Talvez para um estrangeiro como eu, vivendo a léguas de distância da Europa, seja mais fácil perceber a enorme pressão que o povo originário do velho continente vem recebendo, não se revoltando apenas pela homeopática dosagem doutrinal, destilada ao longo de décadas, mas perfeitamente perceptível ao ler esta prestigiada e resiliente ContraCultura.
Uma rápida e superficial análise da terrível sombra chamada “União Europeia” nos permite concluir, a partir das declarações dos próprios líderes dos países aderentes, as claras pretensões ditatoriais e a indisfarçável engenharia social envolvida em tal e lúgubre projeto. Longe se vão os dias em que Presidentes, Chanceleres ou Primeiros-Ministros, se desagradados por atos ou falas de líderes estrangeiros, expressavam seu descontentamento em declarações diplomáticas, sutis e elaboradas, mas que atingiam o alvo. Hoje, ao que parece, o desbocamento alucinado e a esquizofrenia de ver-se “mezzo líder” e “mezzo youtuber” comanda o espetáculo – sim, o termo “espetáculo” é apropriado, pois é a maneira “influencer” que tais criaturas julgam, atualmente, ser apropriada para comandar e dirigir os passos de seus povos.
Deste modo, pouco ou nenhum comedimento adotam os líderes da Alemanha, por exemplo, ao condenar as decisões do Presidente norte-americano Donald Trump – extensivas ao seu braço-direito, Elon Musk: um festival de adjetivos, comportamento de adolescente revoltado com os pais e, pior, secundado em tais misérias pelas lideranças da União Europeia, que borra-se de medo ao vislumbrar as consequências da total liberdade de expressão e consequente tomada de consciência, pelos europeus.
O escândalo da USAID criou um novo ditado: ao invés do “follow the money” dos investigadores criminais, surgiu o “follow the cry” para apontarmos, com segurança, os cúmplices beneficiados pela monstruosidade criada pelos governos democratas nos Estados Unidos, sempre amparados por seus demônios de estimação, tais como George Soros, Bill Gates, Jeff Bezos e outros. Por óbvio que estas deformidades humanas exercem grande e fatal influência sobre o cidadão, ainda que o mais miúdo, residente na Europa, e todo este sórdido grupo compartilha um único e poderoso pavor: a liberdade de expressão, a internet livre, a ausência total de censura.
Vejamos um exemplo desta liberdade – a qual, considerando os dias atuais, mais assemelha-se a “temeridade” – publicados por esta própria ContraCultura:
“Líder da extrema-esquerda francesa apela abertamente à substituição demográfica. Jean-Luc Mélenchon, um dos políticos mais radicais e pró-imigração em França, aumentou a temperatura da sua retórica e a ‘grande substituição’ deixou de ser uma teoria da conspiração para fazer parte declarada do programa político da esquerda.”
Pergunto eu em qual jornal, programa de rádio, informativo de TV o amigo leitor conseguiu receber tal notícia – e não apenas a notícia mas, também, a sóbria análise do nefasto acontecimento?
O amigo leitor deseja outro exemplo explícito das pretensões ditatoriais da União Europeia – comandada pela esquerda comuno-globalista – cujo único propósito é extinguir a civilização ocidental judaico-cristã, tal como a conhecemos? Pois então, também aqui no ContraCultura, leia:
“Alemanha: Líder da esquerda radical sugere asilo para milhões de ‘refugiados do clima’. O líder do ‘Partido da Esquerda’ sugeriu que a Alemanha poderia conceder asilo a um milhão de migrantes por ano, a fim de os proteger das ‘consequências das alterações climáticas’. O AfD, que está a subir nas sondagens, agradece-lhe as declarações ensandecidas.”
Poderia este autor gastar o resto do dia a fornecer-lhes mais e mais exemplos de notícias jamais encontradas na grande mídia, mas satisfaço-me com tais apontamentos.
O que podemos concluir, lendo o todo deste artigo, é que a Europa parece estar em vias de um despertar para a liberdade de expressão – a qual jamais imaginou que nunca tivera, após quase um século de serviços sóbrios e até meritórios de sua imprensa. O fato, infelizmente, é que depois da Segunda Grande Guerra, todo o velho continente foi submetido ao tenebroso projeto que culminou na criação da abortiva União Europeia, mas nunca é tarde demais para reagir.
Que o amigo leitor não condene meus excessos nos adjetivos, mas eles são as únicas armas a defender argumentos que, por mais sólidos que sejam, podem sucumbir a uma simples bala de fuzil.
Não se deixe enganar pela sofisticação, pela assepsia do visual e a polidez dos argumentos. O demônio sabe travestir-se daquilo que somos mais vulneráveis.
Liberdade de expressão é a garantia da liberdade do ser humano.
WALTER BIANCARDINE
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Walter Biancardine foi aluno de Olavo de Carvalho, é analista político, jornalista (Diário Cabofriense, Rede Lagos TV, Rádio Ondas Fm) e blogger; foi funcionário da OEA – Organização dos Estados Americanos.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.
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