Marte pode estar a esconder um imenso oceano, sob a sua superfície, segundo sugere um novo estudo realizado por cientistas da Universidade da Califórnia.

As conclusões, divulgadas esta segunda-feira, baseiam-se em medições sísmicas efectuadas pelo módulo Mars InSight Lander da NASA, que detectou mais de 1300 tremores de terra antes de concluir a sua missão, em 2022.

Esta água – que se acredita estar entre os 11,5 e os 20 quilómetros de profundidade –  terá sido infiltrada a partir da superfície há milhares de milhões de anos, quando Marte abrigava rios, lagos e possivelmente oceanos, de acordo com o geofísico que liderou o estudo, Vashan Wright, do Instituto Scripps de Oceanografia da Universidade da Califórnia em San Diego.

O facto de ainda haver água no interior de Marte não significa que haja vida, de acordo com o professor Wright, embora abra boas possibilidades para a habitabilidade:

“As nossas descobertas significam que existem ambientes que podem ser habitáveis”.

A sua equipa combinou modelos informáticos com leituras do InSight, incluindo a velocidade dos tremores, para determinar que a água subterrânea era a explicação mais provável. Os resultados foram publicados na segunda-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Se a localização do InSight em Elysium Planitia, perto do equador de Marte, for representativa do resto do planeta vermelho, a água subterrânea seria suficiente para encher um oceano global com cerca de quilómetro e meio de profundidade.

Seriam necessários complicados trabalhos de perfuração da crosta marciana, com brocas industriais e outros equipamentos pesados, bem como delicados aparelhos de sondagem, para confirmar a presença de água e procurar quaisquer sinais potenciais de vida microbiana.

Embora o InSight Lander já não esteja a funcionar, os cientistas continuam a analisar os dados recolhidos de 2018 a 2022, em busca de mais informações sobre o interior de Marte.

Inundado quase por completo há mais de 3 mil milhões de anos, pensa-se que Marte perdeu a água à superfície à medida que a sua atmosfera se diluiu, transformando o planeta no mundo seco e poeirento que conhecemos hoje. Os cientistas teorizam que grande parte desta água escapou para o espaço ou escorreu pelas fendas das rochas subterrâneas para permanecer escondida nas profundezas do planeta.