A intensificação das iniciativas do bloco ocidental com vista à guerra directa e aberta com a Rússia conheceu ontem mais um momento decisivo, quando o Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken anunciou que o primeiro lote de jactos de combate F-16 fabricados nos Estados Unidos está a ser transferido para a Ucrânia.

Falando à margem da cimeira da NATO que reúne os líderes dos 32 países membros da aliança e decorre esta semana em Washington, Blinken disse que os F-16 estão a ser transferidos da Dinamarca e da Holanda, afirmando:

“Esses jactos (…) estarão a voar nos céus da Ucrânia este Verão para garantir que a Ucrânia possa continuar a defender-se eficazmente contra a agressão russa.”

Há muito que a Ucrânia procura caças ocidentais de última geração e, em Agosto, o Presidente dos EUA, Joe Biden, deu luz verde à transferência de F-16 para o país, apesar das preocupações quanto ao tempo que o pessoal ucraniano demoraria a receber formação para pilotar os aviões.

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, que também se encontra em Washington para a cimeira desta semana, instou os seus aliados americanos e europeus a fornecerem a Kiev mais apoio financeiro e militar.

Numa publicação nas redes sociais, Zelenskyy agradeceu aos EUA, à Dinamarca e aos Países Baixos por ajudarem a “reforçar a força aérea ucraniana com F-16” e, falseando a realidade do que se está a passar no teatro de operações, afirmou:

“Este é um sinal claro de que a capacidade da Rússia para aterrorizar as pessoas, as cidades e as comunidades ucranianas vai continuar a diminuir.”

“Continuar a diminuir”? A Ucrânia está a perder esta guerra desde que a sua contraofensiva do ano passado fracassou rotundamente e os ucranianos estão desde aí a sofrer as consequências  de um aumento da intensidade militar russa e dos seus avanços territoriais, não um decréscimo.

Os membros da NATO anunciaram também a entrega de cinco novos Patriot e outros sistemas estratégicos de defesa aérea para ajudar a Ucrânia. Esperam-se mais anúncios de entrega de material militar e/ou ajuda financeira na cimeira desta semana.

Numa declaração conjunta sobre a transferência dos F-16, os líderes dos EUA, Países Baixos e Dinamarca afirmaram estar

“empenhados em reforçar ainda mais as capacidades aéreas da Ucrânia, que incluirão esquadrões de sistemas estratégicos de defesa aérea. A coligação tenciona apoiar a manutenção e armamento dos F-16, bem como a formação dos pilotos, a fim de aumentar a sua eficácia operacional.”

É de sublinhar que apesar das eleições de 2023 nos Países Baixos terem dado a vitória a um partido populista que pretendia reduzir o envolvimento na guerra da Ucrânia, o país continua a liderar as iniciativas da NATO com vista à intensificação do conflito.

É ainda bastante duvidoso que os F-16 ainda possam ser usados este Verão, como anunciou Blinken, a não ser que sejam tripulados por pilotos americanos, claro. Estamos em Julho. Aprender a voar um caça de combate como o F-16 não é coisa que se consiga cumprir em 30 ou 60 dias.

A cimeira da NATO ocorre num momento crítico para Biden, que enfrenta questões sobre a sua saúde mental e capacidade de cumprir outro mandato como presidente dos EUA, depois de uma prestação catastrófica no debate presidencial do mês passado. Durante um discurso na terça-feira à noite para marcar o início da cimeira, Biden prometeu apoio a longo prazo à Ucrânia e saudou a NATO como “mais forte do que alguma vez foi na sua história”, acrescentando, no seu usual tom delirante:

“A Ucrânia pode e vai deter Putin. Especialmente com o nosso apoio total e colectivo. E eles têm todo o nosso apoio. Continuaremos a coordenar-nos em conjunto para apoiar a capacidade da Ucrânia de se defender contra a agressão russa”.

Em Junho,  um míssil ATCAMS de fabrico americano e necessariamente operado por militares americanos explodiu sobre uma praia repleta de civis em Sebastopol, ferindo 124 pessoas e matando cinco, entre as quais duas crianças.

É uma questão de tempo – e de despero – até que os F-16 agora entregues ao regime Zelensky comecem a atacar o território russo. Nessa altura, Putin terá que dar ouvidos aos falcões do Kremlin.

É bom que no Ocidente as pessoas se preparem psicológica e logisticamente para esta inevitabilidade: A III Guerra Mundial está iminente.