O fundador dos Oath Keepers, Stewart Rhodes, na imagem, que veio desarmado para Washington e nem sequer entrou no edifício do Capitólio a 6 de Janeiro, foi condenado a 18 anos de prisão na quinta-feira passada por “conspiração e sedição”, por um juiz distrital nomeado por Barak Obama.

O crime de Rhodes terá sido falar de revolução em conversas privadas e lamentar, depois do evento, não estar armado.

O juiz Amit Mehta, um imigrante indiano nomeado para o tribunal distrital de Washington DC por Obama em 2014, disse, antes de proferir a sentença mais longa até à data para qualquer manifestante de 6 de Janeiro:

“O senhor representa uma ameaça permanente e um perigo para este país, para a república e para o próprio tecido desta democracia”.

A biografia de Mehta informa que o senhor fez parte da direcção do Mid-Atlantic Innocence Project, um dos muitos grupos, esses sim criminosos, que ajudam a tirar da prisão assassinos condenados como Shaurn Thomas.

Embora Mehta seja um grande adepto da “reforma da justiça criminal”, quando se trata de libertar bandidos para as ruas dos Estados Unidos, optou por aplicar neste caso uma pena agravada por terrorismo na sentença de Rhodes.

Num discurso de cariz político proferido na sala de audiências, pouco antes da sentença, Rhodes disse que era um “prisioneiro político” e que, quando falou de “mudança de regime” num telefonema com apoiantes, queria dizer que esperava que o antigo Presidente Donald Trump ganhasse em 2024.

O juiz discordou que Rhodes tivesse sido preso por motivos políticos, afirmando que foram as suas acções que levaram à sua condenação criminal.

Mas quais acções? Rhodes não entrou no Capitólio, pelo que não invadiu qualquer propriedade nem pode ser acusado de vandalismo. Não estava armado. Não se provou qualquer acto criminoso. O reú foi condenado pelo que pensa e pelo que disse, e não pelo que fez.

Após os motins de 6 de Janeiro, numa gravação que foi reproduzida em tribunal durante o seu julgamento, afirmou que o seu único arrependimento era que “deviam ter trazido espingardas”. Mas não trouxe nenhuma, factualmente.

O facto dos membros do grupo Oath Keepers terem trazido legalmente algumas armas para a Virgínia e as terem deixado num hotel foi prova suficiente da sua “conspiração sediciosa”, segundo Mehta.

Vestindo um macacão de prisioneiro cor-de-laranja na quinta-feira, Rhodes disse que acredita que o único crime que cometeu foi opor-se àqueles que estão a “destruir o nosso país”.

O Contra concorda.

Rhodes foi levado a julgamento juntamente com Jessica Watkins, Kenneth Harrelson e Thomas Caldwell, companheiros dos Oath Keepers que foram condenados por obstrução a um processo oficial e cumplicidade, mas não por conspiração sediciosa. O veredicto para Watkins e Harrelson será conhecido esta semana.

Rhodes assumiu que os outros membros dos Oath Keepers foram “estúpidos” ao invadir o Capitólio e que discordava dos que entraram no edifício:

“Não fazia ideia de que algum membro dos Oath Keepers estivesse a pensar em entrar ou que fosse entrar”.

Mas o governo também produziu mensagens em que Rhodes dizia pensar que o dia 6 de Janeiro era a última oportunidade para impedir o que ele via como uma tomada de controlo do governo.

“No dia 6, eles vão colocar o último prego no caixão desta República, a menos que lutemos. Com Trump (de preferência) ou sem ele, não temos escolha”,

O réu também comemorou as ações dos Oath Keepers logo após o ataque, depois de se reunir com outros membros do grupo em Olive Garden, na Virgínia, naquela noite.

“Foi um longo dia, mas um dia em que os patriotas começaram a levantar-se. Levantem-se agora ou ajoelhem-se para sempre. Honrem os vossos juramentos. Lembrem-se do vosso legado.”

Resumindo, Rhodes – juntamente com os seus colegas do Oath Keepers – foram condenados por dizerem o que pensavam nas suas conversas de grupo.

Se um cidadão americano repetir as famosas palavras de Patrick Henry na Segunda Convenção de Virgínia em 1775, “Dêem-me liberdade ou dêem-me a morte”, será agora acusado de sedição, condenado e encarcerado. Basta para isso que apanhe um juiz nomeado por Barak Obama ou joe Biden.

“Terra dos livres, casa dos bravos”? Não. Nem pouco mais ou menos.