O ‘Esquadrão Suicida’: Rudolph Schott, Apollo Milton Olin Smith, Frank Malina, Ed Forman e Jack Parsons em 1936

 

O homem que fez dos foguetões uma realidade e co-fundou o Laboratório de Propulsão a Jacto (JPL) da NASA mal é reconhecido no sítio Web da agência espacial americana. Mas se não fossem os trabalhos, muitas vezes insanos, de Jack Parsons, as missões que abriram caminho para os programas Apollo e que continuam a explorar Marte e o espaço exterior nos dias de hoje não teriam acontecido. Pelo menos, não como aconteceram.

O Contra adapta de um artigo do Telegraph a história da vida de Parsons, que se fosse um guião de um filme, seria considerado absurdo. A problemática figura inventou a tecnologia de propulsão a jacto perante o escárnio de toda a indústria aeronáutica do seu tempo, que considerava que os foguetões eram inviáveis, mas era também uma figura de topo no ocultismo e convidou Ron L. Hubbard, o fundador da Cientologia, para a sua casa – e para festas sexuais ruidosas. Parsons tentou vender as suas invenções financiadas pelo governo americano a Israel, antes de acabar por morrer, aos 37 anos, numa explosão criada por ele próprio, deixando um legado perturbador à posteridade. Eis a história notavelmente tortuosa da sua vida.

 

“Ele disse-me que eu era um idiota, porque os foguetões não funcionavam no espaço.”

Pasadena, Califórnia, em 1928, e Parsons tem 14 anos. Fã de Júlio Verne, inicia as experiências que iriam moldar a sua vida – e que acabariam por o matar. O seu amor por Júlio Verne era partilhado com o seu amigo de escola Edward Forman, dois anos mais velho, e os dois começam a criar os seus próprios foguetões de combustível sólido. Foi também por esta altura que se decide a ligar a ciência ao satanismo. Mais tarde, Parsons afirmou ter invocado o diabo pela primeira vez aos 13 anos, numa experiência “aterradora”.

Nenhuma destas actividades provou ser apenas uma fase da adolescência. Foreman e Parsons continuaram a sua amizade na faculdade, e depois como empregados na Hercules Powder Company, que fabricava munições. Apesar de terem abandonado os estudos (Parsons foi forçado a fazê-lo devido à falta de recursos financeiros da família), os dois continuaram empenhados na ideia da ciência dos foguetões, algo que era rejeitado como uma ficção impossível pelo meio académico, assistindo a palestras no Instituto de Tecnologia da Califórnia.

 

Esquerda: Jack Parsons na sua juventude . Direita: Jack Parsons e Edward Foreman

 

Foi numa delas, em 1936, que conheceram Frank Malina, um estudante de 22 anos que partilhava a sua paixão por desafiar a gravidade. Como George Pendle recordaria no seu livro, Strange Angel: The Otherworldly Life of Rocket Scientist John Whiteside Parsons, “quando Parsons e Malina se conheceram, o seu entusiasmo pelos foguetões e pelas viagens espaciais uniu-os como um aperto de mão maçónico”.

Malina forneceu a Parsons e Foreman uma ligação ao Caltech e aos seus recursos. Parsons ofereceu a Malina anos de experiências duramente adquiridas e o conhecimento de como construir e testar foguetões. Enquanto Malina ensinava a Parsons o rigor científico, Parsons incentivava o estudante a ir mais longe nas suas experiências.

Mas quem estava realmente a impedir o trio de atingir a estratosfera eram os seus professoress. Quando abordaram os académicos mais velhos no Caltech, foram largamente ridicularizados. Fritz Zwicky, um professor de física, disse a Malina que ele era “um idiota”, recordou o estudante mais tarde.

“Ele disse-me que eu era um idiota, que estava a tentar fazer algo que era impossível, porque os foguetões não podiam funcionar no espaço.”

No entanto, o pioneiro aeroespacial Theodore Von Karman tinha uma mente mais aberta. Depois de ouvir as ambições do trio de enviar foguetões de combustível líquido e sólido para o espaço, aprovou a proposta de Malina para um doutoramento em design de foguetões – o primeiro do género. De repente, Parsons, Malina e Forman tinham forçado a entrada nas portas do mundo académico e, com isso, nos laboratórios do Caltech.

