Momentos como este ocorrido em Valência, ilustrado nos vídeos em baixo, dão que pensar.

A classe política no Ocidente está de tal forma distante dos cidadãos, a guerra aberta entre as elites e as massas chegou a um ponto de tal forma extremo, o divórcio entre governantes e governados é de tal forma virulento, que qualquer circunstância trágica, como as cheias de Valência, pode promover rapidamente uma explosão de violência sobre “as autoridades”.

Pedro Sánchez esteve aqui muito perto de ser linchado. E também o rei Filipe correu perigo de vida, embora a coragem que nesta instância demonstrou o tenha poupado a agravos mais sérios.

 


 

Como já aconteceu este ano na Carolina do Norte, as vítimas de catástrofes naturais manifestam agora uma atitude intensamente hostil perante os esforços de salvamento e reconstrução das “autoridades”. No estado da costa este norte-americana, as operações de resgate desenvolvidas no rescaldo do furacão Helena tiveram que ser suspensas em alguns condados porque os funcionários federais, que chegaram tarde e impediram até acções privadas de apoio aos cidadãos que se encontravam em perigo ou necessitados de ajuda, estavam a ser ameaçados de morte.

Em Valência, o Rei e o Primeiro-Ministro foram recebidos com apupos, projécteis de lama e pedra, insultos e, no caso de Pedro Sánchez, com actos extremos de violência sobre a viatura em que fugia.

O problema é que a reacção das elites globalistas a situações deste género será, entre o terror e a raiva, a do afastamento ainda mais pronunciado da realidade e do sentimento e da experiência existencial dos povos.

Sánchez reagiu como o crápula que é e, para além de fugir rapidamente, deixando o rei a sós com a multidão enfurecida, optou por  insultar os cidadãos revoltados, em vez de reconhecer que a resposta do seu governo à catástrofe foi demorada e ineficiente, de tentar entender a fúria e o luto, e de calar o ressentimento.

Depois deste susto, pensará sempre duas vezes se é boa ideia dirigir-se a locais atingidos por qualquer tipo de calamidade em Espanha. E os espanhóis vão odiá-lo ainda mais por isso.

Convém lembrar que Pedro Sánchez usufrui de uma muito frágil base de apoio popular, tendo perdido as últimas legislativas e negociando uma infame coligação com radicais independentistas catalães, de forma a conseguir uma maioria que lhe permitisse permanecer no poder.

Convém lembrar que os protestos que incendiaram Madrid a propósito desse acordo vergonhoso e que se prolongaram por mais de duas semanas, foram infiltrados por agitadores a soldo do Estado e esmagados pela polícia de choque com gás lacrimogéneo e balas de borracha, ferramentas de supressão de motins de que as autoridades nunca fizeram uso nos piores dias das manifestações violentas do movimento independentista na Catalunha.

Convém lembrar que a propósito das acusações de corrupção que recaíram sobre a sua mulher, Sánchez procurou acabar com a independência do poder judicial em Espanha.

Convém lembrar que a agenda globalista do actual primeiro-ministro espanhol é profundamente anti-cristã e favorável ao aborto descontrolado e à eutanásia até para doentes mentais, passando por cima das normas constitucionais do reino e de princípios éticos universais.

Estes detalhes, característicos do liberal-leninismo das elites contemporâneas, vão-se somando repetida e desenfreadamente até à ruptura social. Depois, basta que suceda um ‘Momento Antonieta’, como aquele que quase ia acontecendo em Valência, para que as coisas tomem rapidamente um rumo dramático.

E um rumo dramático tomarão, se nada de substancial mudar na Europa entretanto.