Se há algo que posso me gabar é o fato de não apenas ler, mas também escrever para o ContraCultura. Graças a este privilégio pude estudar – e agora comentar – o artigo publicado recentemente sob o título “As virtudes da ‘diversidade’ ou o desenterro de Norm Macdonald”, onde se discorre sobre a verdadeira desconexão cognitiva, experimentada pelo público, diante de fatos óbvios mas que provocam reações diametralmente opostas nas pessoas.
Nestas linhas, o publisher do Contra expressa seu pasmo diante de um “refugiado” Sírio que desatou a esfaquear aleatoriamente uma quantidade de infelizes, que se encontravam no “Festival da Diversidade” realizado em Solingen, matando 3 deles. E observou, perplexo, que a preocupação da imprensa corporativa alemã era de que tal ato medonho favoreceria os argumentos da “extrema-direita”.
E prosseguiu, expondo que – segundo esta mesma mídia mainstream – o problema da inflação não decorreria da emissão ensandecida de moeda pela Reserva Federal americana ou pelo Banco Central Europeu, mas da febre gastadora das massas. O problema da Guerra da Ucrânia não seria resultado do movimento imperialista da NATO e da CIA, após a queda do Muro de Berlim, mas do “impulso conquistador de um Ivan, o Terrível que reside no Kremlin”. E arremata, estupefato, que o problema do fórum público (leia-se “internet” e “redes sociais”) não está no desejo dos poderes instituídos em deter o monopólio da narrativa, mas na “desinformação” e no “ódio” – segundo esta mesma velha imprensa – que cidadãos comuns disseminariam, quanto tentam apenas fazer valer a liberdade de expressão consagrada na maior parte das constituições dos países ocidentais.
Penso que o nosso amigo Paulo Hasse Paixão expôs, com pontaria certeira, o vírus causador da pandemia de demência e desconexão cognitiva que assola a humanidade, nos dias de hoje: a grande mídia e a cultura de massa.
Comentará o leitor, com enfado: “lá vem este Walter novamente, com suas neuroses sobre os jornais, rádios e emissoras de TV…” E respondo que sim, pois que é inevitável e fruto de uma disciplina quase estoica em admitir verdades, por mais terríveis e inaceitáveis que sejam.
Longe se vão os anos de inocência, onde todos acreditávamos que a missão – e objetivo – da mídia era a divulgação de notícias. Ledo engano, pois qualquer um que crie um grande jornal, ponha uma emissora de rádio ou TV em funcionamento tem como alvo principal o poder – sim, tão somente o poder, e a manipulação pavloviana das massas é seu instrumento de chantagem diante da verdadeira casta que a classe política hoje se transformou.
Seja desviando nossas conclusões da obviedade de um fato ou criando uma atmosfera de “insolvência” conjuntural – “não vou me preocupar com isso, pois nada vai mudar e eu sozinho não resolvo” – esta é a estratégia de tais sinistros pastores, a conduzir rebanhos globais de ovelhas, rumo ao matadouro de suas consciências.
Aos ainda lúcidos resta, entretanto, cuidar para que não caiam no erro dos “estultos” de Horácio que, para evitar um vício, entregavam-se ao vício oposto: publicações como este ContraCultura são verdadeiros luminares em meio às trevas da ignorância mainstream, mas não devem ser tratadas como “seitas iniciáticas” e reservadas apenas aos “eleitos”. Pelo contrário, devem ser prestigiadas, divulgadas e defendidas sem a vergonha (infundida pela mídia) em dizer-se “conservador”.
É preciso perder a timidez em proclamar-se “de direita” – ainda que, segundo os grandes veículos de comunicação, só existam a esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita e “ultra-mega-blaster-hardcore”-direita. Igualmente, urge perdermos a funesta sensação de impotência diante dos fatos, pois tal prostração é exatamente o que tais grupos de poderosos desejam – a conformidade de escravos perfeitos, submissos e comprados com um simples celular (telemóvel para vocês aí) e que permaneçam acreditando piamente nas vozes do “Grande Irmão”, proprietário do monopólio mundial da verdade.
Reclame, não tenha vergonha. Proteste, não tenha medo. Chame os vizinhos, ninguém duvidará de sua sanidade. Ensine e divulgue publicações como o ContraCultura, eles vão gostar.
Até que a internet e as redes sociais viessem, sequer sabíamos que somos absoluta maioria.
WALTER BIANCARDINE
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Walter Biancardine foi aluno de Olavo de Carvalho, é analista político, jornalista (Diário Cabofriense, Rede Lagos TV, Rádio Ondas Fm) e blogger; foi funcionário da OEA – Organização dos Estados Americanos.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.
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