 

 

O ‘Esquadrão Suicida’ na Porta do Diabo.

No entanto, a aventura não durou muito. O convite feito ao grupo para fazer experiências no Laboratório Aeronáutico Guggenheim foi rapidamente rescindido, já que o seu trabalho resultou em chapas de aço a serem projectadas contra as paredes e na libertação de fumos que enferrujavam todo o equipamento da sala. Um foguetão transviado levou o trio a ser expulso para uma plataforma de betão afastada do edifício principal. Depois de um segundo acidente quase mortal, Von Karman disse-lhes para trabalharem no deserto, a várias milhas de distância do Caltech. Ficaram conhecidos como o ‘Esquadrão Suicida’.

 

Parsons, Malina e Foreman testam foguetões no deserto

 

Isto convinha esplendidamente a Parsons. Mais uma vez, o seu fascínio pelo oculto e pelos foguetões colidiram. Nas terras desérticas fora do Caltech, há um antigo canal fluvial chamado Arroyo Seco. É ladeado de ambos os lados por rochas, uma das quais é conhecida por Devil’s Gate (Porta do Diabo), graças à sua forma de cabeça chifruda. Alguns habitantes locais acreditavam que a foz do Arroyo Seco era um portal para outras dimensões, mas para Parsons a área tinha duas utilizações. Ele testou foguetes ali, mas, anos mais tarde, voltaria para realizar cerimónias e rituais com outros ocultistas.

Para o Esquadrão Suicida, Arroyo Seco tinha espaço suficiente para testar foguetões e oferecia abrigo contra a sua inevitável queda. Para os outros membros do Caltech, havia muito menos risco de serem rebentados. No Dia das Bruxas de 1936, a equipa teve o seu momento eureka: depois de incendiar acidentalmente a linha de oxigénio de um pequeno motor de foguetão, este deu uma pirueta no ar. Embora não se possa dizer que se tratou propriamente de um lançamento tecnicamente feliz, Malina e a sua equipa ficaram entusiasmados: “O teste foi bem sucedido”, escreveu aos seus pais. Mais tarde, a NASA consideraria esta a primeira experiência com foguetões do que viria a ser o Laboratório de Propulsão a Jacto.

Outras experiências mostrariam que havia método na loucura do ‘Esquadrão Suicida’: tinham criado um combustível que ardia de forma limpa e podia ser armazenado sem explodir. Enquanto a comunidade científica em geral estava céptica, o Exército dos EUA viu potencial e ofereceu financiamento para o projecto do trio em 1939.

À medida que a sua credibilidade científica aumentava, também aumentava o interesse de Parsons pelo sobrenatural. Foi levado a uma reunião da Ordo Templi Orientis, uma sociedade ocultista de Los Angeles, em 1939, e rapidamente ficou absorvido. A OTO, como era conhecida, foi formada e seguia os ensinamentos de Aleister Crowley, um desviado sexual viciado em heroína e ocultista que foi considerado o ‘Homem Mais Malvado do Mundo’ pela imprensa da sua Inglaterra natal (e com quem Fernando Pessoa fez amizade). Parsons tornou-se correspondente da ‘Besta 666’. Em poucos anos, Crowley considerou-o como o seu “protegido americano”.

 

Aleister Crowley em 1890

 

Parsons, com apenas vinte e poucos anos, não se deixou perturbar pela noção de manter separadas as suas inclinações pessoais e profissionais. Na altura, o California Tech publicou histórias que relatavam que ele cantava o Hino a Pan de Crowley antes de acender os seus projécteis. Em 1941, ele e a sua mulher Helen, com quem tinha casado cinco anos antes, tinham sido admitidos na Loja Agape, um ramo da igreja que praticava a religião de Crowley, a magia Thelémica.

