico conhecido como COVID-19 estava em desenvolvimento na EcoHealth Alliance desde 2012, e outras evidências sugeriam que o SARS-CoV-2 começou a ser criado antes de 2012. O desenvolvimento do SARS-CoV-2 incluiu vários cientistas proeminentes e instituições académicas dos EUA que receberam financiamento de inúmeras agências governamentais federais e organizações não-governamentais privadas para completar o trabalho de ganho de função no SARS-CoV-2.”

Huff também postou um documento obtido pelo Project Veritas e publicado em Janeiro de 2022, supostamente de autoria (não negada) do major Joseph Murphy (USMC), que afirma que

“A SARS-CoV-2 é uma vacina recombinante de morcego criada nos Estados Unidos (…) por um programa da EcoHealth Alliance no Instituto de Virologia de Wuhan.”

 

 

O Project Veritas obteve um relatório separado dirigido ao Inspector Geral do Departamento de Defesa e escrito pelo Major do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Joseph Murphy, ex-bolsista da DARPA.

O relatório afirma que a EcoHealth Alliance abordou a DARPA em março de 2018, procurando financiamento para realizar pesquisas de ganho de função de coronavirus transmitidos por morcegos. A proposta, denominada “Project Defuse”, foi rejeitada pela DARPA por questões de segurança e pela noção de que violava a moratória de pesquisa de ganho de função da administração Obama.

De acordo com os documentos, a NAIAD, sob a direção do Dr. Fauci, prosseguiu com a pesquisa em Wuhan, e em vários locais nos EUA.

Huff também entregou um relatório ao Congresso (pdf), sob juramento, que afirma:

1. O SARS-COV2 foi criado no laboratório em Wuhan, China;
2. Anthony Fauci financiou a criação do SARS-COV2 e mentiu ao Congresso sobre o financiamento do trabalho de ganho de função;
3. A Comunidade de Inteligência dos EUA estava ciente e envolvida no financiamento do referido trabalho de ganho de função;
4. Vários parceiros públicos e privados bem relacionados estiveram envolvidos no trabalho de ganho de função que resultou na criação e libertação do SARS-COV2;
5. Anthony Fauci e outros coordenaram-se para encobrir o financiamento do trabalho de ganho de função que resultou no SARS-COV2.

 

 

A EcoHealth, num exercício em que é perita – o controle de danos – refutou as afirmações de Huff, escrevendo em Dezembro de 2022 (quase um ano depois de Huff divulgar as suas denúncias), que as alegações de pesquisa de ganho de função não são verdadeiras, que a fuga de laboratório “não é verdade”, e que as suas afirmações sobre a natureza da colaboração entre a EcoHealth Alliance e o Instituto de Virologia de Wuhan são igualmente “não verdadeiras”.

A Ecohealth, no entanto, não negou as afirmações de Huff sobre a cumplicidade operacional que mantém com a CIA.