A esquerda gosta de tratar os cépticos dos automóveis eléctricos como lunáticos negacionistas. Mas a verdade é que tornar um produto existente menos eficiente e mais caro não corresponde às definições de produtividade, competitividade, eficiência ou inovação.

Mesmo as supostas comodidades e avanços tecnológicos de que os fabricantes de veículos eléctricos (VE) gostam de se gabar nas suas politicamente correctas e extremamente aborrecidas campanhas publicitárias estão também presentes nas gamas dos veículos de motor de combustão interna há várias gerações. Na melhor das hipóteses, os VE são uma tecnologia lateral.

É por isso que não existe um verdadeiro “mercado emergente”, saudável, que respeite leis da oferta e da procura e que recolha investimento privado para os veículos eléctricos em nenhum mercado do mundo. O que existem são políticas industriais e ambientais que fazem batota com compras governamentais em larga escala, legislação draconiana, propaganda abundante, subsídios estatais incomensuráveis, clientelismo e crédito barato suportado pelos contribuintes. A “revolução” verde é um projecto tecnocrático de cima para baixo, do género soviético mas conduzido pelas contemporâneas elites neoliberais.

E é cada vez mais claro que a única razão pela qual os gigantescos conglomerados da indústria automóvel estão a investir tão fortemente no desenvolvimento de veículos eléctricos se deve ao facto dos governos prometerem limitar artificialmente a produção de veículos a diesel e a gasolina.

Em março, Joe Biden assinou uma ordem executiva para que metade de todos os novos veículos vendidos em 2030 cumpram o quadro das emissões zero. A Califórnia vai proibir os motores de combustão em todos os carros novos dentro de cerca de 10 anos. A Comissão Europeia decidiu, em Julho de 2021, que a partir de 2035 todos os carros novos vendidos nos países do bloco terão propulsão eléctrica. Neste contexto, os fabricantes estão a adoptar modelos de negócio alternativos, para lidar com mercados viciados, incentivos distorcidos e cenários teóricos inventados para o futuro.

No entanto, na actual economia do mundo real, a Ford anunciou esta semana que estava a despedir pelo menos 1000 empregados – muitos deles trabalhadores de colarinho branco na área dos veículos eléctricos. A Ford projecta que vai perder 3 mil milhões de dólares em veículos elétricos em 2023, elevando as suas perdas com os VE para 5,1 mil milhões em dois anos. Em 2021, a Ford perdeu 34.000 dólares em cada veículo eléctrico que fabricou. Este ano, a marca estava a perder mais de 58.000 dólares por cada unidade produzida. Num mundo normal, a Ford estaria a reduzir drasticamente a produção de veículos eléctricos, e não a expandi-la.

Do outro lado do Atlântico, e rompendo com a obediência suicidária da indústria automóvel europeia ao fascismo da UE, a Porsche e a Ferrari estão a seguir uma nova estratégia, investindo nos e-combustíveis para preservar a motorização de combustão interna. Mas a esmagadora maioria das marcas vê os eléctricos como incontornáveis, mesmo quando os motores a gasolina actuais emitem quantidades irrisórias de dióxido de carbono e as soluções tecnológicas híbridas ou relacionadas com o hidrogénio se mostram mais sensatas e inovadoras.

Seja como for, os contribuintes já estão a pagar os prejuízos. Na semana passada, o Departamento de Energia dos EUA emprestou à Ford – mais uma vez, uma empresa que perde dezenas de milhares de dólares por cada veículo eléctrico que vende – mais 9,2 mil milhões de dólares dos contribuintes para um projecto de baterias sul-coreano. Nenhum banco com quadros dirigentes no seu perfeito juízo o faria. O custo das baterias para veículos eléctricos aumentou, em vez de diminuir, nos últimos anos.

A Ford diz que estas perdas iniciais fazem parte de uma “mentalidade de arranque”. Ainda estamos a fingir que os veículos eléctricos são uma ideia nova e não uma má ideia. Mas o alarmismo em relação ao clima, a romantização descabida dos empregos na “indústria transformadora” e os esforços transformistas da imprensa corporativa prepararam o público para este tipo de desperdício.

Na visão utópica das elites globalistas, os operários bem pagos deslocar-se-ão de bicicleta até à fábrica local de painéis solares ou à linha de produção de veículos eléctricos e trabalharão, felizes como servos da nova ordem, para o bem comum. No mundo real, existe Lordstown.

Em 2019, depois da General Motors – que também perde dinheiro com cada VE vendido – ter encerrado uma fábrica nessa localidade de Ohio, o então presidente Donald Trump fez questão de pressionar publicamente o gigante automóvel para rectificar a situação. Assim, a CEO da GM, Mary Barra, financiou a Lordstown Motors com 40 milhões de dólares para reequipar a fábrica de produção de VE. O estado do Ohio também deu à empresa mais 60 milhões de dólares. Depois de Joe Biden ter assinado a sua ordem executiva “Buy American”, prometendo substituir toda a frota federal dos EUA por veículos eléctricos, as acções da Lordstown dispararam.

No início deste ano, porém, a fábrica tinha produzido um total de 31 veículos. Seis tinham sido vendidos a consumidores efectivos, embora cinco destes fossem posteriormente recolhidos por deficiências técnicas. Dos 31 eléctricos, foram recolhidos 19, pelas mesmas razões. As acções passaram a ser negociadas a um dólar. O gigante do financiamento tecnológico Foxconn cobrou os seus 170 milhões de dólares. Na semana passada a empresa declarou falência.

Sem a ajuda massiva do Estado, os veículos eléctricos são um nicho de mercado para os ricos sinalizarem falsas virtudes e mais nada. E mesmo contando com as ajudas imensas. Um estudo recente da Universidade da Califórnia em Berkeley revelou que 90% dos créditos fiscais para carros eléctricos vão para as pessoas com rendimentos mais elevados.

Na verdade, porque é que uma família da classe média haveria de evitar um carro a diesel perfeitamente capaz que não tem limitações de autonomia, provém de um século de sabedoria industrial e pode ser conduzido virtualmente a qualquer destino, em qualquer ambiente e em qualquer altura do ano? Não precisamos de lítio. Temos a forma de energia mais eficiente, económica, portátil e útil. Temos séculos de energia à espera, no subsolo.

Os alarmistas climáticos podem acreditar que os veículos eléctricos são necessários para salvar o planeta. Tudo bem, o Contra acredita na liberdade religiosa. Mas mesmo nos termos deles, a utilidade dos VE é altamente discutível. A maior parte da energia que os alimenta é derivada de combustíveis fósseis.

Dois estudos recentes, entre muito outros já publicados, demonstram que os carros movidos a bateria eléctrica têm mais problemas de qualidade do que os propulsionados por combustão interna e não são melhores para o meio ambiente. De facto, o fabrico de um veículo eléctrico tem um benefício ambiental negligenciável, se é que tem algum.

E convenhamos: Se os VE fossem mais eficientes e nos poupassem dinheiro, como afirmam os ambientalistas e os políticos, os consumidores não teriam de ser obrigados a pagá-los e as empresas não teriam de ser subornadas para os produzir.