Entretanto, depois de anos a gastar o pouco dinheiro que tinha em experiências com foguetões, Parsons e o ‘Esquadrão Suicida’ estavam a ganhar dinheiro. Em 1942, fundaram a Aerojet Engineering Corporation, que se tornou o maior fabricante mundial de foguetões e propulsores. Em 20 anos, tinha-se tornado um negócio de 700 milhões de dólares por ano. Parsons era vice-presidente. Um ano mais tarde, foi cofundador do Laboratório de Propulsão a Jacto.

Helen era quatro anos mais velha do que Parsons e tinha 22 anos quando se conheceram. Havia turbulência no seu casamento, potencialmente encorajada pelas liberdades sexuais incentivadas pela OTO. Quando a sua mulher se ausentou em Junho de 1941, ele ficou com a irmã dela, Sara, de 17 anos. Após o regresso de Helen, Sara anunciou que era a nova mulher de Parsons. Helen reagiu iniciando uma relação com Wilfred T. Smith, líder da Loja Agape da OTO, e os quatro começaram uma amizade.

 

“Era como entrar num filme de Fellini.”

O Parsonage, residência dos Parsons, tornou-se uma casa aberta para um grupo díspar de curiosos, cheio de pessoas com estranhas indumentárias e comportamentos bizarros, onde as mulheres andavam de togas diáfanas e maquilhagem extravagante, algumas vestidas como animais, “como num  baile de máscaras”.

As festas tinham o seu preço: O cientista-ocultista-empresário e amador de farras orgíacas chegava tarde ao trabalho, desgrenhado e ressacado, e esforçava-se por se enquadrar nas expectativas da empresa. Parsons e Foreman tratavam a Aerojet como uma versão melhorada do seu projecto de infância. Certa vez, Parsons fez explodir um lote inteiro de combustível de foguetão em protesto por um sócio da empresa ter insistido que ele o testasse.

O trabalho, o satanismo e a diversão continuaram a fundir-se na vida de Parsons. As secretárias da Aerojet eram convidadas a ir ao Parsonage e a participar nas actividades dionisíacas dentro das suas paredes. Enquanto Malina e os outros colegas tinham até aqui tolerado ou apreciado as suas propensões para a excentricidade, este foi um passo excessivo. Fritz Zwicky recordou, mais tarde:

“Estávamos sempre a dizer-lhe que todas estas fantasias sobre Zoroastro e sobre vudu e assim por diante, não faziam mal; nós também fazemos isso nos nossos sonhos. Mas que as guardasse para ele; que não impingisse isso às pobres secretárias.”

No espaço de um ano, Parsons tinha festejado demasiado: A Aerojet deu-lhe cerca de 11.000 dólares pelas suas acções (embora outras fontes sugiram que ele recebeu 50.000 dólares) e pediu-lhe para sair. Aos 30 anos, sentiu-se mais uma vez excluído do enclave oficial da ciência.

 

Parsons, Hubbard e o ‘filho da lua’.

Afastado da elite da ciência dos foguetões, Parsons tinha mais tempo para se dedicar ao ocultismo. Usou os seus fundos da Aerojet para liquidar a hipoteca da Parsonage, e começou a alugar quartos a não-telemitas. Os anúncios que colocava no jornal local especificavam que: “apenas boémios, artistas, músicos, ateus, anarquistas ou quaisquer outros tipos exóticos devem candidatar-se aos quartos – qualquer alma mundana será rejeitada sem cerimónias” e, como escreveu Pendle,

“ele passava quase todo o seu tempo ali, à maneira de um homem sem preocupações no mundo”.

 

Jack Parsons (à direita) participa num ritual ocultista

 

Em 1945, Parsons foi apresentado ao escritor de pulp fiction Layfayette Ronald Hubbard, e tanto ele como Sara foram apanhados pelo magnetismo e charme do novelista. Parsons escreveu a Crowley, declarando:

“Deduzi que ele está em contacto directo com alguma inteligência superior. Ele é a pessoa mais Thelémica que alguma vez conheci e está completamente de acordo com os nossos próprios princípios”.

Foi concedido a Hubbard um quarto no Parsonage. Numa questão de meses, Parsons estava a cantar os louvores de Hubbard a Crowley novamente:

“Tornámo-nos grandes amigos. Embora ele não tenha treino formal em magia, tem uma quantidade extraordinária de experiência e compreensão no campo. Ele está completamente de acordo com os nossos próprios princípios. Encontrei em Ron um companheiro e camarada convicto.”

