A nacionalista Marine Le Pen e o seu Rassemblement National (RN) derrubaram o governo de Michel Barnier, nomeado pelo Presidente Emmanuel Macron, com uma moção de censura decisiva que poderá desencadear eleições antecipadas e uma crise política na União Europeia.
Le Pen, juntamente com grupos parlamentares da esquerda, incluindo o partido de extrema-esquerda France Insoumise, votaram para derrubar o governo de Barnier, poucos meses depois de este ter assumido o cargo. Um total de 331 deputados franceses votaram a favor da moção de censura, muito para além dos 289 votos necessários.
O primeiro-ministro Barnier será forçado a demitir-se do cargo de chefe do governo, enquanto o Presidente Emmanuel Macron terá de decidir se é possível formar um novo governo ou se o país pode realizar as suas segundas eleições antecipadas, embora haja dúvidas sobre a constitucionalidade dessa decisão antes de decorridos 12 meses após a eleição anterior.
A votação é histórica, pois é a primeira vez que um governo francês é destituído por moção de censura desde 1962, sendo o governo de Barnier o mais breve no poder desde 1958.
A ocorrência é também particularmente significativa na medida em que, por uma vez, liberais e radicais de esquerda não se entenderam de forma a contrariar as intenções de um partido populista/nacionalista.
Após as eleições de Julho deste ano, que viram o partido de Le Pen emergir como o mais votado no país, o Presidente Macron demorou até ao final de Setembro para finalmente nomear um novo Primeiro-Ministro, que liderou um governo minoritário apoiado por um punhado de legisladores de esquerda, liberais e globalistas de centro-direita.
A estratégia falida de Bernier.
Quando o primeiro-ministro Barnier tentou aprovar o seu orçamento, não conseguiu obter o apoio de Le Pen, que recusava o aumento dos preços da electricidade e dos medicamentos e exigia a indexação das pensões à inflação, entre outras medidas, algumas delas relacionadas com um controlo mais apertado da imigração.
Apesar do apoio eleitoral que recebeu nas urnas, o partido de Le Pen foi excluído de um acordo de governo e Barnier optou por ignorar também as exigências nacionalistas quanto ao orçamento, o que o deixou com uma estreita margem de manobra.
Em desespero de causa, Barnier invocou o artigo 49.3 da Constituição francesa para aprovar o orçamento sem votação. Esta manobra levou porém à iniciativa da moção de censura por parte da oposição.
Uma vez que não foi aprovado um novo orçamento, muitos trabalhadores do sector público poderão não ser pagos, já que o governo será encerrado e a nação não tem orçamento aprovado. Esta situação poderá conduzir a uma crise financeira em França, com um potencial de destabilização política e económica de toda a União Europeia.
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