Parsons, sem dúvida, precisava de um camarada. Em meados dos anos quarenta, decidiu levar as barreiras da magia thelémica a um novo nível: queria pegar no espírito de Babalon, uma deusa adorada pela religião satânica, e instilá-lo num ser humano: em suma, queria engravidar uma mulher que tivesse certos poderes. A criança, acreditava ele, encarnaria as forças de Babalon.

Crowley não era fã desta teoria, escrevendo a este propósito ao chefe do culto nos EUA:

“Aparentemente, Parsons ou Hubbard ou alguém está a produzir uma ‘criança da Lua’. Fico bastante perturbado quando contemplo a idiotice desses loucos.”

Mas Hubbard viu que Parsons precisava de um companheiro crente para permitir a sua visão, e sabia o que o seu senhorio precisava de ouvir. Numa carta que endereçou a Crowley, Parsons escreveu:

“Ele descreve o seu anjo como uma bela mulher alada com cabelo vermelho a quem ele chama a Imperatriz e que o guiou ao longo da sua vida e o salvou muitas vezes.”

Entre Janeiro e Março de 1946, Hubbard ajudou Parsons numa série de rituais a que chamaram Trabalho de Babalon. A 18 de Janeiro, uma mulher chamada Marjorie Cameron apareceu no Parsonage. Parsons acreditava que o seu Babalon, a sua Mulher Escarlate, tinha chegado e disse a Hubbard:

“Está feito. Regressei a casa e encontrei uma jovem mulher que responde aos requisitos de que estava à espera”.

 

“Pensava que tinha a imaginação mais mórbida, mas parece que não tenho.”

Na realidade, Cameron tinha sido dispensada da Marinha e era uma mulher de espírito livre, que por acaso tinha cabelo ruivo e estava feliz por ter relações sexuais com Parsons enquanto Hubbard – promovido a uma posição de sumo sacerdócio poucas semanas depois de ter sido exposto à Magia Thelémica – ensaiava rituais, muitos deles completamente inventados e improvisados.

Depois disso, a 6 de Março, Parsons escreveu entusiasticamente a Crowley:

“Mal posso dizer-lhe ou decidir o quanto escrever. Estou sob o comando de um segredo extremo. Tive a experiência mais importante e devastadora da minha vida.”

Crowley respondeu:

“Deixaste-me completamente confuso com as tuas observações. Pensava que tinha a imaginação mais mórbida, mas parece que não tenho. Não consigo fazer a mínima ideia do que queres dizer.”

 

Layfayette Ronald Hubbard nos anos 60

 

Enquanto Parsons andava distraído com o seu ‘filho da lua’, Hubbard estava ocupado a seduzir a sua namorada, Sara. O amor livre era um princípio da OTO, e, escrevendo a Crowley, Parsons parecia não se incomodar com  isso:

“Ela transferiu o seu afecto sexual para Ron. Eu gostava muito dela, mas não tenho qualquer desejo de controlar as suas emoções.”

Tendo ganho a sua confiança através do projecto Babalon, Hubbard usou Parsons para ganhos financeiros, encorajando-o a juntar-se-lhe – e a Sara – numa relação de negócios. Parsons precisava do dinheiro: os seus recursos da Aerojet tinham sido delapidados depois de anos de festas. Hubbard enganou-o num empreendimento de compra de um barco. Parsons contribuiu com os seus últimos 20.000 dólares, Hubbard com 1.000 e Sara com uma percentagem de coisa nenhuma. Hubbard saiu para comprar o barco, levou Sara com ele, e nunca mais voltou. Como a correspondência da OTO na altura recordava:

“O Ron e a Betty [Sara] têm o seu barco em Miami, Florida, e estão a viver a vida de Riley, enquanto o Irmão John [Parsons] está a viver no fundo do poço, e eu quero dizer no fundo do poço.”

Quando Parsons se apercebeu do que tinha acontecido, vingou-se da melhor forma que sabia: pela magia negra. A este propósito escreveu:

“Hubbard tentou escapar-me, navegando às 5 da tarde, mas fiz uma invocação completa a Bartzabel dentro do círculo às 8 da noite. Ao mesmo tempo, o seu navio foi atingido por uma súbita tempestade ao largo da costa, que lhe arrancou as velas e o obrigou a regressar ao porto, onde eu apreendi o barco.”

Por fim, o assunto foi resolvido em tribunal, com Parsons a receber uma mera indemnização de 2.900 dólares. Hubbard, que tinha deixado a sua mulher e dois filhos com parentes anos antes, casou-se em bigamia com Sara. O seu projecto seguinte, Dianética e Cientologia, garantir-lhe-ia fama para toda a vida.

 

A experiência final.

Havia também a questão de Marjorie Cameron estar grávida. Embora Crowley possa ter considerado as acções de Parsons uma “idiotice”, outros temiam aquilo que o corrupto Hubbard podia ter ajudado a criar.

Não precisavam de se preocupar: Cameron abortou. Ela e Parsons casaram-se, no entanto, dias depois do divórcio dele com Helen ter sido finalizado. A Parsonage foi vendida a promotores imobiliários, que construíram apartamentos no terreno, e Parsons demitiu-se da OTO. Ainda assim, numa carta a Crowley, afirmou:

“Como uma organização autocrática, a OTO constitui um meio verdadeiro e apropriado para a expressão e realização de Thelema”.

Relatório do FBI sobre a busca à residência de Jack Parsons

Entretanto o Comité de Actividades Anti-Americanas da Câmara dos Representantes interessou-se nas estranhas actividades de Parsons, que foi investigado pelo FBI. Para além de censurarem as suas excentricidades e a participação na OTO, as investigações também revelaram que Parsons tinha planeado entregar planos de foguetões ao recém-fundado governo israelita, em troca da admissão no país e da oportunidade de uma nova vida no estrangeiro. Parsons teve sua autorização de segurança revogada, enquanto Cameron se juntou a uma comunidade de artistas no México.

O homem que criou as bases do programa de ciência de foguetões da Nasa  estava agora a criar efeitos especiais para filmes, além de ganhar dinheiro como mecânico de automóveis, fazendo trabalho físico num posto de gasolina e trabalhando como auxiliar médico. Continuou a praticar o ocultismo e a magia sexual, mas, sem uma casa cheia de mulheres de mente aberta, teve de pagar a prostitutas para esse fim.

Porém, em 1952, a vida de Parsons já tinha voltado ao seu apogeu vertiginoso. Ele e Cameron reacenderam a sua relação e mudaram-se para Orange Grove Avenue. Parsons construiu outro laboratório doméstico na lavandaria e o casal abriu as portas a uma nova geração de boémios, incluindo alguns músicos de jazz. Fundou outro grupo Thelemita e voltou a fazer planos para uma nova vida em Israel, onde o casal poderia criar uma família e Parsons poderia reacender a sua carreira de engenheiro aeroespacial.

Acontece que, na véspera do dia em que o casal planeava mudar-se para o México, onde Parsons contava regressar em força à ciência dos foguetões, houve uma explosão na lavandaria. Parsons foi encontrado, consciente, pelos seus hóspedes: faltava-lhe o braço direito e tinha um buraco na cara. Ainda viveu mais 40 minutos – Cameron, que tinha ido às compras para a viagem, encontrou o marido morto, quando regressou a casa.

A morte de Parsons suscita tantas dúvidas como a sua vida. Alguns teóricos da conspiração defendem que se tratou de um suicídio, enquanto outros acreditam que Parsons tinha criado inimigos suficientes durante os seus extraordinários 37 anos para ter sido vítima de assassinato. A polícia encerrou o caso como uma morte acidental.

Para os que lhe eram mais próximos, havia sempre a esperança de que o ocultismo os pudesse reunir: Smith, Helen e Sara estavam entre os membros da OTO que organizaram uma cerimónia fúnebre. Quanto às cinzas de Parsons, foram espalhadas no deserto – o único sítio onde o seu amor pelo ocultismo e pela ciência dos foguetões colidiu verdadeiramente.